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Dos asnos, dos ladrões, dos ignorantes e dos labregos, e dos muitos que os há!

23-11-2018 - Francisco Pereira

Há tantos burros mandando;
em homens de inteligência,
que, às vezes, fico pensando;
que a burrice é uma ciência.

António Aleixo – 1899 — 1949
Poeta

Está este país continua, como estava quando o grande Aleixo escreveu a quadra acima transposta, cheio de asnos, ladrões, ignorantes e labregos, os dois casos relativamente recentes aos quais vou hoje dedicar umas linhas são disso um emblema.

O caso de Tancos é como muito bem disse Freitas do Amaral “…uma vergonha nacional…”, mais uma das vergonhas e das barracadas a que esta tropa fandanga politiqueira nos tem habituado ao longo destes últimos quarenta anos de trapalhadas, ninguém sai dali de cara lavada, os partidos do chamado “Arco do Poder” também conhecidos pelo menos edificante epíteto de “Chusma de Vigaristas”, tem todas as responsabilidades neste estado de miséria. O pior é que conseguiram transformar um vergonhoso e perigoso caso de assalto e roubo de material de guerra num paiol de armamento das Forças Armadas numa corriqueira guerra de capelas tão ao gosto nacional.

Uma das artimanhas que por vezes assistimos nos filmes de detectives, é esconder um crime com outro, para que aquele que realmente não se quer ver descoberto passe entre os pingos da chuva. O roubo de armamento em Tancos parece-me ser um desses casos. Reparem que ninguém está preocupado em perceber como foi possível que um qualquer pilha galinhas roubasse armamento de um paiol das Forças Armadas de um país soberano, reparem que ao contrário do que foi veiculado, pura contra informação para intoxicar, não foi o assalto efectuado por nenhuma tenebrosa organização terrorista, antes por um pilha galinhas comum, o que nos devia fazer temer o pior sobre como está o armamento nacional defendido.

Reparem que ninguém está preocupado com o que foi roubado, nem com a aparente confusão dos sistemas de inventário e muito menos preocupação existe com o facto de saber para onde foram as munições que não apareceram. Agora à pressa os senhores deputados criaram uma daquelas suas comissões patéticas, onde durante semanas, quiçá meses vão dar ar à boca fazendo de conta que ali está a acontecer algo de importante.

Pessoalmente o que eu gostava de ver esclarecidas, são questões que permanecem sem resposta; quem fez o assalto, para além do pilha galinhas que está preso, quem o ajudou, de dentro porque aquilo tresanda a esquema com gente do interior do Exército, quantas vezes já dali terá desaparecido material, para onde foi o material roubado e não recuperado, haverá ligação com o roubo das pistolas da PSP, porque razão estariam a proteger o ladrão, quem está realmente por detrás deste roubo?

O segundo caso prende-se com a questão do senhor Silvano e da sua famigerada palavra-chave que é mais conhecida que a Chica Zarolha puta famosa da recta do Cabo.

Este episódio revelou a indigência intelectual de um parlamento que é bem o espelho da Nação. Mal contentes com a paródia, enviaram para a televisão uma senhora deputado do Minho, que deve ter feito todos os minhotos genuínos querer borrar a cara de preto para melhor se poderem esconder, a senhora Emília teria feito melhor se tivesse optado por uma pequena nota escrita, ao invés colocou-se à frente das câmaras da televisão e foi o que se viu uma anedota pegada, um dos mais bem conseguidos atestados de burrice que já vi, passado por alguém a si mesmo, se dúvidas existissem sobre a qualidade, muito baixa, dos deputados da Nação, aquela senhora dissipou-as em dois minutos, tempo ao fim do qual todos percebemos a corja que para ali vai e nem foi precisa a tirada de muito mau gosto e falta de educação sobre as virgens, ficando nós sem perceber o que teria isso que ver com o tema.

A senhora Emília revelou ao público a mediocridade ética dos senhores deputados, aqui generalizo correndo o risco calculado de injustamente ofender a alguns deputados, bem poucos serão infelizmente, de honestidade e perfil ético inquestionáveis. Este episódio profundamente triste, só revela que o analfabetismo digital não grassa apenas pelos comuns utilizadores das redes sociais, antes cala bem fundo nas pretensas “elites” e digo pretensas porque com comportamentos como os que observamos esta gentalha de elite não tem absolutamente nada.

Se ao episódio da palavra-chave do senhor Silvano, juntarmos as viagens fantasma, as moradas falsas os curricula aldrabados mais todas as trafulhices que volta e meia surgem à tona sobre os senhores deputados, temos um claro quadro sobre este país, somos efectivamente um país de asnos, de ladrões, de ignorantes e de labregos.

Francisco Pereira

 

 

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