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AVISO PRÉVIO

04-01-2019 - Francisco Pereira

Começo por desejar um excelente novo ano a todos os leitores do Notícias, mantenham a esperança de dias melhores pois isso é a única coisa que vos resta. Feito o intróito da praxe, sucinto e sem abusar da lamechice pateta da quadra vamos ao que interessa, Portugal o país do “Aviso Prévio”.

A grande maioria das desgraças, das roubalheiras e da patifaria geral associada ao sector Estado seria bastante mitigada acaso existisse algo que se assemelhasse a uma inspecção que fiscalizasse a aplicação da muita legislação que as senhoras e senhores de cu alapado nos estofos parlamentares acham por bem parir em desmesuradas leivas, levantando autos e instruindo processos contra prevaricadores, seria uma inspecção que para cúmulo do bom senso, efectivamente protegeria o cidadão, a coisa pública e a segurança do Estado, infelizmente não possuímos nada que remotamente se assemelhe a isso.

Aquilo que possuímos enquadra-se na regra geral deste país que é o faz de conta. Fazemos de conta que existe uma inspecção, fazemos de conta que existem organismos dotados de meios humanos e materiais, que com isenção, correcção e determinação zelam pelo cumprimento de Leis, regras e normas que servem para o bem do Estado, erro crasso, Portugal não possuiu nada disso.

Começamos logo com algo que é per si revelador do cariz “faz-de-conta” disto tudo que é a figura do «Aviso Prévio», que obriga a que não sei quantos dias antes a entidade fiscalizadora avise a entidade fiscalizada que vai lá fiscalizar, meus caros amigos se isto não é uma anedota perfeita, não sei o que será humor.

Quando passei pelas Forças Armadas recordo as visitas “inopinadas” dos senhores Ministros ou dos Chefes de Estado Maior, sempre anunciadas com pelo menos 15 dias de antemão para que houvesse tempo para varrer o lixo para debaixo do tapete, era lindo de se ver, o senhor Ministro a deambular entre messes, nesses dias sempre com rancho melhorado como se por mero acaso se comesse arroz de marisco na messe de praças todas as semanas, pelas camaratas reluzentes e ainda a cheirar a tinta fresca, com ar agradado seguido da habitual matilha de sabujos lambe botas e pronto estava a visita feita mais umas gaitadas da fanfarra, apresentar armas descansar à vontade, adeus e até para o ano ou se calhar até nunca.

Ao que me consta está tudo igual, veja-se por exemplo a inspecção escolar, a que se deveria chamar turma da burocracia, pois a sua inspecção limita-se aos papeis, papelinhos e demais burocracias parolas, porque a existir uma inspecção digna desse nome bem mais de metade das escolas públicas estava fechada, isto é para termos uma ideia da realidade mentirosa e trapaceira destas inspecções, a que posso juntar as outras todas pois é tudo farinha do mesmo saco, ainda que, e bem, em legislação recentemente saída, o aviso prévio, para inspecções de cariz ambiental deixou de ser obrigatório, saúde-se o excelente exemplo que deveria ser extensivo a todo o resto eliminando essa coisa esquizofrénica do aviso prévio.

Resumindo, num país onde existisse uma fiscalização digna desse nome, muita corrupção, muito disparate e muita desgraça se evitaria, Seria necessário investir, claro que sim, mas muito mais gastos se evitariam e estou em crer que muita receita se arrecadaria, isto se fossemos sequer um país, infelizmente não somos, infelizmente somos uma agremiação de palhaços que se diverte a brincar aos Estados, não passamos disso, de uma tropa fandanga de seres apatetados e medíocres que adoram o faz de conta, infelizmente não passamos de pardieiro com aviso prévio.

Francisco Pereira

 

 

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