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LEGISLATIVAS 2019 – VISÃO À DIREITA

18-10-2019 - Francisco Garcia dos Santos

Como referi no artigo da passada edição de 11/Out./2019, a abstenção foia grande vencedora das últimas “legislativas”, com 45,5% e 4.250.660, a que há a juntar 2,54%, i. e., 129.000 votos brancos e 1,74%, ou seja, 88.551 votos nulos, o que perfaz um total de 49,78% e 4.468.821 de não votantes em qualquer um dos 21 partidos concorrentes, tudo num total de eleitores registados nos cadernos eleitorais de 9.343.084 (resultados que não contemplam os dos círculos eleitorais da Europa e de fora da Europa).

Com estes valores, não são escamoteáveis a realidade e a verdade de que os portugueses eleitores estão de “costas voltadas” e desinteressados no atual “leque partidário”, pelo que há que afirmar perentoriamente que esta III República está em grande crise, e que a continuar assim caminha a passos largos para, mais cedo ou mais tarde, conhecer o seu fim por imposição popular.

Sobretudo tal descontentamento deve-se ao método eleitoral de Hondt que não permite uma real proporcionalidade entre votos expressos e deputados eleitos; aos candidatos a deputados eleitos nos grandes círculos eleitorais do litoral do País serem na sua esmagadora maioria desconhecidos do eleitorado e constantes de listas “cozinhadas” pelos directórios partidários e não directamente/nominalmente pelos cidadãos, o que os desresponsabiliza perante os mesmos e os obriga a obedecerem cegamente à disciplina partidária imposta pelos “chefes”, sob pena de não voltarem a integrar listas eleitorais. Para além do referido, tal método eleitoral favorece a formação de “partidocracias” ou oligarquias partidárias, o que há muito é uma realidade em Portugal,tendo “sequestrado” o Estado português, autarquias locais (embora seja permitida, mas legalmente dificultada, a apresentação de listas de cidadãos independentes) e a própria Administração Pública, principalmente no que concerne a cargos dirigentes de nomeação política.

A comprovar o escrito acima, temos o comportamento de todos os partidos e agentes políticos que até às passadas eleições de 06/10 desde as eleições para a Assembleia Constituinte de 1975 sempre tiveram assento parlamentar (e não se pode dizer que o BE não consta do “rol”, pois antes de si, constituído pelo PSR e pela entretanto extinta UDP, esta teve sempre um representante na Assembleia da República -Acácio Barreiros, Major Mário Tomé e Luís Fazenda). E esse comportamento tem sido o de cada um a seu modo e dentro das suas possibilidades retirar do Estado e do erário público vários benefícios legais e ilegais para boa parte dos seus dirigentes nacionais, regionais, locais e “amigos”, em vez de exercerem as suas funções com ética, sentido de Estado e de serviço público. Refiro-me à corrupção, nepotismo, “negociatas” ilegais (muitas delas criminalizadas pela lei penal portuguesa) e outras situadas numa “zona cinzenta” entre o legal e o ilegal. E nenhum desses partidos hoje pode reclamar-se “virgem”: o CDS nunca viu “resolvidos” os casos dos submarinos, um depósito bancário de milhões de Euros de um tal Leite Capelo Rego e o do abate de centenas de sobreiros para a construção de um condomínio de luxo e campo de golfe no Município de Benavente; o PSD e o PS têm vários ex-membros dos respectivos governos envolvidos em diversos processos criminais, inclusive um ex-primeiro ministro; o PCP viu o genro do seu Secretário-Geral Jerónimo de Sousa contratado pelo Presidente da Câmara de Loures camarada Bernardino Soares para, com salário superior ao deste, ver se “a relva dos jardins cresce ou não”, o ajuste directo de obras a empresas de camaradas partidários por autarquias presididas pela CDU/PCP/Verdes, dedicando-se ainda à especulação imobiliária; o BE que apregoava publicamente ser contra o alojamento local, por pernicioso à população tradicional dos locais onde a mesma existe e descaracterizadora dos mesmos, mas em privado tem dirigentes e militantes que se dedicam a tal actividade, como Catarina Martins e Ricardo Robles.

Assim sendo, não é de admirar que metade dos eleitores não vote em qualquer partido -ou por má experiência dos “antigos” que sempre estiveram na A. R., ou por desconfiar dos novos.

O PAN, não obstante ter tido um grande aumento de votos (que interpreto como “voto de protesto”), não tem ideologia, sendo capaz de apresentar projectos-lei o mais disparatados possível; o “Chega” nuns dias diz-se de direita e noutros de esquerda, sendo puramente populista, tendo beneficiado de o seu líder André Ventura ser comentador de futebol numa estação televisiva e ter uma página de escrita num jornal todas as semanas (faz-me lembrar Marinho e Pinto antes de ter sido eleito deputado para o Parlamento Europeu); o Iniciativa Liberal, confesso, desconheço qual a sua ideologia política, presumindo que seja mais um partido “centrista”, sendo que em política ser de “centro” é ser de “nim”; o “Livre” é a extrema-esquerda da extrema-esquerda, tendo eleito uma deputada guineense que se deu ao desplante de desfraldar na Assembleia da República a bandeira da República da Guiné Bissau!...Portanto, quanto a tal partido penso não ser necessário dizer mais nada.

Ora a “salganhada” do “centrão dos interesses” -leia-se PS e PSD por vezes acolitados pelo CDS, mas também com culpas no “cartório” do PCP e BE-tem vindo paulatinamente a desgovernar o País e a colocar o nível de vida dos portugueses cada vez mais afastado da média europeia, bem como a destruir, mediante o “politicamente correcto”, valores tradicionais da cultura portuguesa inserida na Civilização Euro-ocidental de matriz greco-romano-germânico-judaico-cristã, o que em nada abona positivamente este “sistema”, o que a continuar fará com que esta III República termine, embora por motivos em parte diferentes e também de forma diferente do fim da I República.

Em todo os espectro partidário português é curioso constatar que apenas um único partido se afirme pública e inequivocamente de direita, o PNR-Partido Nacional Renovador -entre todos os outros alguns, quando muito, declaram-se de centro-direita. Ora tem sido aquele pequeno partido que tem vindo e persiste a “pôr o dedo na ferida” e a dizer que “o rei vai nu”. Porém, como os meios de comunicação social nacionais estão enfeudados ao “sistema”, boicotam toda e qualquer informação sobre o PNR (os regionais e locais não), apenas dando dele “notícia” quando se lhes afigura oportuno denegri-lo imputando-lhe factos e ideias a que é alheio ou que não correspondem à verdade, o mesmo é praticamente desconhecido dos eleitores. Tivesse o PNR igual cobertura mediática à dos restantes partidos, ainda que pequenos, nomeadamente daque gozaram os que agora elegeram 1 (um) deputado, talvez também tivesse eleito 1 (um). Ainda assim, contando com a abstenção que é em grande parte de direita e a eventual perda de votos para o populista “Chega”, o PNR, não podendo “cantar vitória”, pois perdeu cerca de 45% de votantes (os grandes partidos do “sistema” também perderam centenas de milhar de votos) -cerca de 12.000 face às eleições legislativas de 2015, i. e., passando de pouco mais de 27.200 votos para 15.272 nestas de 2019, correspondendo a 0,3%- logrou ficar em 13º lugar no ranking dos21 partidos concorrentes, imediatamente a seguir ao tradicional PCTP-MRPP.

Para finalizar, mais uma vez temos um parlamento sem representação da verdadeira direita, sobretudo da ideológica, sendo, como escrevi no artigo anterior, “manco”, o que não é saudável para um sistema democrático pluripartidário e que se pretende representativo da realidade sócio-política nacional.

Francisco Garcia dos Santos

 

 

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