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O MEDO DA INTELIGÊNCIA E A POLÍTICA AUTÁRQUICA

04-07-2014 - Eduardo Costa

Quando Winston Churchill, ainda jovem político, acabou de pronunciar o seu discurso de estreia na Câmara dos Comuns, perguntou naturalmente a um velho parlamentar do seu partido, o que tinha achado.

O velho parlamentar terá dito muito sapientemente:

“ Meu caro jovem, cometeu um grave erro. Foi muito brilhante no seu discurso, mas isso é imperdoável! Deveria ter começado mais hesitante e na sombra. Com a Inteligência que demonstrou, deve ter conquistado aqui inúmeros inimigos, pois o talento assusta”

A ser verdade, aquele velho parlamentar tinha acabado de dar uma brilhante lição de ciência política, hoje mais actual que nunca, para quem se inicia nesse ninho de ratos. Aquilo ter-se-á passado em Inglaterra; imagine-se agora a situação em Portugal!

Sobre a situação em PORTUGAL, não é demais relembrar a famosa trova de António Aleixo:

Há tantos burros mandando,

Em homens de inteligência,

Que às vezes fico pensando,

Que a burrice é uma ciência.

A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas (em especial autárquicas), é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Não sendo necessário irmos muito longe para confirmarmos esta constatação.

Tenho de admitir também, que os medíocres são mais obstinados na conquista e defesa das suas posições políticas ou “parapolíticas” e, sobretudo, no ocupar de espaços deixados pelos talentosos displicentes no vício do apetite pelo Poder.

Mas esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar as posições por si conquistadas, com verdadeiras muralhas de granito, que os talentosos não conseguem ultrapassar. Seja sob a forma de subsídios, de festas populares com porco assado no espeto, de empregos e contratações clientelistas, etc.

Eles conhecem bem as suas limitações, vulnerabilidades e vícios, ou como lhes custa desempenharem certas tarefas, que os mais dotados realizariam com uma perna às costas e sem essas vulnerabilidades ou vícios.

Na medida como admiram a facilidade como os mais inteligentes resolvem problemas, os medíocres os repudiam e procuram ridicularizá-los para melhor se defenderem.

Este é um dramático paradoxo autárquico em muitos locais. Infelizmente, temos de viver segundo estas regras absurdas que transformam a inteligência, numa espécie de desvantagem perante a vida. Há então que nos fingirmos idiotas, para termos o Céu e a Terra?

Para ilustrar esta opinião política pessoal, veja-se a nova forma de fazer política da Oposição em Alpiarça e a dificuldades do executivo autárquico, em moldar o seu discurso generalista e vazio de conteúdo efectivo e prático, ás questões objectivas e fundamentadas que inteligentemente lhe são apresentadas.

O problema é que os inteligentes costumam brilhar naturalmente. Que Deus (e os eleitores) os proteja então dos medíocres, em especial na política autárquica.

EDUARDO COSTA

 

 

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