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O SNS JÁ NÃO EXISTE - I

25-01-2019 - Henrique Pratas

Não os querendo maçar com o mesmo tema, entendo que devo partilhar convosco mais episódios que ocorreram no caso que vos contei na semana passada e que eu decidi atalhar, “desviando” para o Hospital de Santana a continuação da recuperação da minha mulher, para o tal MÉDICO ORTOPEDISTA, que lhes escrevi e volto a escrever que para além de médico é uma pessoa, competente, gosta do que faz, mas que por força de não gostar do rumo que o SNS estava a levar decidiu aposentar-se mais cedo, pois estava em condições de o fazer, mas não deixou de fazer aquilo que gosta e para o qual está talhado. Os nossos Governantes dão-se ao luxo de desperdiçar tudo até as PESSOAS que são competentes.

O primeiro penso ainda foi feito, no passado dia 2 de janeiro na parceria pública ou privada Beatriz Ângelo, mas eu já tinha marcado consulta para o dia 9 do mesmo mês no Hospital de Santana para o MÉDICO a que vos faço referência e que tive a sorte de o conhecer há uns anos atrás quando um quadro da EDP decidiu entrar pela traseira da minha viatura a 120 Kms à hora, aqui no alto do Monsanto quando se começa a descer do lado direito, na faixa de quem vai para Sintra, tinha decidido ir à DECATLHON comprar uma camisola de rugby da Inglaterra. Para quem não conhece a zona é uma zona onde andamos no para, arranca, e se leva algum tempo para podermos voltar no sentido de Sintra, Amadora. Estava eu envolvido neste processo e eu nestas situações nunca me aproximo muito a minha viatura daquela que está parada à minha frente, dou sempre um espaço para salvaguardar uma eventualidade qualquer, seja ela de que cariz seja, em boa hora o fiz, porque esse dito quadro da EDP, vinha a acelerar que nem um doido do lado mais à esquerda das faixas de rodagem e de um momento para o outro como se abriu um espaço na minha traseira ele atirou a viatura da empresa completamente para a direita para se colocar na faixa onde eu estava. Vi isto tudo pelo espelho retrovisor que é outra das “manias” que tenho quando me encontro nestas situações é tentar controlar o que se está a passar nas minhas costas e ao ver esta movimentação, pensei logo, este tipo vai dar cabo de mim porque não vai conseguir controlar a viatura, ora se melhor o pensei, assim foi, o dito quadro, provavelmente um expert, ou jovem turco, pouco educado e mal formado, como poderão aferir do seu comportamento, enfeixou-se na traseira da minha viatura a uma velocidade de 120 Kms por hora, ao aperceber-me que o embate iria ocorrer e como tinha a dita folga para a frente, ainda andei o que podia para minimizar os danos. Com o embate fiz o chamado “golpe de coelho” e desmaiei.

Passados alguns segundos “ressuscitei” e a minha primeira ação foi ligar par o 112, pois sentia uma dor insuportável na coluna. Liguei do meu telemóvel e eles lá me disseram para me manter imobilizado até chegar a ambulância do INEM, se tinha gravata que a desapertasse e que não fizesse muitos movimentos. O “rapaz”, quadro da EDP, nem sequer se aproximou da mim, estava mais preocupado com os danos que tinha causado na viatura que a EDP lhe “oferecera” para lhe alimentar o ego de quadro da EDP. Eu fiz tudo o que me disseram do INEM para fazer e esperei pouco tempo no caso vertente, tanto a GNR e o INEM chegaram pouco tempo depois de o acidente ter acontecido. Os profissionais do INEM retiraram-me da minha viatura com todos os cuidados e fizeram no local tudo o que estava ao seu alcance para poder avaliar e me transportarem para um Hospital para realizar exames auxiliares de diagnóstico. Viram o meu nível de glicémia, foram espetaculares, com um pequeno senão, não tinha um colarinho rígido para me colocarem. Isto aconteceu em 2007, já nesta altura existiam carências de equipamento essencial para o desempenho das funções dos profissionais do INEM. Já dentro da ambulância que me iria transportar e com a porta aberta aproximaram-se o graduado da GNR e o “quadro” da EDP e como eu estava no meu perfeito juízo e como estavam os dois ainda tive forças par dizer ao jovem “turco” da EDP, que não voltasse a ter o mesmo comportamento que teve comigo, porque o seu comportamento configurava uma situação passível de ser julgada em sede própria como crime. Aí senti que ele tinha ficado completamente borrado, porque o graduado da GNR, confirmou a minha afirmação e informou-me de uma coisa que eu já sabia que tinha 6 meses para colocar a ação crime por falta de apoio e abandono ao sinistrado. Não o fiz porque ele tinha já na altura dois filhos e nunca gostei de prejudicar ninguém, muito menos nesta situação. O que entendo sobre esta matéria é que devia a ser a própria GNR a desenvolver as ações consideradas como necessárias para “educar” e penalizar este tipo de comportamento, a ida para os Tribunais seria arrastar o processo por diferentes anos e de recurso em recurso, o que devia ser feito nunca chegaria a ser realizado, quero eu dizer, incutir neste irresponsável a consciência de que nestas situações se deve prestar auxílio ao sinistrado. Estes valores adquirem-se quando somos novos, se não os adquirimos na altura certa nunca mais os adquirimos é por este motivo que neste País existem uma cambada de bestas que apesar de terem formação superior não passam de uns verdadeiros e reais asnos sem ofensa para estes.

Fui para o Hospital São Francisco Xavier e depois de realizados exames auxiliares de diagnóstico detetaram-me lesões graves na coluna que requeriam um tratamento mais cuidado. Fui bem atendido, dentro do que podemos considerar espectável, até que quando foi para me dar alta e enviar para casa, o médico envergonhado sussurrou-me ao ouvido que não possuíam colarinhos rígidos, mas que ele me tinha feito um “chouriço” em algodão envolto em gaze, no fundo improvisou e colocou-me à volta do pescoço, medicou-me e disse-me se eu continuasse com dores que no dia seguinte fosse ao Hospital da Santa Maria.

Como as dores não passassem mesmo com a medicação no dia seguinte em vez de ir para o Hospital que o médico que me atendeu no São Francisco Xavier, sugeriu, pensei bem sobre o assunto e como tinha conhecimento e alguns de vós lembrar-se-ão que muitos ribatejanos que tiveram problemas de ossos se deslocavam para o Hospital de Santana para se tratarem e apanhar o sol e respirar o aroma gerado pelas algas ali nas rochas da Parede, onde para quem se lembra colocavam uns estrados em madeira para que pudessem usufruir quer do Sol quer dos benefícios libertados pelas algas que existem naquela zona e que só existem noutra parte do globo que é no Japão e onde são muito utilizadas, cá deixaram de o fazer porque a pressão da indústria farmacêutica foi superior aos benefícios naturais e ainda hoje não sei porque é que não deram continuidade a um tratamento que era natural e que produzia excelentes resultados, enfim razões que a razão desconhece.

Quando liguei para o Hospital de Santana, encaminharam logo a minha situação para o MÉDICO ORTOPEDISTA que agora está a tratar a minha mulher, não o conhecia, mas fiquei logo a gostar dele quando me disse que iria fazer todos os possíveis para evitar a operação pediu-me que cumprisse à risca as suas instruções. No dia em que me recebeu pela primeira vez e me viu sem colarinho rígido, ligou ele próprio para uma casa de artigos ortopédicos, que existe da Parede, e foi ele próprio que encomendou o colarinho rígido.

Vi logo que estava perante um tratamento completamente diferente e senti que me queria ajudar, mas este contato foi meramente casual, como costumo dizer nós na vida às vezes temos ter que ter sorte para bater, ou calhar com as pessoas certas, foi o que me acontece no meio do mal, teriam que me acontecer algo certo. Uma outra coisa que me disse logo é que não operava nem ressonâncias magnéticas, nem tacs’s, operava pessoas e que uma intervenção cirúrgica tinha sempre um risco associado, por mais que a equipa médica tivesse experimentada e isto deixou-me mais confortável porque do lado da seguradora da viatura pertença da EDP, queriam que eu me tratasse de forma rápida e com poucos custos e este MÉDICO, que trabalhava em equipa com um NEUROCIRÚRGIÃO, que lamentavelmente já não está entre nós porque padeceu de um mal que afeta muitos portugueses, o cancro, ele ainda conseguiu vencer a primeira batalha, mas não resistiu ao traiçoeiro derrote da segunda vez e tinha também um FISIATRA, para onde caminhei durante dois anos, com avanços e recuos, mas que no final conseguiram os seus objetivos devolverem-me a qualidade de vida sem que ocorresse nenhuma intervenção cirúrgica, que como eles sempre defenderam era um risco, apesar de eles serem experimentados nestas intervenções cirúrgicas e serem chamados pelos Hospitais em Barcelona para as realizarem, conheciam e sabiam os riscos que estavam inerentes. Obviamente que em termos financeiros era muito mais barato fazer uma intervenção cirúrgica do que fazer o que eles entenderam os passos que deviam fazer.

Uma outra coisa que dei conta foi que eles trabalhavam em equipa, isto é quando eu ia a cada um deles, dava conta que tinham falado entre eles e sabiam o que me deviam propor, tive sorte em apanhar e conhecer estas PESSOAS, que cuidaram de mim como uma PESSOA, o que deveria ser uma prática comum no SNS e não uma exceção. Entretanto, durante este período de tempo fui colhendo alguma informação daquilo que outros pacientes contavam, nomeadamente que o MÉDICO ORTOPEDISTA tinha feito coisas do arco-da-velha como colocar crianças que não andavam, a andar e a ser autónomas, adultos e jovens a recuperar de situações que ninguém dava nada por elas e o meu respeito e confiança foi aumentando, por aqueles profissionais, senti-me que estava bem entregue.

Explicado que foi o motivo que me levou a levar a minha mulher ao Hospital de Santana para ser vista pelo “meu” ORTOPEDISTA no passado dia 16 de janeiro ela foi tirar os pontos e verificar como estava a evoluir a situação e pasme-se quem fez o penso foi o próprio MÉDICO, que tirou todos os agrafes, como quem cerzia um tecido delicado e foi colocando umas tiras para ajudar na cicatrização, todavia deixou escapar que quem tinha feito aquele trabalho na sua opinião até na colocação dos agrafos foi parco. Ele teria colocado mais dois ou três agrafos para não correr o risco de a cicatriz abrir. Conclusão num Hospital Público até nos agrafos se poupa.

Chega de economicismo barato e desregrado e lembrem-se que estão a tratar de pessoas e que o juramento que fizeram é de HIPÓCRATES e não de HIPOCRISIA.

Antes de terminar, gostaria de vos transmitir uma outra mensagem, que obtive do MÉDICO a propósito de questionarem o doente se quer uma anestesia geral ou epidural. A explicação que me foi dada por ele é perfeitamente aceitável e racional e é a seguinte, a tendência e em breve será legislada esta matéria que já é prática em alguns Hospitais é que seja dada a epidural em situações em possa ser aplicada, por que causa menos “danos” em termos cardíacos e noutros órgãos do corpo humano e até nas más reações que as pessoas possam ter a uma anestesia geral, mas não deixou de me dizer que com a “sua” equipa de anestesistas isto já é uma prática comum. Ora aqui é que podemos encontrar e desmontar estes medos que nos criam porque na maior dos casos que conhecemos os médicos não trabalham em equipa e o sucesso está pura e simplesmente neste facto “ TRABALHAR EM EQUIPA”, coisa como nós sabemos não é uma prática comum, cada um trabalha para a sua especialidade, não funcionam como uma equipa ou um todo em prol do bem-estar e da saúde dos cidadãos, que bem ou mal é escolhida pelo maestro no caso vertente o médico que vai operar. Na minha opinião e julgo que também vossa todos as pessoas que trabalham na área da saúde deveriam ter este tipo de atitude TRABALHAR EM EQUIPA, porque isto cria rotinas, confiança por parte dos doentes e provavelmente menos erros nas intervenções cirúrgicas.

Ainda estamos a tempo de mudar o tipo de comportamento, trata-se apenas de uma questão de vontade e essa está no querer dos profissionais da saúde desde o auxiliar, passando pelo administrativo, até ao médico.

De uma vez por todas temos que ser profissionais que fazemos, é isto que falta no nosso País, brio profissional e dedicação à profissão que decidimos exercer, a escolha não pode, nem deve ser feita em função das saídas profissionais ou dos montantes que se podem auferir mensal ou anualmente, temos que ser profissionais no que fazemos e fazê-lo com gosto e brio.

Julgo que não escrevi nada de estranho, mas é uma coisa que noto em diferentes áreas em que as pessoas exercem as suas profissões a maior parte delas não têm o chamado brio profissional, será que caiu em desuso, ou o seu significado não diz nada há maior parte das pessoas?

Henrique Pratas

 

 

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