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O FLAGELO DO CORONAVIRUS E O NASCIMENTO DE NOVOS MODOS DE VIDA

06-03-2020 - Pedro Pereira

O problema respiratório causado pela nova estirpe do coronavírus (Covid 19)  surgiu no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan. Neste momento já se espalhou por mais de 80 países e a tendência é para continuar, assim como o número de infectados, de mortos e dos que ficam “curados”.

Para as doenças virais que redundam em epidemias ou pandemias, até que haja uma vacina que as controle, estas verdadeiras pestes podem durar longos meses ou anos.

Com milhares de mortes e centenas de milhares de infectados, cresce a possibilidade de a doença ser declarada uma pandemia. No entanto, a Organização Mundial da Saúde ainda não fez esse anúncio.

É consensual entre a comunidade médica e autoridades de saúde que este é um vírus altamente infeccioso e está a espalhar-se muito rapidamente pelas várias regiões do globo.

Segundo a definição do dicionário Merriam-Webster, a pandemia é "um surto de uma doença que ocorre numa grande área geográfica e afecta uma proporção excepcionalmente alta da população".

Exemplos de algumas pandemias recentes: - A gripe espanhola (pneumónica-1918/1919), uma estirpe do vírus Influenza A do subtipo H1N1, a gripe asiática, que entrou em Portugal em 9 de Agosto de 1957, trazida por infectados que vinham de África no navio Moçambique. Anote-se ainda a gripe suína e o HIV/AIDS (conhecido por SIDA) que também foram declaradas pandemias, com milhares de infectados e mortes.

Em Portugal a Pneumónica, teve os primeiros infectados a meio de 1918 e, em cerca de dois anos, matou mais de 130.000 pessoas, sendo a sua taxa de mortalidade (22 por mil habitantes) superior à da maioria dos países europeus. Algumas zonas do país perderam 10 por cento da sua população, numa altura em que o país contava com cerca de seis milhões de habitantes.

Este flagelo, que ceifou a vida de dezenas de milhares de pessoas nos anos de 1918 e 1919. Foi a maior pandemia mundial conhecida até hoje (estudos científicos referem que a pneumónica causou a morte de cinquenta a cem milhões de pessoas em todo o mundo), tendo causando mais mortes que a Peste Negra ou Peste Bubónica, que entre os séculos XIV e XVIII, dizimou metade da população da Europa. A propósito, “(…) investigadores alemães do Instituto Max Planck descobriram recentemente a origem desta peste (…) e que os micróbios começaram a sofrer mutações  após a penetração na Europa, formando várias estirpes diferentes (…)”.

A incógnita do pico dos casos de coronavírus está longe de ter sido alcançado. Esta epidemia que ameaça transformar-se em pandemia faz temer que a partir do Irão, onde o vírus avança rapidamente se propague ao Médio Oriente.

Em Itália, uma das maiores economias do mundo, as autoridades encetam todos os esforços para que a epidemia não paralise o centro comercial de Milão.

Por seu turno, as Bolsas de Tóquio, Nova Iorque e Londres, desabaram, ante a perspectiva de que o vírus para além dos humanos deixe também de cama a economia global.

Desde a Ásia e Europa até à América do Norte, o avanço imparável do letal coronavírus acelerou desde os finais de Fevereiro, juntando uma nova fonte de tensões a uma ordem mundial já escaqueirada pelas guerras comerciais, pelos partidos populistas e pelos confrontos sectários dos governos político/partidários tradicionais agarrados ao poder com unhas e dentes a todo o custo (caso de Portugal).

Estamos perante uma epidemia igualitária, ou seja, o vírus é “democrático”, está castigando de igual forma quer as sociedades abertas quer as sociedades fechadas, os governos democráticos, os autocráticos e as ditaduras, os países desenvolvidos e as zonas de guerra. Este facto faz com que a tarefa de contenção da doença seja extremamente mais nebulosa e difícil de travar.

A delegação da Organização Mundial de Saúde (OMS) quando enviada à China (país de origem do coronavírus) para avaliar a situação, advertiu o mundo que não estava preparado para uma epidemia em grande escala. Por aqui se vê o nível de imbecilidade de serventuários pagos a peso de ouro por todos os países de um organismo internacional que seria passível de defender quem o sustenta.

Os especialistas em doenças infecto-contagiosas afirmaram que é crucial uma resposta conjunta de todas as nações para limitar os danos e retardar o avanço do surto epidémico, que admitem nesta etapa ser impossível de parar.

Durante semanas o foco de atenção foi a China, que, com a intenção de cortar o mal pela raiz quanto ao aparecimento de novos casos, colocou virtualmente de quarentena dezenas de milhões de pessoas e o que mais não se sabe, dado que estamos a falar de um país de regime comunista onde vigora uma censura férrea.

Os doentes com coronavírus surgidos por exemplo, na Coreia do Sul, Itália e Irão, colocaram à prova o funcionamento e a capacidade de resposta de sistemas políticos e de saúde muito diferentes entre eles.

A falta de credibilidade do regime iraniano alarmou os seus vizinhos, dado que os números de mortos e infectados informados pelo regime em comunicados oficiais, não são confiáveis. Assim, países como o Paquistão e a Turquia encerraram as suas fronteiras com o Irão e, o Afeganistão proibiu viagens para o Irão, “salvo por razões essencialmente humanitárias.”

De um modo geral em todos os países do Médio Oriente estão surgindo casos de infectados, como no Iraque, Líbano, Israel, Egipto, Kuwait e Oman e outros, sendo que exceptuando Israel, os restantes países têm regimes autocratas, que os conduz, quase certamente, a ocultar a realidade sanitária referente aos efeitos da doença.

Segundo epidemiologistas de variadas nacionalidades, a partir de uma dada altura o vírus irá propagar-se com tal velocidade que constituirá um flagelo para todo o mundo e o seu foco de origem deixará de ser relevante.

Os chineses que viajam para fora do país estão a enfrentar situações de hostilidade. Na Coreia do Sul, um destino muito popular entre os turistas chineses, muitas lojas começaram a exibir letreiros que dizem: “chineses não”.

A partir de Bruxelas, os funcionários da União Europeia dizem estar em contacto permanente com o governo italiano, país onde o coronavírus constitui já um verdadeiro flagelo, referindo que os poderosos vizinhos, França e Alemanha comprometem-se a manter abertas as suas fronteiras com Itália. De resto a UE está recomendando aos estados membros que não introduzam controlos fronteiriços na zona de livre circulação entre os estados membros.

Enfim, embora haja quem não queira ver (o pior cego é o que não quer ver) o coronavírus converteu-se na desordem global que está a ser “combatida” com um determinado grau de ordem médica, política e social, de todo insuficiente para controlar uma nova ordem social, económica e por fim política que, inevitavelmente, irá surgir.

De uma forma ou outra, os vários governos dos países afectados vão dando as respostas possíveis aos imprevistos que vão aparecendo.

Muitos países aparentam ter aprendido com o desastre de Chernobil, quando as autoridades da antiga União Soviética ocultaram a magnitude do desastre para dessa forma evitarem o afundamento do seu regime político. Inclusivamente a China num primeiro momento procurou ocultar os efeitos da propagação do vírus.

As instituições que em outros desastres de razoável ou grande magnitude procuraram retirar deles benefícios políticos, mostram agora a sua enorme vontade em colaborar com outros países afectados de maneira a não perderem o controlo da situação.

Se por um lado o coronavírus deixa muitas dúvidas sobre o modo como se originou, deixa-nos no entanto a certeza de que (aparentemente) o egoísmo dos estados ficou de lado. Nas próximas semanas e meses a propagação do vírus e prováveis mutações, apresentará novos desafios. Esperemos que possam ser assumidos com calma e inteligência sanitária, política e económica por parte dos países afectados.

Neste transe em que as pessoas demonstram grande desconfiança nas suas instituições, os cidadãos querem acreditar que a crise do coronavírus evite o aproveitamento mórbido deste flagelo por banda dos interesses político/partidários instalados em muitos países, incluindo Portugal.

A mensagem dos governos tem e deve de ser clara; só se pode restabelecer a normalidade através dos cuidados de saúde atempados, da ordem e da transparência informativa, não alimentando o medo nas populações, porque esse já se começa a instalar.

Pedro Pereira

 

 

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