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Nós os Ogres!

03-01-2020 - Francisco Pereira

Começo por vos desejar aquela torrente de banalidades, chavões e lugares comuns sobre a pretensa felicidade de dobrarem mais uma barreira ficcional deste tempo dos humanos, esperando que estejais já refeitos do empanzinanço pantagruélico das últimas duas semanas e que tais abusos na saúde não tenham reflexos, felicitações portanto.

Vou falar-vos hoje, de Fadas, de Elfos, de Trasgos, de Olharapos e de Ogres, efeitos de ontem ter revisto pela enésima vez toda a saga do “Senhor dos Anéis” apeteceu-me divagar e mostrar que tal como no original de Tolkien também esta nossa “Terra Mérdia”, não, não leram mal, está correctamente grafado, está dividida em “povos” mais ou menos patetas, muitos com a mania da superioridade em relação aos outros.

Esta nossa Terra Mérdia, lá vai rodando aos supetões, por entre procelas e escolhos cada vez maiores, o planeta está em convulsão, curiosamente os povos que por cá habitam, parecem pouco cientes do que aí vem. As Fadas de Direita, desde que a vaca sagrada da economia e do capitalismo selvagem de rapina vá engordando alguns e distribuindo migalhas à maioria, está tudo bem, as Fadas defendem os valores da família, o que quer que isso seja, defendem a Religião, apesar de nem nisso se entenderem, as Fadas sabem tudo, estão sempre certas e nunca têm dúvidas.

Os Elfos de Esquerda por seu lado, atiçam-se contra as Fadas, defendem tudo e o seu contrário, para eles a Democracia é sagrada, excepto claro está quando lhes emperra a marcha, aí torna-se uma chatice. Os Elfos gostam é do povo, gostam da simplicidade da diferença, excepto se os diferentes forem Fadas, de quem aliás diferem pouco, existindo um campeonato de hipócritas e um medidor de hipocrisia estaríamos a pedir meças para ver qual dos dois ganharia.

O “Povo do Cavalo”, vive por aí, pedrado, agarrado aos seus opiáceos, aos canabinóides e a tudo o que sirva para a cabecita andar como se diz por aqui com uma “ganda moca”, são um povo esquisito, passam por este Mundo para servirem de capacho, onde toda a gente limpa as botas enlameadas, servem para maravilhosos projectos que Fadas e Elfos adoram elaboram, dão muito dinheiro a ganhar a muita gente, são uma peça essencial da sagrada economia, o que seria de um país civilizado sem a sua boa dose de “agarrados” de “pedrados”, o que seria de uma vasta franja profissional sem este maná?

E depois o mais são Trasgos, Olharapos, Maruxinhos, Farroncas e almas penadas, que deambulam por esconsas veredas e tapadas musgosas em busca de quimeras, cujas vidas, meros fogachos se extinguem num piscar de olhos sem darem aos seus donos sequer uma simples noção do que vieram aqui fazer, eles existem por que sim, o resto como sói dizer-se “...é lá com eles...”, e por tal entendamos Fadas e Elfos, com os seus Magos e Feiticeiras que realmente dominam, ou acham que dominam esta tal “Terra Mérdia”.

E os Ogres? Excelente pergunta, faz o caro leitor. Nós os Ogres, povo em extinção, que odiamos Fadas e Elfos, que detestamos Trasgos, Olharapos, Maruxinhos, Farroncas e almas penadas, vamos vivendo por aqui como podemos, definhando num Mundo que já não é o nosso, somos cada vez menos, nós os Ogres, temos gostos simples, gostamos de Educação, gostamos do Saber e da Ciência, gostamos e cultivamos o respeito pelo outro e por todos os seres vivos, a urbanidade, a cordialidade, adoramos a ética, praticamos a moral, pregamos o bem da Justiça que clamamos sempre que seja implacável e célere para todos os que a atropelam, infelizmente o tempo dos Ogres está a terminar, o novo Mundo da estúrdia, do despautério e da pura estupidez abre caminho despontando uma nova era a era do Homus Estupidus Digitalis, exemplos não faltam.

Mas tenhamos esperança, tenhamo-la para um melhor Mundo, que aprenda com os seus erros, um Mundo que trate de resolver as questões importantes que nos tramam o futuro, porque senão como se diz em bom ogrês, “ Atup euq uirap otsi odut, adremadrab...” Bom ano!

Francisco Pereira

 

 

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