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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

A DECADÊNCIA MISERAVEL DO POVO PORTUGUÊS

23-08-2019 - Pedro Pereira

«Actualmente a sociedade portuguesa oferece aspectos graves de desmoralização, de corrupção e de decadência. Estes aspectos reflectem-se em todas as classes sociais, como em todas as corporações e agrupamentos, como particularmente nos indivíduos. O estado mórbido da sociedade portuguesa é, evidentemente, influenciado pela decadência das sociedades contemporâneas; mas por causas morais e psicológicas, falência da mentalidade, ausência de valores sociais e intelectuais, tornam possível que a sociedade portuguesa seja das mais degenerescentes.

A República constituiu-se sob as fórmulas da democracia; o governo provisório, saído da revolução de 1910, promulgou várias medidas de largo alcance social, político e religioso; porém, estas medidas são, ainda hoje, apenas princípios enunciados numa legislação farta mas incompleta. A mentalidade dos homens do Estado republicano decaiu; surgiram as rivalidades políticas, as lutas violentas e homicidas entre as facções dissidentes, que actualmente persistem e trazem o país agitado.

Pouco a pouco, quase insensivelmente o Estado republicano e todas as suas instituições caíram no domínio da reacção; e este domínio é tão completo que os reaccionários já não pensam em fazer o retrocesso das formas de governo: procuram unicamente reprimir brutalmente qualquer princípio de liberdade e de justiça. Portugal é o país que mais leis de excepção conta; os códigos penais e administrativos encontram-se tão deficientes e tão mal organizados que as autoridades, sejam as da nação, sejam as de uma aldeia, permitem-se exercer o arbítrio sem que os lesados possam recorrer. Não há uma única lei de responsabilidade política.

Senhores de um estado tão desconjuntado, possuidores de todas as armas ofensivas, os reaccionários realizam a sua obra liberticida e anti-humana, sua necessidade de travar grandes lutas para se imporem, dado que nenhuma força os contesta. Os grandes financeiros e os grandes industriais que são todos monárquicos ou católicos, predominam economicamente; impedem a reforma social mais insignificante.

Preocupam-se mais com os jogos da bolsa do que com o progresso industrial. E com esta sua acção indigna, semeiam a miséria e o mal-estar por todas as classes, não excluindo a classe média.»

In Edgar Rodrigues, “História do Movimento Anarquista em Portugal

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O texto que aqui se reproduz, escrito há mais de cinquenta anos, ilustra o leitor para um facto insofismável: - Infelizmente a História portuguesa repete-se, por ciclos, em todos os séculos, desde que Portugal é um Estado-Nação. Torna-se enfadonha de ler e – neste caso – de vivê-la, como é o caso de todos nós portugueses, no país de hoje. A comissão liquidatária da nação vem-se encarregando com esmero e eficiência - como serventuários bem pagos que são, das corporações bancárias internacionais - de desmantelar o tecido produtivo do país, incentivando os seus compatriotas a emigrarem, promovendo a fome e a miséria, porque a finalidade última dos seus patrões (ou donos?) é a de transformar Portugal num exemplo a seguir para a restante Europa comunitária. Cabe ao povo português abrir os olhos e usar de uma das prorrogativas que a Constituição da República Portuguesa – ainda – consigna no Artigo 21.º - Direito de Resistência: Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.

Pedro Pereira

 

 

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