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25 DE ABRIL

25-04-2019 - Henrique Pratas

Este é um dia que assinala a mudança de um regime ditatorial para um democrático, deveria ser um dia em que ao longo destes 45 anos o bem-estar, a dignidade que deveriam ter os cidadãos portugueses, tivesse evoluído na mesma medida ou da forma como alguns sonharam em 1974 e antes.

Tristemente assistimos que não foi isso que aconteceu e que o Povo português, tem cada vez mais dificuldades em todos os aspetos da sua vida quotidiana.

Direito há saúde não tem, há Justiça também não, Educação está fora de questão, Habitação nem pensar, então o que é que lhes sobra, nada, rigorosamente nada, vendem a sua força de trabalho a um “preço” que uns querem que cada vez seja mais baixa, sem quaisquer direitos de espécie nenhuma por vezes os descontos para o sistema de Segurança Social, nem sequer dão entrada no organismo próprio, ficam no bolso da entidade patronal, que mais querem. Posso estar a ver as coisas muito cinzentas mas não consigo ver nada do que tinha imaginado para este Povo, provavelmente fui “inocente”, idealista em demasia, mas queria para este Povo, dignidade e melhores condições de vida com acesso a tudo o que não têm e que na minha opinião deveriam ter.

As assimetrias entre ricos e pobres acentuou-se cada vez mais, estes últimos a coberto de expedientes legais e outros, têm conseguido enriquecer há viva força e os que não podem utilizar, nem sequer pensar nestes expedientes, resta-lhes aguentarem-se com aquilo que lhes querem dar e que não é o que corresponde ao esforço de trabalho no exercício das suas funções.

O senhor Presidente da República que não é parte interessada nesta matéria, não deveria ser um Presidente só dos afetos e de se deslocar aos locais onde as desgraças acontecem, deveria ser o fiel da balança, não queria que ele interviesse na procura do equilíbrio da distribuição da riqueza entre trabalhadores e patrões, mas na minha humilde opinião poderia ter uma conversa com o senhor Primeiro-Ministro que é o responsável pela governação deste País e chamar-lhe há atenção para determinados desajustamentos.

Mas o que assistimos não é isto quando acontece alguma desgraça lá vai o Presidente a correr para marcar a sua posição e solidariedade com as vitimas, mas eu entendo e acho que é preciso mais, é muito bom receber a solidariedade do Presidente da República e depois o resto onde é que fica, refiro-me aos apoios efetivos, financeiros e não só, ah, estes só fluem em altura de eleições, mas apenas o fazem como promessa, porque entre prometer e cumprir vai uma grande diferença e na maior parte dos casos não se passa da promessa.

Ao escrever este texto escrevo-o com alguma tristeza porque com a comemoração do 25 de abril não se comemoram as melhores condições de vida dos portugueses, estamos apenas para a generalidade das pessoas a comemorar uma data, ainda há os resistentes que vão sendo cada vez menos pela força do envelhecimento natural vão desaparecendo, mas os que vão resistindo fazem-no com a mesma firmeza dos ideais que tinham no antes e depois do 25 de abril de 1974, continuam a insistir na sua utopia, isto sim é coerência meus amigos, lutarmos por aquilo que pretendemos alcançar, sem atropelar ninguém. O que se quer é uma sociedade onde o Povo português possa viver com dignidade e melhores condições de vida, será que é assim tão difícil atingir estes objetivos, ou não há interesse em que os portugueses tenham melhores condições de vida, acompanhado por um crescimento sustentado do País.

Ainda me custa a acreditar que existam pessoas que não sonham com isto mas elas existem e algumas só ficam bem quando vêm os outros mal, este tipo de comportamento é inqualificável numa sociedade que se quer moderna, não só de aparência, mas de facto. Nós sofremos de uma mal que é viver de aparências, mas não devíamos ir por este caminho porque como Albert Camus, escrevei no seu livro “ O Estrangeiro”, “ a melhor camisa de seda esconde o pior iquizema de pele”, seria bom pensarmos nisto, às vezes que as pessoas querem aparentar não corresponde com aquilo que de facto são, mas o que é importante é aquilo que efetivamente são.

Uma última palavra para os trabalhadores deste País, que não imaginam a força que têm, poem parar este País se quiserem e estiverem unidos em torno de uma causa consensual, mas que não o exercem nos momentos certos, por variadíssimas razões, porque não aguentam tanto tempo sem levar dinheiro para casa e é necessário alimentar os filhos e o agregado familiar. A taxa de sindicalização dos trabalhadores tem vindo a baixar porque descontando uma percentagem num vencimento baixo é menos um bocadinho que se leva para casa e faz diferença, esta é a justificação que tenho ouvido, mas acho que se os sindicatos portugueses, quando em situações de medidas mais drásticas para solucionar problemas laborais que não se prendem apenas com os aumentos das cláusulas de expressão pecuniária, mas também com a melhoria das condições de trabalho, cobrissem os vencimentos que os trabalhadores deixam de receber das entidades patronais a música teria sido outra. Eu não estou a inventar nada, vejam o que fazem os sindicatos na Alemanha, nos Estados Unidos da América e noutros Países em que os sindicatos suportam os vencimentos dos trabalhadores que estão a reivindicar por melhores condições laborais ou aumentos de vencimento. O poder económico dos sindicatos nos Países que mencionei e noutros são autênticos potentados económicos que se colocam em pé de igualdade com as entidades patronais, financeiramente, em alguns casos chegam mesmo a conceder empréstimos às empresas, mas isto era um caminho que já deveríamos ter percorrido, até aos anos 80 tivemos taxas de sindicalização de 99% nas empresas portuguesas.

Vamos passar mais uma efeméride, 25 de abril, cada uma passá-lo-á há sua maneira, uns mais imbuídos dos ideais de abril, outros como sendo um dia em que não há prestação efetiva de trabalho, outros nem se quer sabem o que se está a comemorar, outros completamente a borrifar-se para o dia e ainda outros a pensar como é que hão de voltar aos tempos da velha senhora.

Henrique Pratas

 

 

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