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A camisa do homem feliz

06-03-2020 - Rabim Saize Chiria

Um rei tinha filho único e gostava dele como da luz dos próprios olhos, mas o príncipe estava sempre descontente passava o dia inteiro sentado na varanda e olhar para longe. O rei tentava distrai-lo de todas as formas: teatro, baile, músicas, mas nada adiantava, o rei publicou um edital e de todas as partes do mundo vieram as pessoas mais instruídas, Filósofos, Doutores e Professores, mostrou-lhes o príncipe e pediu conselho, eles retiraram-se para pensar e voltaram a presença do rei. Majestade, pensamos e lemos as estrelas e é isso o que deve fazer; procure um homem feliz, mas feliz em tudo e troque a sua camisa com a dele.

O rei mandou os embaixadores a fim de procurar o homem mais feliz. Levaram-lhe a um Padre, o rei perguntou ao padre, o senhor é feliz? Sim majestade! Ficaria feliz em se tornar o meu Bispo? Seria uma honra servir ao rei! O rei respondeu: rua! Estou a procura de um homem feliz contente com a sua condição e não um que deseja estar melhor do que está.

Havia um rei vizinho que se dizia ser feliz e contente de facto, tinha esposa bonita, tinha vencido todos inimigos na guerra, tinha monte de filhos e o seu pais estava em paz. Cheio de esperança o rei mandou para que os embaixadores fossem pedir a camisa. Quando os embaixadores chegaram ao rei perguntaram-lhe se era feliz e contente de facto. O rei vizinho respondeu que sim sou feliz, mas não durmo anoite quando começo a pensar que um dia hei-de morrer e deixar tudo. Os embaixadores acharam melhor irem embora.

Para desafogar o seu desespero o rei foi caçar, no meio da mata ouviu um homem cantando, o rei parou e começou a imaginar: quem canta assim só pode ser feliz! Bendito seja você quer que o leve comigo para o capital? O homem respondeu: não majestade, não trocaria este lugar com um outro. Perguntou o rei: porque não trocaria este lugar com um outro? O homem respondeu: estou contente assim e basta-me!

Finalmente encontrei um homem feliz! Pensou o rei. Escute jovem, deve me fazer um favor, eu te darei tudo, tudo o que quiser, mas dê-me sua camisa e eu dar-te-ei a que eu trago. Infelizmente o homem feliz não tinha uma camisa. Essa era grande chave da felicidade dele, não tendo medo de perder nada, ele não tinha nada e não tendo nada não se apegava a nada. Portanto, a primeira li çã o que podemos ter é que a felicidade não é definida pelos bens materiais, nem monte de filhos, e muito menos pela quantidade ou qualidade de mulheres ou maridos que que alguém pode ter.

Outras fontes que podemos ler é duma princesa depressiva que desejava se matar no arem por causa da sua melancolia, pegou frutas e deixou-as apodrecer, esmagou-as no fundo de um cântaro e tomou aquele produto apodrecido de frutas doces (uvas) porque ela queria morrer, ela tentou-se envenenar, mas as frutas tinham virado vilho, e ela ao tomar não apenas curou a sua infelicidade, mas também passou a esmagar frutas com mais frequência porque ficou grossa, pois, descobriu uma saída para a sua infelicidade que era o álcool.

O problema do álcool, de qualquer droga, de qualquer produto que me tire da minha consciência é que sua alegria é passageira e escravizante. Por isso que, ao lado das drogas, o produto mais comum e universal para alcançar a felicidade foi sempre a religião, pois, a religião oferece o além, o além perfeito e um mundo perfeito de adoração de Deus. Um Deus que ao me submeter a ele não é uma escravidão porque Deus é da mesma essência, visto que eu fui criado a sua imagem e semelhança, portanto, quanto mais eu me submeto a Deus, mais eu sou. Essa é a resposta teológica e estruturada para alcançar a felicidade.

Rabim Saize Chiria

Licenciado em Filosofia Pela Universidade Eduardo Mondlane; Moçambique

 

 

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