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AMIGOS

14-06-2019 - Henrique Pratas

Já algumas vezes vos escrevi sobre este tema, volto ao mesmo pelo simples facto de que cada vez mais é difícil tê-los, de acordo com a minha conceção, talvez uma pouca apertada para o que se pretende e o que eu exijo de um amigo são coisas extraordinariamente simples, cumplicidade, solidariedade e ter alguém em que se possa confidenciar as agruras e as coisas boas da nossa vida. Isto é cada vez mais difícil porque não há disponibilidade das outras partes para serem assim e nós criamos resistências próprias de quem não confia, após ter ocorrido alguma coisa que não gostamos. Amigos por interesses temos muitos, alguns até familiares próximos, mas como costumo dizer a família não se escolhe os amigos sim, mas até estes estão a ser cada vez mais dificuldades em encontrar.

Chegado há minha idade olho para trás e vejo que aqueles que supostamente eram meus amigos, não estão lá, desapareceram, não podemos contar com eles para as coisas mais comezinhas.

Já me tenho interrogado se o problema está em mim, provavelmente sou muito exigente ou tenho como lhes escrevi anteriormente critérios muito apertados e daí a desilusão. Acho que estou perto do final da minha vida e não tenho ninguém em quem confiar ou que partilhe dos meus princípios e valores, sinto-me como um lobo solitário, completamente isolado de tudo e de todos sem paciência para grandes moles humanas ou outros quaisquer aglomerados humanos, gosta da sinceridade das pessoas e não a encontro, o que vejo são esquemas, habilidades, nas quais não me revejo, nem quero fazer parte delas, porque me causa repulsa, nojo e quiçá intransigência, mas a esta sociedade está cheia de pessoas assim, donde concluo que eu é que estou a mais, não quero desistir mas nunca estive tão perto de o fazer, porque procuro, procuro e não encontro nada ou algum lugar onde me sinta bem, isto está difícil para os meus lados, perdi a capacidade de me habituar ou moldar a esta forma de vida, ou já não quero, por isso sinto cada vez mais repulsa, objeção em fazer parte integrante desta vida abjeta, onde a falta de respeito e de valores impera, não, não quero isto para mim, já tentei viver há margem desta sociedade, não vendo televisão, não ouvindo rádio ou o que quer que seja que seja comum a esta sociedade e não consigo alhear-me desta ditadura financeira em que vivemos, refugiei-me na escrita, que foi a única coisa que posso fazer sozinho, sem que ninguém interfira naquilo que escrevo, já a quem lê não me importa quer quiser ler que leia quem não o quiser que o faça, mas não me chateiem. Faço-o para sobreviver como pessoa, não para ganhar o vil metal ou enriquecer há sua custa senão, não o faria é como uma espécie de terapia e de me esconder no meu mundo para não ser incomodado. Sei e tenho consciência disso que cheguei a uma situação em que estou completamente encurralado, não sei para onde ir, não quero fugir de nada, mas não me revejo nesta sociedade onde a ditadura financeira prevalece, pura e simplesmente não quero este tipo de vida para mim. Estou exausto com tanta filha de putice que me fizeram ao longo da minha vida e como todos nós e se pararmos um bocadinho para pensar, todos os meses, pagamos as contas da água, da eletricidade, do gás, da comida e assim que acabamos de pagá-las aparecem mais contas do mesmo tipo, basta. Já para não vos falar nos impostos que pagamos para cobrir o enriquecimento ilícito que outros praticaram, que se encontram bem na vida e que nós comuns dos cidadãos vimos os nossos impostos aumentarem significativamente para cobrir estas práticas abusivas. Por mim estou farto disto tudo, não quero nada, apenas gostaria de acabar os dias que me restam em paz, mas que não me deixam.

O assédio moral que é proibido nas instituições e empresas são práticas comuns mas são proibidas, o aumento de vencimentos e das reformas que eram prática comum deixaram de o ser e as pessoas vivem cada vez com maiores dificuldades, alguns apenas sobrevivem e os sem-abrigo crescem em exponencial, depois temos a caridadezinha que certas organizações praticam em prol dos menos bafejados pela sociedade, para fazer ver não sei a quem que existe alguém que está preocupados com eles. Não vejo as coisas desta maneira, esta é mais uma das coisas que me revolta se querem resolver a situação com são com estes cuidados paliativos, se querem resolver estas questões atuem na raiz do problema dando dignidade às pessoas, com a integração no mercado de trabalho seja ele público ou privado e façam com que as mesmas se sintam úteis e parte integrante desta sociedade que há muito rejeitaram, por diversas razões, são estas que convém saber e conhecer quais são e alterá-las sem qualquer tipo de dogma ou ideologia politica que esteja subjacente ou constitua um entrave a que as mesmas sejam implementadas. Nós não podemos viver como a classe política dominante quer, temos que viver com o queremos observando o respeito pelos outros.

Estas ações do Banco Alimentar e de outras não passam de operações de “cosmética” que nunca sabemos onde é que ficam o donativos e por uma questão de principio as mesmas não fazem sentido porque como escrevei anteriormente apenas se tratam de operações semelhantes às que existiam no tempo da Guerra do Ultramar em que umas senhoras da burguesia, lideradas pelas “manas” Supico Pinto, faziam chegar uns macinhos de tabaco aos desgraçados que sem condições combatiam nas diferentes frentes de batalha, mais uma vez a caridadezinha estava presente, para quê?

Henrique Pratas

 

 

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