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Sealy Season

30-08-2019 - Henrique Pratas

Todos os anos de há uns tempos para cá também nós portugueses temos a sealy season e o que é isto, não é mais nem menos do que do que vamos lendo, vendo e ouvindo a tontearia das elites que nos deveriam orientar e governar estão cada vez mais em alta (temperatura). O nosso Parlamento está cada vez mais triste e descredibilizado. Saliento que não é de agora, há décadas que, para os mais atentos, esta tristeza se tem revelado em crescendo. Senão vejamos:

Todos os anos existem problemas com as mobilidades por doença. Este problema, dá-nos uma amostra da dificuldade com que centenas de docentes se deparam para poderem usufruir de um direito, vital em muitos casos. Mas há um ponto que teima em ser mantido escondido e que todos nós sabemos que existe. Há, por esse país fora, centenas de docentes colocados ao abrigo dessa mesma mobilidade e que não têm problema algum nem assistem familiar algum, limitam-se, na maioria dos casos, a manter como residência na plataforma SIGRHE a residência dos pais, que dista, por vezes, a centenas de quilómetros da sua. Este é um exemplo e não me vou alongar, mas os colegas que têm esta prática deviam ser honestos para o bem de todos, pois há colegas nossos que vêm os respetivos pedidos recusados e bem que precisam, em prol de outros que o fazem ilegalmente. Por onde anda a inspeção? Será que existe?

António Barreto tem vindo de há muitos anos a esta parte, a alertar-nos para o gravíssimo problema da inversão da pirâmide demográfica em Portugal, bem como na grande maioria dos países europeus, além de toda essa informação estar na PORDATA também há anos. Que fizeram e fazem os nossos políticos? Que soluções apresentaram os nossos sindicatos para colmatar este problema? Que fizeram as autarquias e toda a comunidade educativa? É lógico que a resolução deste tipo de problemas não se traduz num aumento de votos e os sindicatos sempre estiveram e continuam preocupados com o seu clube e respetivos sócios, mas ao longo dos anos o problema vai-se tornando numa gigantesca bola de neve. Os cursos via ensino deveriam ser reestruturados, mas os oligarcas não querem. Louvo a ordem dos médicos dentistas a defender a redução de vagas. Primeiro pensar no mercado de trabalho e somente depois nos cursos e vagas a oferecer. Neste país a maioria normalmente começa a casa pelo telhado.

Dando continuidade ao parágrafo anterior sobe-se mais uns degraus até ao ensino superior e dá-se conta que afinal são mesmo as oligarquias que tomam conta do país. O ministro, o do “tênhamos”, não consegue dar-lhe a volta, mas se tivermos em conta a exigência que a maioria dos politécnicos públicos tem, não se consegue perceber o porquê de não fazerem e atribuírem doutoramentos. Se se pensar em algumas universidades privadas, onde o que conta é a propina, dado que o saber, na sua maioria, é duvidoso (lembremos Relvas, Sócrates e sim, milhares de professores), a resposta não será difícil de encontrar.

Por último, embora já sem paciência para falar ou continuar a falar deste assunto, Amarelos vs. ME. Estamos a chegar ao final da temporada, mas segundo consta a segunda temporada já está na grelha de programação do próximo ano letivo.

Poder-se-á afirmar de forma muito sucinta que os responsáveis políticos, empresários e não só entram numa de loucura total, fazendo o que lhes apetece sem olhar aos cargos dos quais são detentores, concomitantemente com esta atitude é um altura propicia para “traficar” influências, fazer “arranjinhos” e acertar outros favores futuristas, é uma altura adequada porque todos estão disponíveis para ouvir tudo e todos e já agora há que preparar e orientar possíveis rendimentos extraordinários que dão sempre jeito e estas coisas preparam-se com tempo. De uma forma ou de outra os detentores de cargos públicos, políticos, empresariais iniciam aqui o seu ano económico/financeiro, bem como o da colocação das pessoas certas nos lugares certos, assim como a manutenção de determinados subservientes em cargos que dão muito jeito a outros interesses futuros, enfim trata-se de uma época de acasalamento, não no sentido literal do termo mas sim no aconchegar e ajeitar, planear e ajustar os conluios futuros.

Esta época em sede de eleições tende a aproximar-se destas, porque é aqui que se joga tudo ou quase tudo, há que ver como é que se vão “enganar” os votantes ou arrecadar mais votos do que os partidos concorrentes às mesmas eleições, é assim há muitos anos e enquanto este paradigma não mudar as coisas vão continuar assim ou até que os eleitores deixem de se arrastar por estes processos e assumam através das suas mãos os seus destinos, até lá existirá sempre uma sealy season, “época de loucos” onde vale tudo para quem pode e para os que nada têm limitar-se-ão a não ser parte integrante deste processo, confinando-se a sua atuação a não fazer parte desta intervenção e deslocar-se a banhos se é que o poderão fazer. Uma vez mais os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais ricos e pelo meio destas pessoas todas aparecem sempre alguém vindo sabe lá de onde, infiltrando-se em sindicatos, para depois de ganharem algum “protagonismo”, na minha humilde opinião lastimável, consequentemente entrarem nas fileiras dos partidos que lhes abrem as portas com o intuito de se servirem hipoteticamente do “protagonismo” granjeado que na minha opinião não é nenhum, mas é apenas mais uma tentativa.

Como sabem existem pessoas que não olham a meios para atingir os seus fins é o que temos até ao dia em que exista uma verdadeira consciência de classe e em que os trabalhadores não se deixem apanhar por estes oportunistas.

Henrique Pratas

 

 

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