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Esta coisa a que chamam Educação

23-08-2019 - Francisco Pereira

Nós, os Pais desta geração de alunos, somos uma das componentes importantes da equação que explica o estado miserando do ensino em Portugal, num comentário lido recentemente, alguém dizia:” …não culpem os pais que andam aflitos a tentar pagar as rendas das casas.”

Por muita razão que tenha não posso concordar. Os pais têm de ser responsabilizados pelo abandono da Escola, pelo abandono dos seus filhos, pelo abandono da cidadania, pelo abandono do civismo e do respeito por si e pelos outros.

Os pais pura e simplesmente demitiram-se da educação dos filhos, a desculpa do trabalho, da renda da casa, do pão na mesa, serve para não educar serve para não dar exemplos. Isto é facilmente constatável, no final do dia quando saio, basta olhar para o chão para perceber, a educação que os pais dão aos filhos, 30 ou mais anos de campanhas para sermos amigos do ambiente, pouco mais conseguiram que arranhar a Porcolândia que somos, assegurada que está a nova geração de bácoros.

Ainda no meu local de trabalho constato uma coisa extraordinária, existe uma geração de utilizadores, que entra, cumprimenta com um “bom dia” e ou “boa tarde”, que não se coíbe nem envergonha de utiliza o “faz favor” e diz com satisfação “obrigado/a”, tem todos mais de 50 anos, dessa faixa etária para trás até aos fedelhos irritantes de 6 ou 7 anos, muito poucos são aqueles que conseguem articular a palavra “obrigado” e muito menos “Bom dia”, parece existir qualquer coisa debaixo da língua que lhes trava a bonomia e a boa educação cívica.

Não é à Escola que cabe ensinar estas regras de civilidade aos meninos, até porque muita da gentinha que se arrasta pelas escolas, professores, assistentes, administrativos e outros que tais enfermam do mesmo mal geracional tendo dificuldade extrema em usar a cortesia e a educação cívica, estas regras cabem aos Pais em casa, estas regras sã apreendidas por imitação, e os modelos seguidos pelas crianças são sempre os de casa, infelizmente a grande maioria não o faz, de pouco adiantará o reforço positivo que eventualmente exista na Escola. Não adianta pois querer ter uma sociedade melhor se não nos importamos em a construir, quererão os Pais, que os seus filhos sejam educados por geração espontânea, ou talvez que se invente a pílula da boa educação.

Fazendo uma introspecção séria, teremos de nos autoavaliar enquanto Pais, ser honestos connosco e perceber onde falhámos, como falhámos e porque falhámos, deste esforço colectivo nascerá a capacidade de tentar iniciar a mudança necessária, tentaremos ser melhores para exigir mais, para ensinar e educar mais.

Nós os Pais desta geração somos, culpados, da mesma inércia laxismo e incompetência que criticamos, nos outros, somos tão mais culpados porque procuramos cordeiros sacrificiais que nos aliviem a culpa e que distraiam as hostes da nossa incompetência e culpabilidade.

Numa analogia, nós os Pais desta geração somos o Judas Iscariotes do Ensino, ao negarmo-nos negamos a consubstanciação da nossa natureza de Pai uno com o Filho e abandonamo-lo na cruz, como Cristo no Gólgota “…Pai, porque me abandonaste…”

Essa para mim é a nossa “mea culpa, mea máxima culpa”. O abandono a que votamos a educação dos nossos filhos, apoiando-nos somente nas escolas. Enquanto Pais, estamos a falhar, esse falhanço está à vista, até quando preferiremos ignorar, não sei, talvez para sempre.

Francisco Pereira

 

 

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