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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

PAÍS FANTOCHE

08-03-2019 - Francisco Pereira

Recentemente ouvi um senhor “jornaleiro” dizer que não gosta de ver Portugal ser apelidado de “país fantoche”. Fartei-me de rir. O senhor em questão revela uma das características típicas do “tuguismo”, que é negar as evidências, tentar esconder o Sol com a peneira como sói dizer-se, actividade em que nos fomos tornando mestres.

Vislumbro aqui apenas um problema sobre a opinião do senhor “jornaleiro”, um problema de somenos importância dirão uns, outros instigarão contra mim as penas do Hades por desdenhar da amada pátria, mas no meu humilde ver Portugal é efectivamente um “país fantoche” e dos mais competentes no que toca à fantochada, atentem a ver se não tenho razão.

Neste país laico, juízes existem que decidem fazer resenhas históricas em acordãos onde citam a Bíblia, o Conselho Superior da magistratura resolveu aplicar uma pesada pena de advertência ao senhor juiz que se julga profeta, o Sindicato dos juízes saiu também em defesa do magistrado, o juiz em causa enxovalhadíssimo, e bem, pela opinião pública decide processar meio Mundo e a cabeça do outro, a Democracia é uma chatice do caraças, isto porque enquanto detentor do cargo de juiz o senhor não paga os custos absurdos para aceder à justiça, já o meu vizinho que viu a sua horta, de onde retira um complemento para a sua magra reforma, ser roubada, sabe quem são os energúmenos mas como é reformado e recebe uma miséria não tem dinheiro para ir a tribunal, mas o senhor juiz só porque o é está isento, ora digam-me lá se isto tudo não é senão uma grande fantochada!

Mais. Uma mulher com cancro da mama é internada para ser operada, deviam ter-lhe retirado a mama direita, mas como é complicado distinguir a esquerda da direita na dúvida retiram-lhe as duas, a senhora faz queixa, e passado um tempo considerável os senhores doutores são pesadamente punidos com uns dias de suspensão, ora digam-me lá se isto tudo não é senão uma grande fantochada!

Estes dois exemplos, porque existem centenas de outros nas mais variadas instituições, foram aqui trazidos apenas para ilustrar a fantochada que Portugal é, são exemplos bem reveladores de um país medíocre, medieval, onde o corporativismo bafiento continua ditar a regra, criando cidadãos de primeira de segunda e de terceira, cidadãos que tudo podem e cidadãos que nada podem, ora digam-me lá se isto não é senão uma grande fantochada!

Portugal está cheio de privilégios, de “Ordens” profissionais, de minorias e de outras seitas de gente mais ou menos importante e mais ou menos sacripanta, que fazem gato-sapato das Leis, das regras e das normas de conduta e vivência deste “país fantoche”. Ele é nunca mais acabar de corporações que se defendem umas às outras em que se repetem os apelidos todos ligados por laços familiares, profissionais, por pertença a seitas mais ou menos secretas ou minorias étnicas igualmente parasiticas, uns e outros irmanados no parasitismo de viver à conta do Zé Pagão, aquele que tudo paga, aquele que qual besta de carga os carrega a todos no lombo, que sempre que protesta é populista, é o “povo” coitado, achincalhado com dichotes paternalistas, tratado como lixo, porque efectivamente o merece, verdade seja dita, pois um Povo que permite o “país fantoche” em que vivemos, mais não merece.

O caso do senhor juiz “profeta” ou dos doutores da mula ruça, é a ponta do colossal icebergue da fantochada que é este país, desde o regabofe das prisões passando por roubos descarados em paióis das forças armadas, a bancos falidos que levam o país à ruína e onde continuam a ser injectados milhões que faltam na Educação ou na Saúde, um país onde a preocupação é correr atrás de tostões enquanto os biltres desviam milhões, um país de futebóis corruptos, onde a malta anda ocupada com procissões, santinhas e telenovelas, digam-me lá se isto não é senão uma grande fantochada!

Neste país espartilhado entre agendas ideológicas de “Esquerda” e de “Direita”, cujas diferenças não são nenhumas pois os partidos de um e de outro quadrante são cópias uns dos outros, galerias de falcatos intelectualmente indigentes, rebotalho, ladrões, vigaristas e malfeitores que malbaratam o erário público em festanças, festarolas e estúrdias tais que estou em crer que Nero e Calígula se sentiriam diminuídos perante a eloquência patifória desta camarilha, digam-me lá se isto não é senão uma grande fantochada!

É pois com muita pena que termino concluindo que efectivamente Portugal é um “pais fantoche” onde a maioria das suas instituições são fantochada, destinando-se primariamente a engordar o cu aos eleitos que fazem parte desse “clube” exclusivo, saraivadas de privilégios, de subsídios, de suplementos fazem de nós uma grande fantochada, um país de castas onde os intocáveis são a elite, são aqueles em que ninguém toca façam o que fizerem, aqueles que tudo podem!

P.S. – Ontem o tal Conselho da Magistratura, retirou o juiz polémico dos casos de violência doméstica, prova de que não perceberam ou não quiseram perceber o que realmente está em causa, ou se calhar perceberam e limitaram-se a seguir a velha estratégia do “vamos fazer qualquer coisa para que tudo fique na mesma”.

Francisco Pereira

 

 

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