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AO MEU AMIGO ANTÓNIO CLÁUDIO

22-03-2019 - Francisco Pereira

A nossa consciência sobre a finitude do ser humano, desenvolve-se enquanto crescemos, é um processo natural, passamos de nos julgar imortais para temer a própria sombra, é um processo que uns aceitam melhor outros pior, sendo certo que ninguém deseja dar o óbolo ao Barqueiro e sair de cena atravessando o rio sem retorno, pudéssemos éramos eternos, como o tempo, alguns porém, mesmo não estando fisicamente connosco conseguem-no, mercê das suas qualidades excepcionais, perduram na memória logo são eternos, um desses é o meu amigo António Cláudio.

Conheci o senhor António Cláudio em 2001, apesar de já o conhecer de vista, privei com ele diariamente durante a década seguinte, ganhei um extraordinário amigo de quem terei as mais das saudades. Não lhe choro a partida, não tenho esse direito, de ser egoísta, ficarei no entanto com saudades das conversas que tínhamos, da grande sabedoria que era possuidor, um saber feito de um misto de experiência profissional de quem fazia coisas, e de um saber académico de quem estuda, pondera e cogita sobre as questões como é importante que seja, nele esse conhecimento complementar sublimava a honestidade, a decência e a dedicação à causa nobre do interesse público sem nada pedir em troca, esse era o tipo de Homem que era o meu amigo António Cláudio.

Com ele aprendi o real significado do que é a “ética republicana” com que muitos biltres da nossa praça enchem a boca, o meu amigo António Cláudio foi uma pessoa humilde, que deu muito e nada pediu, serviu nunca se servindo, apesar dos cargos, foi por exemplo Vereador do Município de Almeirim, no entanto continuou ao longo da sua vida a ser a pessoa acessível, humilde e abnegada que foi, por tudo isso foi com ele que também aprendi o que significa ser honesto, vertical, ter convicções e lutar por elas, respeitando os outros em convivência democrática, sem se apropriar e ou lucrar indevidamente respeitando o erário público que é de todos.

O senhor António Cláudio fez o favor de ser meu amigo, conversámos tantas vezes ali encostados ao pequeno balcão do espaço da máquina de café na Biblioteca de Almeirim, da qual foi director, onde desenvolveu excelente trabalho e que bom seria seguirem-lhe o exemplo de competência e capacidade, graças a sua imensa cultura.

António Cláudio era aliás um Homem de Cultura, um apaixonado pela etnografia e pela história local, o que o fez desenvolver actividade de excepção no Rancho Folclórico da Casa do Povo de Almeirim de que foi igualmente director, deu ao prelo várias obras sobre a história local, fez investigação na área por conta própria, recolheu por exemplo receitas da gastronomia local, recolha essa que muito importa para a preservação da verdade e da memória de Almeirim, por tudo isto e muito mais o meu amigo António Cláudio é um exemplo extraordinário de ser humano, de autarca e de profissional, de homem de cultural e de cidadão, deve-lhe esta terra tanto que dificilmente lhe conseguirá fazer a justiça que repare alguns agravos que sofreu.

Eu quero hoje recordar no dia do seu funeral, o meu amigo António Cláudio, um Homem maior, uma das mais insignes personalidades do pequeno cosmos da sua cidade. Foi músico, fez rádio, produziu programas de rádio com sucesso assinalável bem como programas de variedades apresentados no cine teatro local onde trabalhou também com projeccionista, foi um homem do Folclore que promoveu e divulgou pelas partidas do Mundo, foi um dos fundadores do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Almeirim, director do Festival internacional de Folclore de Santarém, foi director do jornal local e seu colaborador durante anos, foi autarca no Município durante mais de uma década, escreveu uma dezena de livros distribuídos entre teatro, investigação sobre a história local, gastronomia e poesia, António Cláudio é um dos grandes desta terra, grande na defesa da sua terra, grande no amor pela sua terra e grande pelo exemplo maior de alguém eticamente irrepreensível, que me faz dizer com muita pena, que gente desta qualidade já não há.

António Cláudio foi um exemplo de humildade bem como de honestidade, um exemplo de que se pode servir sem se servir da “res publica”, esse foi o grande ensinamento o legado que me deixou, isso a par do imenso prazer que tinha em falar com ele, porque o senhor António Cláudio era uma pessoa que ouvíamos com prazer, tenho saudades dele, do seu humor inteligente e incisivo, por isso digo apenas, até um dia excelente amigo, até um dia…

Francisco Pereira

 

 

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