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CHÁ PARA UM LOBO - SĘ

18-10-2019 - Armando Alves

De que é feito o sonho? De que vontade é feita a mat é ria que nos urge na direção do precip í cio da incerteza? De que cor, cheiro e textura é feita a vontade? Em que momento se decide avançar? Abrir uma porta d ú bia e abandonar o conforto do conhecido? Aventurar o corpo que carrega a alma por caminhos nunca antes pisados? Ouvir vozes nunca antes ouvidas? Recomeç ar.

O dia é longo, a noite é curta mas dura. O dia arrasta-se, a noite corre. Como se dormir fosse uma pequena morte que nos preocupa. O poço, o precip í cio, o fim. O fim assusta-nos mas apenas quando est á pró ximo, e é essa clausula do contracto da condição humana que permite ao ser existir fora do p â nico constante que assola os que estão pr ó ximos da morte, os que a olham nos olhos enquanto esta os espera calma a um canto, a fazer tempo at é ser hora. O pouco tempo que lhes resta.

Ent ã o porqu ê o medo de abrir uma porta que fecha todas as outras? Porquê o medo de mergulhar sem saber quão fundo é o lago? O que nos prende à terra firme? O que nos leva a temer o salto?

Salta humano, salta! Vive tudo o que poderes e despacha-te! Julgas que quando est á s pr ó ximo do fim o tempo anda mais depressa? Julgas que este minuto é menos precioso que o ú ltimo? Pois enganas-te cobarde! Vive! Arrisca, sofre, chora, sorri, sê feliz, s ê miser ável! S ê ! S ê porque é isso que é s! Um ser! Procuras a resposta à vida, como vive-la corretamente. J á te ocorreu simplesmente ser?! S ê , humano idiota, assim exige a tua natureza contra a qual remas dia ap ós dia!

Só dá s por ela perto do fim, mas a morte est á sentada ao canto desde o in í cio! Como que se aguardasse a sua vez pacientemente enquanto te vê desperdi çar a tua vida a inibires o que é s.

Vais então abrir essa porta? Assusta-te o que não sabes? O futuro incerto? Pois devia aterrorizar-te o que conheces! Teres todos os teus dias entre hoje e o fim premeditados, designados, à espera de serem vividos quase como por cortesia, sem surpresa. E se chover? Pois que chova! Pois que desabe e que arda mas pelo menos viveste!

Abre essa maldita porta, e s ê de uma vez!

Armando Alves

 

 

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