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AH E TAL É COMPETENCIA…

22-03-2019 - José Janeiro

Ou sei lá, genética! Genética é aquela coisa que nos permite ter uma cunha enorme para ter aquele empregozinho, sem passar por qualquer processo enfadonho de seleção e vai directo ao assunto, fruto de competência hereditária. Indiscutivelmente (quem sou eu para discordar) serão estes os mais bem preparados e estão ali à mão de semear, que é como quem diz fica tudo em família. As regras parecem ser ao melhor estilo Siciliano do Padrinho da Camorra que se jura fidelidade e se beija a mão do padrinho, aonde não faltará a Omertá protetora do silencio cúmplice, quando a coisa der para o torto.

Há muita coisa que não entendo, talvez por defeito cognitivo, mas aquela que mais me baralha é termos acabado com a Monarquia em 1910 e termos uma dinastia, a todos os níveis, após o 25 de Abril, numa dita democracia, com coisas tão interessantes como “igualdade de oportunidades”, mas sendo necessário duas coisas importantes: parentesco e cartão partidário, estas são as oportunidades propagandeadas… e ainda falam da Coreia do Norte, aquela democracia plena que tanto o PCP admira. Já entenderam que falo das relações, ou deverei dizer, ralações no governo.

Esta semana deu brado mais uma competenciazinha que teve direito a declaração de amor competente e tudo. O novo Ministro das Infra estruturas e da Habitação viu a sua mulher, pessoa de profundíssima competência, ser selecionada depois de apurado (como diria o outro) guisado cataplanesco como chefe de gabinete do novo secretario de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, pasta agora atribuída ao amigo do antecessor, o próprio actual Ministro e que se esforçou para arranjar o tacho á mulher do que foi substituir, entenderam a mixórdia?

A explicação do Ministro veio cheia de elogios á pessoa com quem dorme e com quem têm um filho, afirmando coisas tão interessantes como, em “tradução” livre: os dois companheiros queriam conquistar a JS, o Pedro e o Duarte e havia uma Catarina, que era gira, divertida e inteligente e pronto ficámos caídos um pelo outro. Termina o curso, a Catarina, e vai trabalhar á seria para o Augusto Mateus & Associados, sim o mesmo que foi Ministro do PS e quando o compincha Duarte vai para a CML, leva a Catarina, giraça, divertida e inteligente, que acaba como coordenadora da vice presidência do Duarte da CML. E pronto coisa banal, segundo o moçoilo apaixonado pela giraça, divertida e inteligente, coisa que não é nepotismo (aqui tenho duvidas que ele saiba o significado da palavra), e temos assim o apaixonado Pedro, como vértice de um triangulo amoroso e compadrio. Confesso que terminei emocionado e a lacrimejar com o romance de cordel que é a historia do Pedro, do Duarte e da Catarina, de tão sensível que sou a novelas Mexicanas, mas que coisa gira aquele romance tripartido.

E não, claro que não, não é nepotismo (esperavam que ele dissesse que era? Ingénuos!), mas a verdade é só uma, pela ultima contagem há 20 relações familiares neste governo e não é nada nepotismo é mesmo, favorecimento, amiguismo e bacanal familiar orgástico, ups parece que são sinónimos. Este governo dava facilmente para fazer um daqueles concursos de televisão em que as famílias se “digladiam” umas contra as outras para saber quem sabe mais de quem, era uma boa proposta, isto na RTP, na SIC podia ser o concurso “quem quer casar com um politico”, enquanto a TVI podia desenvolver um conteúdo assim como: “quem tem o familiar mais competente para o governo”, era capaz de ser engraçado, acredito que a audiência disparava em todas elas, sugerindo-se horários diferenciados para conseguirmos assistir a toda a coboiada.

Para evitar esta orgástica competência hereditária, na Europa, o Reino Unido e a França impuseram uma lei que evita este chavascal, por cá como somos poucos, apenas 10 milhões, todos são família de todos e logo a lei seria de difícil aplicação pratica, imaginem quantos Santos há, quantos Gamboas, quantos Cordeiros, quantos Cesar, quantos Vieiras da Silva, quantos Cabritas, Vitorinos, e sei lá Costas, obvio que somos todos parentes num país assim pequenino como o nosso e fica difícil escolher sem tropeçarmos num primo distante.

Mas estamos a ser muito maldosos, claro que isto facilita as coisas, imaginem lá em casa: oh querido aprova lá a lei do Duarte, ou então, amor, pede á tua filha que trate daquele assunto irritante, ou ainda Paulinha vê lá se o tempero está bom e lê o diploma que te entreguei, imaginem a quantidade de coisas que se facilitam burocraticamente com estas relações e nem se podem zangar porque senão o governo deixa de governar. É só vantagens!

As vantagens são imensas: coesão familiar forçada, relações privilegiadas para discussão dos temas candentes do governo, enquanto um tem licença de apoio familiar o outro pode tratar dos assuntos do que fica impedido, na doença igual, na marcação de ferias é que é chato, mas alguma coisa se arranja de certeza, é tudo uma questão de boa vontade, que como sabemos está bem patente na Bíblia, quando se fala dos “homens de boa vontade”.

Vá lá gente sejam competentes e se o vosso apelido é um dos eleitos, vejam se são parentes dos gajos e ponham-se a jeito, porque de certeza têm o gene hereditário correcto e escusam de andar a chafurdar.

Até para a semana.

José Janeiro

 

 

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