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O RACHA-SINDICALISTAS ESTÁ DE VOLTA !

13-09-2019 - Pedro Pereira

Admirador (inconfesso) do seu homónimo 1º ministro da 1ª República, de nome Costa (Afonso Costa), o actual 1º ministro Costa (António Costa) bem pode orgulhar-se e exigir até, que lhe atribuam o cognome com que foi justamente crismado o seu antepassado político, ou seja, o de “racha sindicalistas”, dado o desvelo com tem perseguido o movimento sindical no decorrer destes quatro anos de governo, usando, inclusivamente, para reprimir os trabalhadores em greve a GNR, um corpo paramilitar criada em 3 de Maio de 1911, precisamente no primeiro governo da República, porque os políticos não confiavam no Exército e na Marinha e muito menos no povo, dado que a Revolução do 5 de Outubro havia sido de iniciativa popular enquadrada pela Carbonária, a que aderiram sargentos das forças armadas e alguns oficiais.

Desde logo começaram as greves dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho, não só operários, como artífices, empregados de comércio e por aí fora. Durante os governos de Afonso Costa ( 1913/1914, 1915/1916 e 1917) a repressão foi brutal sobre o movimento sindical, utilizando este governante a força militarizada pretoriana do regime (a GNR) discricionariamente. Não obstante demonstrar claras tendências socialistas, A. Costa repudiava a acção dos sindicatos, que segundo ele, fomentavam a desordem e a violência pública. Assim, em 26 de Janeiro de 1913, no seu primeiro governo, abriu as hostilidades contra os sindicatos, acusando-os de reaccionários, porque estes reclamavam por melhores condições de vida, de salários e contra a carestia de vida.

A repressão de A. Costa sobre os sindicalistas e os grevistas em geral, mandando fechar as suas sedes, prendendo trabalhadores em greve, açulando a população contra eles, destabilizou e fez desmoronar a organização sindicalista, de modo que as greves que no primeiro governo da República contabilizaram 162 em 1911, em 1913, no seu consulado, somaram tão só 19. Afonso Costa ao combater os sindicatos e as greves acabou justamente por ficar lapidado na história de Portugal pelos grevistas como o “racha sindicalistas”.

Os jornais “O Rebelde”, “O Petardo”, “A Dinamite”, “O Trabalhador”, “A Revolta”, e em especial “O Mundo”, enchiam as suas páginas até ao vómito de propaganda incitando à violência contra todos os que não comungavam das ideias republicanas.

No caso do jornal “O Mundo”, defensor canino de Afonso Costa e do Partido Republicano Português (PRP), este periódico denunciava todos os que não estivessem de acordo com as suas linhas programáticas, sendo que os militantes desse partido ocupavam os melhores lugares da administração pública e outros rentáveis empregos associados à mesma.

A propaganda a favor do PRP e de Afonso Costa, a falta de bom senso por parte dos periódicos viria a ter efeitos desastrosos, como se veio a verificar pela reacção do povo que começou a abrir os olhos e a reagir de forma cada vez mais violenta contra o regime dos caudilhos republicanos.

Golpes de Estado, revoluções, motins, uma espécie de guerra civil permanente nos meios urbanos, como em Lisboa, uma crescente dívida externa, o desastre da entrada de Portugal na 1ª Grande Guerra Mundial, a crise económica sistémica, a miséria e o descontentamento da população, conduziram por fim à revolta militar de 28 de Maio de 1926 , que teve lugar a partir de Braga, chefiado pelo general Gomes da Costa, que alastrando nos dias seguintes ao resto do país, instaurou uma ditadura militar que deu origem poucos anos depois, a um novo regime auto denominado de «Estado Novo», em oposição ao que os revoltosos chamavam de «República Velha».

Salazar assumiu as funções de ministro das finanças em 1928 e em breve seria alcunhado de “ditador das finanças”.

A revolta militar contou com o apoio das classes dominantes, as chamadas «forças vivas» da nação, mas também das classes sociais média e baixa, das profissões intermédias e até da classe operária; operários industriais e assalariados agrícolas.

No estado caótico em que o país de encontrava, quer económico, quer social e em outras áreas, era previsível um golpe militar no estilo do ocorrido. Aliás, na sequência de uma série de outros que tinham vindo a suceder-se sem que tivessem tido sucesso até então. No entanto, no caso deste último, a sua amplitude, a sua base social de apoio, foram determinantes para o sucesso do mesmo, tendo contribuiu decisivamente o empenho da referida classe operária e do movimento sindical, vítimas do regime republicano.

Enfim, a maioria da população portuguesa estava de acordo em fazer intervir o Exército, onde o nível de vida dos seus oficiais havia atingido um estado social degradante e até humilhante.

Aludindo ao brilho dos galões, o povo havia-os rotulado de «miséria dourada». Os equipamentos e o armamento das forças militares estavam obsoletos. Por outro lado, durante anos o Exército havia sido preterido a favor da Guarda Nacional Republicana.

Com o povo cansado da corrupção, da venalidade dos governantes, dos compadrios dos familiares dos governantes acoitados em bons e bem remunerados lugares na administração pública, a República dissolvia-se ingloriamente por falta de apoio popular.

Em Novembro desse ano Carmona assume a chefia do Estado.
De 1926 a 1933/34, há como que um estado de guerra civil não declarada entre vários sectores republicanos visceralmente desavindos e a ditadura militar. Trata-se do período de transição da ditadura militar para o novo regime em incubação, o Estado Novo. Período muito conturbado, com uma base de apoio muito complexa como atrás referido. No entanto só se poderá falar de consolidação do novel regime a partir de 1934, ano do primeiro Congresso da União Nacional (muito embora esta organização política tivesse sido criada em Julho de 1930) de remodelação do governo e das primeiras eleições legislativas, delas tendo saído a primeira Assembleia Nacional, assolapada em S. Bento.

Em 5 de Julho de 1932, Salazar foi formalmente nomeado chefe do governo (cargo que ocupou na prática até 27 de Setembro de 1968).

A ditadura salazarista foi continuada por Marcelo Caetano até se finar com o golpe de Estado militar do dia 25 de Abril de 1974.

A geração de portugueses que hoje andam pelos cinquenta anos de idade, do regime salazarista não tem memória. Os que dele sabem, os que têm conhecimento dos vários aspectos da ditadura, estamos em crer que serão uma minoria através de relatos e leituras e, ainda assim, não sentiram na pele as vivências do antigo regime.

Foram criados na 3ª República, nascida após o 25 de Abril de 1974, em democracia, com liberdades cívicas constitucionalmente consagradas, logo, na prática não possuem experiência de viver sobre a tutela de um governo com facetas totalitárias, autoritárias, ditatoriais, no entanto, se estiverem atentos poderão observar sinais preocupantes que, como nuvens negras se vêem adensando a pairando sobre os cidadãos e sobre a nação, em termos sociais, políticos e económicos.

Tal como nos tempos da 1ª República, temos vindo a assistir nos últimos tempos à repressão do movimento sindical, em moldes que nos recorda o passado nos governos de Afonso Costa.

O governo de António Costa, usa a GNR e as forças militares para condicionar as greves e reprimir os grevistas, de forma inaudita e desproporcional como nunca foi visto desde o 25 de Abril de 1974. Os dirigentes sindicais são enxovalhados, intimidados, as suas vidas pessoais devassadas, caso dos professores, estivadores, enfermeiros, camionistas… daí se poder apelidar justamente o A. Costa de “racha-sindicalistas”.

Temos como exemplos a greve dos estivadores, a dos enfermeiros, dos camionistas de matérias perigosas… Esta última, então, onde o governo assumiu facetas a raiar o Totalitarismo (colocando militares como serventuários a trabalharem para os patrões dos camionistas. Outro enxovalho) que, como sabemos, é meio caminho andado para formas ditatoriais de poder.

Preocupados assistimos, todos quantos amamos a liberdade e uma verdadeira democracia, ao pulular de hordas de canalhas acoitados (talvez até avençados, quem sabe!) em órgãos de comunicação social e nas redes sociais, usando perfis falsos, cuja função é a de controlar o que dizem, o que escrevem e o que fazem os cidadãos.

Estes energúmenos usam como armas de assalto o insulto rasca, os boatos caluniosos e as perseguições sobre quem critique publicamente o partido do poder, que passam por formas ultrajantes a que são sujeitos os trabalhadores, nomeadamente nas autarquias, que não sejam da cor "política" do partido do poder, ou por via de familiares destes que se lhes oponham de forma pública (retaliando dessa forma sobre os trabalhadores autárquicos) até ao cozinhado de processos maquiavélicos conducentes a despromoções e, em última etapa, ao despedimento. Este é o clima repressivo laboral que se vive em grande parte das autarquias, com as consequências nefastas daí advindas, e todos os dias o sinistro regime instalado avança mais uns passos na forma despudorada da repressão do pensamento, da escrita e das intervenções públicas dos seus opositores, a quem, depois de se mirarem envaidecidos no espelho baço dos antros onde se acoitam, apodam de “fascistas” e de “extrema-direita”.

Atreva-se o leitor a postar no Facebook ou no Twitter, por exemplo, qualquer crítica ao poder estabelecido e logo quase de seguida uma chusma de canalhas (ou empresas manhosas contratadas para o efeito) acobertados em perfis falsos lhe caem em cima insultando-o e ameaçando-o com o que de mais sórdido se conceba.

O mais grave é que, salvo os cidadãos vítimas desta súcia de malfeitores, a maioria do povo aparentemente ainda não se apercebeu da miserável realidade que se abateu sobre o país passados que são 45 anos de democracia...

Chegados aqui, queremos chamar a atenção do leitor que a História não é um repositório de curiosidades, delas podemos (e devemos) tirar ilações. Por exemplo: - Para os historiadores do fascismo, o maior perigo quanto à sua ascensão, é o “suicídio da democracia”, que se deve a governos autoritários, populistas e corruptos, usando e abusando de pesadas cargas de impostos sobre os cidadãos e as empresas e degradando os serviços públicos elementares, como a Saúde, a Justiça e a Educação.

O fascismo constrói um governo totalitário que exerce o controlo absoluto dos direitos dos cidadãos, seja no contexto político, cultural ou económico. Além disso, o governo incita o corporativismo entre todos os sectores da sociedade com o objectivo último de criar um “Estado Orgânico”.

A fim de manter a integridade do sistema, os regimes fascistas tendem a controlar os meios de comunicação social. Por vezes, o controlo é exercido directamente pelo governo ou então os órgãos de informação sofrem regulação indirecta. De qualquer forma, é comum o uso de uma censura mascarada relativamente à divulgação de ideias contrárias ao governo.

Pedro Pereira

 

 

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