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Um jogador de futebol…

21-02-2020 - Francisco Pereira

Nada como um abanão no sacrossanto Futebol, a maior religião nacional, para colocar o povaréu a discorrer, pouco, sobre os racismos, foi então isso que sucedeu depois de um jogador de futebol ter sido apupado e alegadamente alvo de insultos racistas durante um jogo, num repente descobriu-se o tal racismo, num repente uma cascata de lágrimas de crocodilo dos politiqueiros miseráveis mais uma torrente de declarações de boas intenções e dichotes mais ou menos parvos invadiram os meios de comunicação, parece que descobriram a pólvora.

Comecemos pelo início, a pergunta inicial, uma espécie de “big bang” destas coisas, será Portugal um país racista? Claro que não é, isso apesar do Mundo ser um local racista. Mas não existem países racistas. Então porque raio haveria Portugal de ser um país racista? Somos se calhar como todos os outros países de um Mundo racista, um país que discrimina, um país com franjas de gente xenófoba com tendências fascizantes, um país com franjas da população racista, tal aceito perfeitamente que somos.

Respondida que está a questão essencial, elaboremos então sobre o tema. Em Portugal, o racismo é igual a todos os outros sítios do Mundo. Existe um racismo baseado na cor da pele, os brancos são racistas para com os pretos, os pretos são racistas com os brancos, isto é que é o racismo, porque ao contrário daquilo que alguns activistas racistas pretos tentam fazer passar, o racismo não é exclusivo de brancos enquanto algozes nem de pretos enquanto vítimas, quem diz isso mente descaradamente.

Em Portugal discrimina-se igualmente por motivos sociais, religiosos, desportivos ou mesmo físicos no que toca à deficiência. Esse ”racismo” discriminador, faz com que por exemplo um determinado bairro social ou um determinado condomínio fechado estejam barrados a todos os que não pertencem a essa realidade, ora o que é isso senão discriminação, senão racismo sectário.

Se falarmos então de religiões teremos a versão mais refinada daquilo que são instituições racistas, sectárias e fascistas, nada como um culto religioso para fazer exacerbar a luta do “Eu” contra o “Outro” o infiel que não acredita naquilo que eu acredito, se há coisa mais racista e fascista que uma religião, corrijam-me.

Crescemos a ouvir que o nosso bairro, a nossa terreola, a nosso país o nosso clube de futebol, a nossa religião o nosso estatuto social, são melhores do que os do “Outro”, crescemos a ouvir insultos e a insultar porque fulano não é azul ou vermelho ou porque sicrano acredita num deus e não naquele outro, o que é isto senão fomentar o racismo, a xenofobia, o sectarismo, a descriminação e a intolerância.

Pior a coberto de inocentes capas de “cultura diferente” ou “diferenças étnicas” deixam-se determinadas franjas da populaça continuar a ter e a impor comportamentos racistas, sectários e de descriminação. Gente que a coberta de uma pretensa “diferença étnica e cultural”, facto que é uma patranha, cultiva ela própria o racismo de que acusa os outros, todos crescemos a ouvir essa gente a justificar o injustificável, desde a pedofilia ao abandono escolar, o que é isto senão promover o racismo?

A coberto da “liberdade de escolha” há um racismo social encapotado que faz que achemos normal que uma determinada escola só tenha meninos e meninas de determinada “classe social” e ou religião ou que determinado hospital só receba doentes oriundos desta ou daquela “classe social”, o que é isto senão racismo, o que é isto senão exclusão, sectarismo e descriminação, de que estamos a falar senão de um vergonhoso, mais um, racismo social, uma faceta do racismo que também importa referir e que aceitamos sem questionar.

O que dizer da exclusão que sofrem os deficientes, tratados que são como excrescências supérfulas da sociedade, vítimas de reiterados tratamos de racismo social, os deficientes habituaram-se a serem olhados com o desdém sectário e descriminatório dos ditos “normais”, o que é isto senão mais uma faceta do racismo sectário.

Se a tudo isto juntarmos um Estado dirigido por gente medíocre, gente incapaz, que tem retirado a credibilidade às instituições, que tem esvaziado os poderes dos seus representantes de forma a criar uma cada vez maior impunidade, é por si só uma grande alavanca para os racismos e para as suas múltiplas manifestações.

Francisco Pereira

 

 

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