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VIAGENS

25-04-2019 - Henrique Pratas

Das duas últimas vezes que me desloquei ao Arripiado, em vez de ir pela autoestrada e sair ou entrar em Santarém, saí em Vila Franca de Xira, Porto Alto, Samora Correia, e por aí adiante. Não o fiz para poupar uns euros, fi-lo porque pura e simplesmente indo pela autoestrada a única coisa que se vê são automóveis ligeiros, pesados de mercadorias, pesados de passageiros, motos e outros veículos de transporte que podem circular nas autoestradas.

Como lhes escrevi anteriormente não foi para poupar uns euros que decidi fazer este trajeto, foi apenas pelo facto de tomando este caminho passamos por vilas, cidades, campos de cultivo, fábricas e outras empresas instaladas á beira da estrada, existe vida e se a olharmos com atenção, sempre que lá passamos ela está diferente, porque também existem pessoas que no meu entender são o elemento mais importante para a alteração do meio ambiente.

Fazendo o trajeto que lhes mencionei conseguimos ver a evolução ou não dos diferentes locais por onde passamos, se formos pela autoestrada o que é que vimos? Nada, a não ser outras viaturas, as árvores que estão perto da berma e mais nada.

As autoestradas têm a particularidade de esconder o que se passa no espaço onde estão inseridas. É certo que a viagem pode ser mais rápida, mais segura, mas perde-se toda a beleza que envolve as vilas, cidades, campos, fábricas, pessoas ou seja tudo o que caracteriza o desenvolvimento de um local.

Para podermos fazer uma avaliação positiva ou negativa para o desenvolvimento do tão aclamado interior não podemos andar pelas autoestradas, porque apenas vimos uma parte da realidade que nos querem mostrar, para vermos tudo e podermos tomar decisões em consciência é necessário que vamos aos locais e que os vejamos com olhos de ver.

Em alguns locais notamos que existe um desenvolvimento positivo, noutros nem tanto, a avaliar pelas casas devolutas que se encontram em perfeito sistema de desagregação ou de abandono.

Quando afirmam que há que desenvolver e apostar no crescimento do interior não posso estar mais de acordo, mas ninguém diz quais as medidas que pretendem implementar, ou vou mais longe não discutem com os habitantes locais quais são as propostas que têm para o desenvolvimento da sua vila ou cidade. Eles têm ideias, conhecem melhor o terreno que ninguém mas jamais algum decisor se atreve a falar com os interessados, primeiro porque podem ouvir o que não querem, depois devido ao pedantismo de muitos, têm a ideia que tomar esta atitude é perder o poder, ou a cara o que quiserem, somos assim, introvertidos, não gostamos de debater ideias, a maior parte dos decisores gostam de implementar as suas ideias mesmas que elas não sejam as melhores e depois dá no que dá dinheiro mal gasto com resultados contrários ao que se pretendiam.

Nós padecemos deste mal há muito tempo, não gostamos de dialogar e quando o fazemos é apenas para manter as aparências, quando na minha opinião as decisões deviam ser partilhadas, assim como as ideias, ou soluções deviam ser encontradas em conjunto com as populações, porque indo por este caminho as mesmas começam a sentir que estão a fazer parte integrante da mudança, que são ouvidos.

Não é novo para vós que os primeiros a “boicotarem” ou a não participarem num processo de mudança são os interessados que não foram ouvidos, nada melhor e mais inteligente do que chamá-los para participarem na construção dos seus destinos, assim ninguém se atreverá a criticar o que quer que seja pois, teve o local certo para o fazer se não o fez terá que se calar para sempre ou provavelmente irá acelerar o passo para acompanhar todo o processo em que inicialmente não quis, não pôde ou não estava interessado. É sabido e conhecido de todos nós que as pessoas só participam quando são incentivadas para isso e quando o que está em causa a melhoria da sua qualidade de vida, mas este estigma não pode ser apenas um desiderato que nunca se concretiza, há que meter as mãos na massa e demonstrar inequivocamente que estão ali para apresentar soluções, as pessoas e principio deveriam estar mais interessadas em fazer parte da solução do que do problema e estão, só que a maior parte dos “inteligentes” Presidentes de Câmaras ou de outros organismos com influência local não estão interessados neste processo porque cada um quer ter a sua “quinta” e fazer nela o que muito bem lhe apetece, não estão interessados no coletivo mas sim no individual, é por estas e por outras razões que não saímos da cepa torta.

Como lhes tenho contado há muito tempo atrás comecei a viajar e mesmo aqui ao lado, Espanha, no tempo de Franco, nas diferentes Províncias os Alcaides, correspondentes aos nossos Presidentes de Câmara, diziam em Madrid, manda o Governo de Madrid, aqui mandamos nós.

Vêm a diferença, apesar de serem tutelados por um Governo central, nas diferentes Províncias quem decidia o que se fazia eram os seus habitantes e aqui como é que é, temos alguns Presidentes de Câmara que fazem obra e o resto limita-se a obedecer às orientações politico/partidárias e as populações ficam a ver passar os comboios.

É por estas e por outras que as novas gerações se estão a borrifar para eleições, partidos políticos ou o que quer que seja, mas neste processo todo existem culpados, sim são todos os detentores de cargos públicos que nos empurraram para esta situação e agora vêm com o quem me acode que a extrema-direita anda por aí e de que é a culpa eu sei, são dos partidos do arco da governação e do facto de neste País desde 1974, não se ter abolido com o COOPORATIVIVISMO, antes pelo contrário desenvolveram-no criando lobies a todos os níveis e nos diferentes setores de atividades profissionais.

Henrique Pratas

 

 

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