Trapalhada ou talvez não

20-06-2014 - Henrique Pratas

Na altura em que o País precisa de uma oposição forte o PS, mais uma vez, está a dar trunfos aos partidos políticos que constituem o Governo, aliás sempre foi assim.

Se bem se recordam há largos anos que o PS e o PSD, formaram um “caldo” governamental e institucional, de bradar aos céus.

Quando o PS estava no Governo, o PSD/PPD, ficavam subalternizados em lugares de Presidentes do Conselho de Administração de Empresas Públicas, Autárquicas ou outras que estivessem na alçada do Governo. Os directores passavam a Presidentes e Vogais enquanto os do PSD/PPD, passavam a directores e a situação invertia-se quando estes últimos ganhavam as eleições, se analisarem foi sempre assim, daí eu designar por “caldo”, porque ao fim e ao cabo é mesmo um “caldo” morno em que uns aguentavam em banho-maria, enquanto os outros estavam no “poder”, na expectativa de que o partido ganhasse as eleições para alcançar um lugarzinho de destaque, mas as diferenças entre eles não são muitas.

Decorrido este tempo todoo PSD coligado com o PPD têm estado a fazer este estrago todo, porque o “caldo” desfez-se, os amigos do PSD, esqueceram-se dos do PS e foram-lhe impostos o do CDS/PP e o PS, que para mim não existe, lá conseguiram arranjar um rapaz que aguentasse o barco para que o estabelecimento não fechasse.

O rapaz apareceu, com os apoios de alguns ”notáveis” mas outros não se fizeram notar, porque, já não chegaram a tempo o PS foi invadido por “gentalha” sedenta de poder para os negócios mais inimagináveis e que não é passível de escrever aqui, afastou de forma pouca ética do meu ponto de vista os que estiveram e estavam mais perto dele e rodeou-se de homens com máscara e outros abutres e aves de rapina que aparecem sempre quando um cadáver já em fase de decomposição está em exposição, porque sempre se pode achar um pouco de carta limpa e comestível, há que chupar tudo até ao tutano, porque a vida não está para graças.

Agora assistimos a uma luta sem tréguas pelo poder e como podem verificar meus amigos vale tudo. Não apoio nem um nem outro, para mim tanto se me faz, o PS nunca vai mudar porque não pode, há uns anos atrás o guardião mor meteu o socialismo na gaveta e inventou uma coisa que pelo menos eu não sei e acho que a maioria dos portugueses não sabe o que é “o socialismo à portuguesa”, desculpem mas à portuguesa só conheço o cozido.

Aliás o que neste momento trespassa através da luta sem tréguas entre as duas personagens é que não há ideologia nenhuma politicaassociada ao partido, o que há é a vontade de voltar ao poder aos cargos de ostentação e à sua distribuição pelos rapazes que ainda pululam pelo partido.

À cautela os PPD`s já deram um jeitinho e mostraram abertura a um dos putativos candidatos, porque o Paulinho das feiras não brinca em serviço e assim que o outro se distrai, aproveita e dá-lhe uma canelada. O outro já está farto de caneladas e já lhe apetece voltar-se para outra gente que seja mais suave e que não o importune muito, porque coitado, o homem tem sofrido à bessa, ele é oposição interna e externa, são ministros que dizem uma coisa e que o obrigam a ir rapidamente corrigir e dizer a “verdade”, que é só sua, chiça que já chega, como é que se consegue trabalhar assim o homem está desgastado.

Daí que agora um PS que se pusesse a jeito, como no antigamente, era muito bem-vindo, dava outra tranquilidade, mas as medidas seriam as mesmas.

Neste momento temos o PS a dar o espectáculo que está a dar, estas coisas resolvem-se doutra maneira assim haja uma doutrina ideológica, o PPD está sentado na plateia a assistir e lá vai dando uma opinião ou outra para ver se lhe sai o brinde do bolo, entretanto vai-se aproveitando desta “convulsão” e do Mundial de Futebol, enquanto a generalidade das pessoas está distraída e lá vai fazendo o seu trabalhinho às escondidas, aproveitem agora que eles estão distraídos.

Acho que o PS tem uma oportunidade única de se poder reabilitar e sanear todo o aparelho partidário, se não o fizer agora voltaremos à mesma alternância moderada em que nada acontece e lá voltamos nós ao “caldo”.

Não acredito que o PS, seja qual for o candidato que seja eleito, nunca se juntará aos partidos que defendem os interesses do País, desenvolvendo a agricultura, as pescas, a indústrias e criando melhores prestação de serviços e garanta uma vida digna a quem depende dos rendimentos do trabalho e caminhe no sentido de lhes garantir um modo de vida conducente com o nível de vida praticado pela União Europeia, se esta durar muito tempo.

Não estou a anunciar a morte anunciada de uma instituição, mas se esta não inverter a politica que tem seguido até à data, invadida agora por partidos da direita radical, o seu futuro a médio prazo estará condenado, já o disse em 2002, quando estava a fazer o meu mestrado em Ciência Politica, chamei à atenção da forma como estava a ser construída a União Europeia, que as pessoas não estavam a ser envolvidas e não entendiam que uns dias recebiam dinheiro para não produzir, noutros já era o contrário. Ninguém entende isto, não é fácil explicar e se as pessoas não entendem e não se se sentam envolvidas no processo é o caminho para o fim e na altura afirmei que provavelmente daí a 20, 30 anos a União Europeia não faria sentido como existia actualmente e os povos vão voltar a querer ter a sua identidade, a sua moeda, o seu País a sua independência.

O que poderá travar todo este processo são os Organismos que entretanto foram criados, com uma superestrutura cheios de Eurocratas, pagos a peso de ouro gastando milhões e se não apresentarem trabalho palpável a contestação aumenta, vai ter que ocorrer um momento de viragem muito bem feito ou então será a queda do Império Europeano.

Henrique Pratas - Economista

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