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Doutora Fani Lopes, A Amiga dos Combatentes

20-09-2019 - Pedro Pereira

Texto do meu amigo Mário Vitorino Gaspar  

“Hoje existe legislação sobre o PTSD de Guerra,

Mas é necessário aplicá-la”.

Doutora Fani Lopes

No dia 10 de Dezembro de 1994 foram eleitos os Órgãos Sociais para o Biénio de 1995 e 1996: – Presidente da Mesa da Assembleia Geral Doutor Afonso Abrantes Car­doso de Albuquerque; Presidente da D irecção N acional, Jorge Manuel Alves dos Santos e Presidente do Conselho Fiscal António José da Costa Pinheiro. S ubscritora Doutora Fani Lopes. Doutor Afonso de Albuquerque, um investigador da doença, tendo apresentado um trabalho conjuntamente com a Psicóloga Clínica Doutora Fani Lopes. Neste audacioso trabalho científico pode ler-se: “(…) “… o conceito actual de Perturbação Pós Traumática do Stress (PTSD) – posttraumatic stress disorder, no DSM – III em 1980, também já incluído no ICD – 10, da Organização Mundial de Saúde, em 1992”. Diz ainda: – “Não havendo estudos epidemiológicos sobre a distribuição da desordem de stress pós traumático entre a população portuguesa, Afonso de Albuquerque e Fani Lopes apontaram para a «existência em Portugal de 140.000 ex-combatentes vítimas de PTSD, por extrapolação das estatísticas americanas». (…) Este trabalho de extrapolação tinha sido realizado tendo por base números propostos por estudos epidemiológicos realizados junto da população americana. Tais estudos teriam sido promovidos pelos centres for disease. Em Novembro de 1996 foram eleitos novos Corpos Sociais para o biénio 1997/1998 e a Doutora Fani Lopes não fez parte de Órgão algum.

Em conjunto com a Biblioteca Museu República e Resistência, a APOIAR organizou uma Exposição com o título «Guerra Colonial», e um Ciclo de Conferências: “Guerra Colonial. Um Diferente Olhar”, de 8 de Abril a 18 de Abril de 1996. No dia 14 “As Mulheres Portuguesas e a Guerra Colonial”, com Dra. Fani Lopes e Helena Neves. A APOIAR realizou em Beja dois Colóquios, dias 14 e 15 de Abril de 1997, com a colaboração da Câmara Municipal com o tema: “Ciclo Guerra Colonial /Memória Silenciada”. Simultaneamente esteve exposta uma Exposição Fotográfica. A Dra. Fani Lopes, Psicóloga Clínica, referiu: “Quem luta contrariado na guerra fica mais vulnerável à doença”. No dia 25 de Setembro de 1998 houve um ciclo com o tema “Amor em Tempo de Guerra”, conjuntamente com uma Exposição denominada “O Erotismo na Arte”. A Doutora Fani Lopes referiu: – “…era natural que a namorada ou noiva fosse virgem. Casos houve que antes da partida para a guerra deixava de o ser… Decerto que algum pacto foi feito por mulheres de ex-combatentes, visto esses casamentos durarem ainda hoje”. Foram eleitos os novos Corpos Sociais da APOIAR, Triénio 1999/2000 e 2001a 19 de Dezembro de 1998.

Eleitos Presidente da Mesa da Assembleia Geral D outor Afonso Abrantes Cardoso de Albuquerque; Presidente da Direcção Nacional Mário Vitorino Gaspar; Presidente do Concelho Fiscal Doutora Dalila Aguiar. No dia 4 de Julho de 2001 a APOIAR, representada pelo Presidente e Vice-Presidente, respectivamente, Mário Vitorino Gaspar e Carmo Vicente da Direcção Nacional reuniu com o Grupo Parlamentar do CDS – PP, representado pelo Deputado Doutor João Rebelo. A APOIAR reafirmou a Doutora Fani Lopes: – “Há que formar Psiquiatras e Psicólogos, pode muito bem ser nos Serviços de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa”.

No dia 15 de Dezembro de 2001 realizaram-se no Auditório do Hospital Júlio de Matos, as Eleições da APOIAR: eleitos os Novos Órgãos Sociais da APOIAR para o triénio de 2002/2004.Eleito o Presidente da Assembleia Geral Doutor Afonso de Albuquerque; Presidente da Direcção Nacional Mário Vitorino Gaspar e Presidente do Conselho Fiscal José Mendes Santana. Após o Presidente da APOIAR Mário Vitorino Gaspar ter assinado o Protocolo com o Ministério da Defesa no dia 4 de Fevereiro de 2002, no dia 21 de Fevereiro de 2002, e patrocinado pelo Estado, a ADFA organizou um Simpósio, no Instituto de Defesa Nacional que foi subordinado ao tema “Rede Nacional de Apoio”.

A Doutora Fani Lopes, Psicóloga Clínica, e fundadora da APOIAR referiu: – “… Hoje existe legislação sobre o PTSD de Guerra, mas que é necessário aplicá-la. Houve militares que partiram com vinte anos, e as comissões mais ou menos de dois anos. E cumpriram, fizeram o que tinham que fazer, e mais tarde sentiram que algo estava mal dentro deles. Os ex combatentes são um pouco extremistas: certo ou errado e bem ou mal. Não falavam nem falam de guerra porque existe a noção dos outros não acreditarem. Alguns estão desempregados e socialmente desintegrados. E falo assim porque há muito tempo que trabalho nesta área e participei em eventos destes não só em Portugal como em vários países”. (…) “Os serviços de Saúde têm falta de pessoal”, (…) “… existem dificuldades na identificação dos modelos dos testes propostos, quando outros testes os podem substituir. São questionários que não têm sentido. Para se fazer uma avaliação demora-se muito tempo, existindo pessoas que não possuindo o diagnóstico de PTSD de Guerra, mas com outras patologias associadas à guerra, podendo-se dizer que a avaliação proposta pela legislação não é adequada”. Dra. Fani Lopes, sobre a matéria colocou o dedo na ferida: - “os processos militares que demoram anos acabam por criar mais traumas”, terminando com a frase: - “A solução para os ex combatentes acaba por ser a morte”, e “… necessário também encontrar soluções para este problema que afecta não só milhares de ex combatentes, como todas as suas famílias”.

A APOIAR patrocinou à sua equipa técnica (Psicólogos e Assistente Social), no Anfiteatro do Hospital Júlio de Matos, sob a coordenação do Dr. Afonso de Albuquerque, e o mesmo teve a participação da Doutora Fani Lopes. A APOIAR, a convite de Sua Excelência o Ministro da Saúde, participou em Lisboa num Workshop, com o tema “Perturbações de Pós Stress Traumático em Ex-Combatentes” no dia 4 de Novembro de 2002, no Hotel Barcelona. Ficou agendado outro Workshop no dia 5 de Novembro de 2002 em Coimbra, no Hotel Dom Luís e a 12 de Novembro, no Porto, Hotel Tuela. A APOIAR e a ADFA foram convidados para a Mesa nos três Workshops. O Ministro da Defesa Nacional Doutor Paulo Portas e o Secretário de Estado e dos Antigos Combatentes Doutor Henrique de Freitas fizeram-se representar em Lisboa pelo Director Geral de Pessoal Doutor Alberto Coelho; o Ministro da Saúde esteve representado pela Doutora Maria João Heitor, Directora do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, da Direcção Geral de Saúde; o Presidente da Comissão de Acompanhamento da Rede Nacional de Apoio (RNA) aos portadores de PTSD, com origem na guerra, Dr. Jorge Barra; Patuleia Mendes Presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) e por Mário Vitorino Gaspar Presidente da Direcção Nacional da APOIAR – Associação de Apoio aos Ex Combatentes Vítimas do Stress de Guerra. A Doutora Fani Lopes, Psicóloga Clínica – também fundadora da APOIAR – e responsável pela Consulta de PTSD no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, disse: – “… a consulta funciona juntamente com a psiquiatria, isto no Hospital Júlio de Matos. É acompanhado em psiquiatria, e independentemente do diagnóstico é enviado para psicologia, fazendo terapia individual ou de grupo. A psiquiatria dará a resposta do mesmo modo que para outra qualquer patologia.

A reexperiência do acontecimento é o início, é a revivência do acontecimento, sendo o primeiro passo, «que o passado não é para esquecer, tem que se conviver com ele». Ao fazer-se a psicoterapia de grupo, permite de facto que cada um possa viver com o problema, encontrando-se respostas. Ao fazer-se o acompanhamento ao combatente ou ex combatente, não se pode esquecer a família, porque é com ela que ele vive. O suporte da psicoterapia é fundamental, porque de psiquiatria já nós sabemos que a consulta existe”. (…). Com quem devem articular as Direcções dos Serviços de Saúde, com os Centros de Saúde ou com a Psiquiatria?” Em 14 de Dezembro de 2002, na 16ª Assembleia Geral da APOIAR, no Salão Nobre do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, por proposta da Direcção Nacional foi atribuída a qualidade de Socio Honorário à Doutora Fani Maria Sousa Gomes Lopes.

 

 

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