Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 28 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

A DESORDEM EUROPEIA

24-05-2019 - Pedro Pereira

Em breve vão haver eleições para o parlamento europeu. Neste sentido, entendemos oportuno o modesto contributo que lhe apresentamos, de molde a lançar um pouco de luz, relembrando, a conjuntura económica, social e política que estamos a viver .

____________________

Em 2007 começou a desenhar-se nos horizontes do mundo ocidental, uma ofensiva gradual sem precedentes sobre os cidadãos em geral, com especial incidência nas classes laboriosas, pequenos e médios industriais, empresários e comerciantes. Mais, sobre os rendimentos, os direitos e as liberdades de todos e de cada um dos cidadãos, afectando em particular a classe média.

Este ataque, proveniente de um governo sombra global, é claro para todos os estados membros da União Europeia e outras nações, sentindo-o nós, portugueses, em Portugal, no quotidiano, com manifesta preocupação, diríamos mesmo, com angústia, porque a precariedade no emprego e a insegurança laboral assumem contornos fantasmagóricos e os rendimentos do trabalho são cada vez menores, massacrados que continuam a ser os cidadãos pela pesada carga fiscal ferozmente vigiada pela “polícia política” do regime, as Finanças e a Segurança Social.

A fome, a miséria e a criminalidade, alastram velozmente.

Nesta altura, convém salientar que os dirigentes da União Europeia, os chefes de governos e presidentes dos estados que a compõem (vão nascendo excepções), limitam-se a cumprir ordens em cadeia emanadas do topo de uma pirâmide, cujo vértice sinistro o comum dos cidadãos não consegue vislumbrar, mas que alguns dos referidos dirigentes políticos conhecem porque fazem parte deles.

Acresce que em 2007 tivemos conhecimento que nos anos seguintes (desde então) os modelo de economia global assumiriam as faces que agora conhecemos, ou seja, o reforço dos oligopólios; a drástica baixa dos salários reais; a agilização dos despedimentos e/ou supressão de postos de trabalho, até que qualquer estado atinja entre 23% a 25% de desempregados; a redução dos benefícios fiscais das classes média e baixa; o desmantelamento dos serviços nacionais de saúde, de segurança social e de aposentação; o controlo absoluto dos cidadãos através de sistemas informáticos como o cartão do cidadão, os cartões de crédito, os cartões de multibanco e todos quanto contenham chips electrónicos e o reforço do controlo dos serviços de videovigilância, tendo estes factores como objectivos – entre outros -, a aproximação crescente entre as classes média e baixa até que as duas se encontrem ao nível da subsistência mínima.

Na altura, muito embora fossemos alertados por «eurocratas» das nossas relações pessoais, bem posicionados, para o cenário que agora vivemos e o que nos resta viver, pensámos estar a escutar o relato de um filme de ficção científica da série B e por isso, cépticos ficámos, uma vez que no horizonte não se vislumbravam nuvens negras. Mesmo que na altura acreditássemos no que ouvíamos e passássemos as informações a outras pessoas, de pouco ou nada adiantaria a transmissão desses informes, sabendo nós que eram afirmações verdadeiramente «fantásticas» para os tempos que então vivíamos.

O tempo se encarregou de nos mostrar que o relato que nos pareceu ficção científica se transmutou em sinistra realidade.

Como vivemos tempos de Trevas, de Ignorância, de Preconceitos e de tiranetes a porem-se em bicos de pés, é dever de todos os cidadãos lutarem contra os mesmos, defendendo a Justiça, a Verdade, a Equidade, a Solidariedade e a justa repartição da riqueza, princípios que estão a ser espezinhados pela maioria dos governos da UE, prenhes de políticos cinzentões a condizer com as fardas/fatos que trajam no dia-a-dia, funcionários submissos de tiranos de rosto oculto pelas máscaras de genocidas sociais, que à revelia das mais elementares regras da democracia não foram eleitos pelos cidadãos, caso dos comissário europeus, do presidente da comissão europeia e outros eurocratas.

Mas é também dever de todos os cidadãos, combaterem a Opressão, a limitação das Liberdades fundamentais em nome de uma pretensa segurança (?) e de uma modernização dos estados, de carácter claramente duvidoso. O autoritarismo; a corrupção; o saque; os desmandos e o esbulho dos rendimentos do trabalho, dos bens e do património dos europeus em geral e de Portugal e dos portugueses em particular que é o que nos importa directamente.

Quanto a ideologias políticas dos governos das nações em causa, «estamos conversados». Independentemente do rótulo político e emblema que cada um ostente, governam todos da mesma maneira, ou seja, de acordo com as ordens que recebem de Bruxelas e de Bona e que estes, por sua vez, recebem do governo sombra global.

A política do «memorando contínuo» implementada nos estados membros da UE, conduziram à destruição, quer relativa, quer absoluta, da organização tradicional do trabalho, eliminando a maioria dos quadros intermédios nos mais variados sectores de actividade pública e reduzindo a 10% os quadros superiores.

Desmantelados, assim, os actuais quadros de hierarquias laborais, os trabalhadores vem sendo geridos a partir de linhas de comando directo, exercido pelas chefias da administração pública da absoluta confiança dos «fatos cinzentos» do partido que estiver no poder.

Para controlar os trabalhadores nos vários sectores empresariais do estado, tem sido reforçado o número de informadores dentro destes, ao estilo das polícias secretas. Novas formas de organização laboral têm sido criadas dando lugar a novas formas de exploração a custos médios, muito mais baixos que os que vigoravam há pouco mais de dez anos atrás, abrangendo todos quantos labutam, quer através da redução dos seus salários reais, quer dos cortes nos mesmos ou do aumento da colecta sobre os rendimentos do trabalho.

No caso do sector empresarial privado, no âmbito da produção, incluindo no sector primário, os preços finais para o comprador não têm acompanhado a descida real dos salários.

Em Portugal, Grécia, França, Espanha, Grã-Bretanha e Áustria, o limite de idade para a reforma e as contribuições dos trabalhadores vem aumentado de forma significativa. De igual modo, em Portugal, em França, na Grécia e em Espanha nos últimos meses, os impostos indirectos subiram drasticamente, com especial incidência nos combustíveis, de que Portugal, com o governo geringonço é exemplo acabado.

Na Polónia, Roménia, República Checa, Itália, França, Portugal e Grécia, os salários dos trabalhadores continuam a ser reduzidos em cada mês quer passa, bem assim, como o número de funcionários públicos, sobretudo através da supressão dos postos de trabalho.

Por outro lado atentemos que a problemática da dívida pública não se refere apenas ao seu nível, mas também, à despesa acrescida com o seu serviço, a qual, em última análise, determina a incapacidade de um estado para pagar, ou seja, na recta final leva-o à bancarrota.

Recordemo-nos a este propósito que Portugal já protagonizou três bancarrotas desde 1974, sempre sob governos do Partido Socialista, a última delas na “gerência” de Sócrates, que em desespero de causa teve de importar uma troika de financiadores, pondo o país a “pão e água”.

Um presidente do Conselho Europeu, em tempo, admitiu que a ansiedade com a gestão da dívida pública dos estados endividados da UE – caso de Portugal – afecta o reforço do euro como divisa internacional e o futuro da Eurozona como um todo, devido ao elevado nível de interdependência das economias.

A salvaguarda da Eurozona e dos principais prestamistas são, portanto, os motivos pelos quais foi necessário celebrar atabalhoadamente um acordo sobre os mecanismos de Estabilidade Europeia e os pagamentos das prestações dos empréstimos aos países endividados.

De resto, está bem de ver que tal como o princípio da Física que refere: «matéria atrai matéria na razão direta das massas», o mesmo princípio se aplica à economia, ou seja: «riqueza atrai riqueza na razão directa das massas». De igual modo: «miséria atrai miséria na razão directa das massas». Estes são princípios do mais elementar senso comum, inquestionáveis. Logo, é compreensível que esmifrar o «sangue e o tutano» de um povo – como no caso português – para resolver uma crise económica sistémica, só por si não salvará o país de um futuro breve desastre «anunciado», caso não haja, quanto antes, um governo que promova um esforço colectivo que incentive e facilite o investimento em setores produtivos de base de que o país é deficitário, como a agricultura, com incidência na produção cerealífera, olivícola e outras; no setor das pescas, através da renovação/modernização da decrépita e – quase – artesanal frota pesqueira; na exploração mineira e nas pedreiras; na indústria transformadora/conserveira; na exploração das potencialidades da nossa costa Atlântica; na pecuária e seus derivados: carne, leite, laticínios…; nas energias alternativas: eólica, geotérmica, de marés e outras.

De qualquer forma, os trabalhadores, os pequenos e médios empresários, industriais e comerciantes, nada podem esperar de positivo por banda do actual governo português. A ofensiva da classe dominante continuará a manifestar-se afanosamente, procurando a forma de assegurar a força de trabalho mais barata, acelerando as reestruturações, as privatizações e a liquidação da propriedade pública a favor das multinacionais e corporações monopolistas.

Quanto ao reembolso da dívida pública, as várias propostas do governo sombra diferem apenas sobre o quando e como os povos pagarão a conta, na certeza que, com a extensão do período para o reembolso dos títulos, os trabalhadores terão de pagar mais, ao longo de um maior período de tempo, quer a taxa de juro permaneça estável, quer a mesma aumente.

Assim, a questão crucial que se coloca no presente, está em saber que convulsões sociais e políticas se sucederão, no intermezzo do patamar de fractura entre o actual modelo económico “sem rei nem roque” que se esboroa rapidamente e um novo modelo económico assente noutro paradigma que se nos afigura um grande ponto de interrogação.

Quanto às fortunas dos grandes capitalistas, dos grandes milionários a nível mundial, essas, encontram-se asseguradas. Aliás, continuam a engrossar em cada dia que passa à custa do empobrecimento generalizado de milhões de seres humanos, pouco lhes preocupando o futuro destes, uma vez que são detentores de vastos patrimónios e os seus pecúlios encontram-se bem entesourados.

Pensamos que, pelo andamento que leva a conjuntura económica e social que vivemos, não será de excluir a hipótese de guerras civis e/ou globais, o que – por razões óbvias - convém aos oligopólios das mais diversas áreas e aos genocidas sociais, tanto mais que os recursos naturais mundiais em breve se tornarão escassos, caso a evolução demográfica continue ao ritmo diário que se regista actualmente.

Pedro Pereira

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome