A VITÓRIA DA DERROTA

11-10-2019 - Francisco Pereira

Findou, felizmente, mais um processo eleitoral cá na gaiola das malucas, acabou o berreiro os cartazes, as arruadas, as bandeirinhas e bandos de cachopos patetas a ulular qual cadelas com cio, resultado final, mais uns anos de “geringonça”, as maiorias absolutas são ocorrências que apenas contribuem para uma ainda maior degenerescência das instituições. Muitos foram os vencedores, dizem, quanto aos perdedores, foram os do costume, eu, para não fugir à regra, começo pelos vencedores.

O primeiro e grande vencedor, como já é hábito foi a Abstenção, 45,5% dos pategos que habita este pardieiro miserável, não votou, 4 milhões e 250 mil pessoas acharam que o seu voto é irrelevante, e esse facto mostra bem o estado de degradação a que este alegado país chegou, juntemos-lhe mais 218 mil que votaram branco e nulo e chegaremos à conclusão que metade dos portugueses se está positivamente nas tintas para isto das eleições, tanto lhes dá como se lhes deu, interessante seria perceber as faixas etárias desta maralha, só para melhor entendermos o fenómeno.

A noite eleitoral revelou mais 4 vencedores, o PAN, o CHEGA, o Iniciativa Liberal e o Livre. O primeiro porque reforça a sua bancada parlamentar, os restantes porque conseguem chegar ao parlamento, curioso que são todos partidos que tem as suas grandes bases de apoio nos dois maiores centros populacionais do país, Lisboa e Porto, um eleitorado mais jovem e urbano.

Quanto aos perdedores, foram os do costume. O PS, quanto a mim ficou numa situação ambígua, apesar de felizmente não ter alcançado a maioria absoluta, teve uma votação acima daquilo que eu esperava, o que demonstra quão intelectualmente indigente é o cidadão português, o PSD levou uma trepa, mas não foi mau de todo ainda assim, os imbecis desse partido que já estão a afiar a navalha para atraiçoar Rio, deviam agradecer ao homem o esforço que ele fez para o descalabro não ser ainda maior, recentemente já ouvi o rebotalho “passista” a botar faladura acolitados pelo gasolineiro de Boliqueime, gentalha que se tivesse ido às urnas teria mandado o PSD para o mesmo sítio que foi a sacrista da senhora Cristas, mais o seu grupelho de extrema Direita o CDS, grupelho esse que se implodisse não perderíamos grande coisa.

O senhor Jerónimo e a sua CDU, foram outros justíssimos perdedores, ainda que o homem remando contra o catecismo esclerosado do seu comité central lá veio, ainda que timidamente, assumir uma derrota, a CDU parece ainda não ter intuído que o seu modelo e mensagem política estão esgotados, felizmente são outros que se aproximam de serem o próximo “partido do táxi” e tal como o CDS se implodissem não perderíamos grande coisa.

O Bloco, cantou vitória, mas viu menos votos, o que lhes deixou um amargo de boca quando esperavam alargar a bancada, nesse sentido é uma derrota, ainda assim, em termos estratégicos serão novamente essenciais para uma “Entente Cordial” que o senhor Costa pretenda fazer para poder governar em relativa paz.

O último perdedor foi o povaréu, essa massa anónima de patetas que alimenta esta comédia, este circo de pantomineiros, uns porque se demitem do país outros porque nem para irem votar prestam, facto que faz deste povo um poveco de falhados. Teremos mais quatro anos de idílio, veremos se aguentam as bolhas, do turismo, do emprego e da habitação, veremos se o descalabro não nos bate novamente à porta, iremos rir a bandeiras despregadas com as anedotas que advirão da extrema esquerda parlamentar a marrar com a extrema direita parlamentar e vice versa, mais um excelente espectáculo que a Democracia nos vai proporcionar, quanto ao manso povinho, ele continuará a alimentar toda a parasitagem que já alimenta e mais que venha, desde pagar o colégio aos filhos do magnata até pagar as armas e a conta da luz ao parasita do bairro social, o poveco continuará assim entorpecido entre bebedeiras e comezainas polvilhadas de muita futebolada, assim continuaremos ledos rindo e cantando, não é mau nem bom é o que é, quanto a isso batatas!

Francisco Pereira

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