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Em Portugal a seriedade não existe!

25-01-2019 - Francisco Pereira

Para que conste, sou totalmente a favor da despenalização de determinados tipos de droga, haxixe, liamba, cocaína e heroína, deveriam ser de consumo legal, o seu consumo, a sua compra e venda deveriam ser livres, mas com regras, acabar-se-ia assim com muito do crime que temos, muitos dos recursos que gastamos num combate de faz de conta ao tráfico de droga poderiam ser utilizados por exemplo para o combate à corrupção.

Também para que conste, não compactuo com partidos políticos, e se odeio comunistas e socialistas, tenho nojo de bloquistas e centristas pois abomino sociais-democratas, todos igualmente me provocam náuseas até ao vómito. Dito isto vamos ao que interessa. No passado dia 17 de Janeiro, a Assembleia da República discutiu a legalização do uso recreativo da canábis, o assunto como se previa nunca esteve próximo de ser aprovado, foram sumariamente discutidos dois projectos de lei, do Bloco de Esquerda e do PAN, com os quais concordo genericamente excepto na opção de ter plantas em casa, discordo dessa possibilidade do autocultivo.

Ouvidos todos os argumentos, curiosamente o mais acertado que ouvi veio da bancada do PSD, no congresso em Fevereiro de 2018 havia aprovado uma moção favorável à necessidade de legislar para despenalizar e regular a produção, a distribuição, a venda e o consumo, das outras bancadas foi a tristeza completa, começando pelos argumentos patetas do BE e do PAN, passando pelos argumentos incipientes e apatetados do PS do PEV e do PCP até aos argumentos completamente desconexos, medíocres e intelectualmente indigentes do CDS. Perdeu-se assim uma boa oportunidade de dar uma machadada ao tráfico, de legislar e poder ter ali uma fonte de receitas para o Estado, que já o faz noutro tipo de drogas socialmente aceitas como o tabaco e o álcool, como de costume faltou coragem, qualidade que como sabemos não abunda ali para os lados de São Bento.

Do ponto de vista económico existem imensas vantagens na legalização e regulamentação, desde logo uma vantagem de saúde pública, depois a criação de emprego, cobrança de impostos e por aí adiante, assegurando a produção para os fins medicinais e para o uso recreativo, retirando aos traficantes as vantagens que agora possuem, diminuindo as taxas da criminalidade e libertando recursos humanos e materiais para o combate a outros fenómenos criminais.

Infelizmente, novamente, o Parlamento nacional prestou um péssimo serviço ao país ao não querer discutir com seriedade o tema, ao não utilizar o que poderia ser utilizado das duas propostas para construir um projecto de lei consciente e capaz, foi pena mas aguardaremos por melhores dias.

Existem 30 países no mundo, incluindo Portugal, que permitem o uso da canábis para fins médicos. África do Sul, Canadá, Luxemburgo, Geórgia, Uruguai e alguns estados norte-americanos permitem o uso recreativo. Vários estudos apontam para a conclusão que transformar o criminoso que consome drogas em paciente, a dependência diminui, além disso é mais que óbvio que os milhares de milhões de Euros gastos no combate ao narcotráfico são como atirar carvão para uma braseira.

Entre as frases intelectualmente indigentes ouvidas durante o debate na Assembleia da República saliento esta de uma senhora deputada do CDS "Não queremos implementar mais negócios em termos do consumo de uma substância que é nefasta", a senhora deputada Isabel Neto devia era experimentar fumar umas jardas para ver se lhe passava um pouco a estultice.

Para provar mais ainda que esta senhora e o partidelho a que pertence não tem a mínima noção daquilo que estão a dizer, a certa altura da sua verborreia a senhora deputada declara “Não nos move qualquer preconceito, move-nos sim a defesa rigorosa de um bem maior que é a saúde dos nossos concidadãos.”Ó senhora deputada, a senhora por ventura saberá que está no pais onde é mais fácil comprar cocaína do que arranjar um dente? Gentalha hipócrita esta!

Em Portugal é mais fácil e rápido, comprar haxixe, cocaína, caçadeiras de canos serrados, pistolas 6.35mm modificadas, heroína ou anfetaminas, do que arranjar um dentista para obturar um dente, fazer uma colonoscopia ou obter uma consulta de oftalmologia, onde está então a “defesa rigorosa de um bem maior que é a saúde dos nossos concidadãos.” Hipócritas, demagógicos e miseráveis! Em Portugal a seriedade não existe!

Francisco Pereira

 

 

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