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Estado de emergência…

27-03-2020 - Francisco Pereira

Estamos em “estado de emergência”, limitações impostas às nossas deslocações, serviços e empresas encerrados, enfim, um completo caos nas rotinas diárias do Mundo. O isolamento é imposto, como medida primeira para combater a maleita que afecta os nossos dias de remanso e recato auto imposto.

Como estou em tele trabalho, consigo da janela da minha sala ir tendo uma percepção daquilo que a rapaziada aqui da terreola intuiu como estado de emergência. Genericamente, as pessoas estão a acatar as imposições, recomendações e ordens emanadas pelas autoridades sanitárias, com algumas excepções, de que já falarei, o meu receio é até quando este estado idílico se manterá sem que se veja um vislumbre de fiscalização do cumprimento destas regras essenciais, noutros países, de que vamos vendo imagens, vemos patrulhas policiais e ou militares a impor aos mais recalcitrantes o respeito pelas regras impostas para o bem de todos, aqui em Portugal, tenho a ligeira impressão de que estamos entregues à Providência.

Enquanto escrevo isto um grupo de quatro pessoas cruza-se com outro de duas, mais um rapaz isolado, cruzam-se a menos de um metro a separa-los, devem andar distraídos. Irrepreensivelmente às oito e trinta da manhã lá passa a velhinha que vai todos os dias às compras, meia hora depois passa o cidadão desocupado profissional, que aquela hora todas as manhãs vai buscar um café a uma daquelas lojas onde as máquinas dispensam bebidas e comidas, um pouco mais tarde passa a outra velhinha que vai despejar lixo umas quatro ou cinco vezes por dia, a vizinhança étnica continua como se nada fosse e estes são apenas alguns exemplos, mais haveria com certeza se eu pudesse sair de casa para verificar, como o caso do pobre louco que deveria estar institucionalizado mas que infelizmente continua abandonado e por aí a catar caixotes de lixo, o que me faz pensar que aqueles números de detenções e encerramentos de estabelecimentos com que semanalmente o Ministro da Administração Interna enche a boca são apenas uma pífia tentativa de tapar o Sol com a peneira e que a realidade é mais tenebrosa, isto sem prejuízo de no geral a população ser cumpridora.

Volto porém a colocar a questão; até quando esse zeloso cumprimento, como será daqui a duas, a três ou a cinco semanas quando esta situação ainda durar, sem imposição mais musculada de um criterioso cumprimento das imposições como será? Temo bem que isto vá descambar, ainda ontem ouvi um responsável da GNR mais um da PSP, que falavam essencialmente dessa coisa que apenas significa impunidade que é a “pedagogia”, pois sempre que eu oiço os representantes da Autoridade falarem em “pedagogia” tremo só de pensar que vem aí mais e mais impunidade, até parece que a grande arma das autoridades nacionais contra o bandalhismo é a impunidade.

Veremos no que isto vai dar, sendo certo, que respeitar as regras de isolamento e faze-las respeitar, será essencial, conforme mostra a evidência dos exemplos de outros países que começam a quebrar o ímpeto da pandemia, ninguém poderá prever quanto tempo durará este ordálio, no entanto temo bem que olhando apenas para o exemplo aqui da terreola, isto anda tudo em auto gestão, numa verdadeira roda-viva do famoso “laissez faire, laissez passer”, algo em que somos mesmo muito bons. Espero sinceramente que tudo isto não descambe numa colossal catástrofe, mas estou receoso!

P.S. – Uma palavra final de agradecimento e apreço por todos os profissionais de saúde e todos os que directa ou indirectamente lutam contra esta maleita, bem como uma palavra de encorajamento a quem cumpre as regras, aos que não cumprem, desejo apenas que morram!

Francisco Pereira

 

 

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