Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 19 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

RECORDANDO OS PRINCIPAIS ACTORES DA ACTUAL DESORDEM MUNDIAL –
OS PRESIDENTES BUSH

16-11-2018 - Pedro Pereira

A partir de finais da 2ª Grande Guerra Mundial, os Estados Unidos da América começaram-se a afirmar como uma potência imperial militar. O anúncio foi dado às restantes nações do planeta, com a largada das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaqui .

A partir de então, os EUA não mais deixaram de se encontrar em conflito político-militar, directa ou indirectamente por todo o planeta, a começar pelos estados sul-americanos que hoje em dia, com excepção de Cuba, são uma espécie de suas herdades, passando pela Coreia, Vietnam, Afeganistão, Haiti, Iraque, Líbia, Síria, etc., sem falar do golpe de mão para prenderem o presidente do Panamá, o general Noriega, que meteram a ferros nas masmorras do EUA (já faleceu entretanto).

Se é certo que a intervenção dos Estados Unidos na 2ª GGM, contribui decisivamente para a vitória dos aliados sobre os nazis e por isso, a Europa tem uma dívida de gratidão para com os americanos, por outro lado, destroçadas pela guerra as grandes potências europeias (Alemanha, França, Inglaterra…) e quebrada a sua influência e domínio político e económico sobre territórios do Médio Oriente, de África e por aí fora, os EUA ficaram com o «campo livre» para ditar as regras do jogo em campos antes dominados por esses países europeus.

A máquina de guerra americana, que se desenvolveu extraordinariamente a partir do momento em que os americanos intervieram na 2ª GGM não mais parou de crescer, porque essa passou a ser a indústria exportadora número um americana . Eles são os aviões, os helicópteros, os navios, os submarinos, os veículos de todo o género, o armamento, as munições, as rações de combate, os fardamentos e equipamentos, os medicamentos, os combustíveis e, hoje, cada vez mais, também os componentes electrónicos em terra, no mar, no ar, e aeroespacial.

Com o fim do conflito mundial gerou-se um clima de tensão político-militar entre nações, que em alguns casos haviam estado juntas no combate ao inimigo comum, ou seja, as potências do Eixo (Alemanha, Japão, Itália…). Concretamente, os Estados Unidos e a União Soviética, gerando entre estes países o que foi denominada de «guerra-fria». Os EUA viriam a ser os promotores da NATO, aglutinando vários países ocidentais incluindo Portugal. Por sua vez a União Soviética criaria o Pacto de Varsóvia, que incluíram no seu seio vários países de Leste, que após a queda do Muro de Berlim em Novembro de 1989 se democratizaram, desligando-se da URSS, ela própria fragmentando-se e entrando na via democrática pela batuta de Mikhail Gorbachev, transformando-se numa Federação de Estados, a Federação Russa.

Terminavam assim, quatro décadas de tensão política/militar permanente tendo como protagonistas as duas maiores super-potências do planeta: os EUA e a URSS. Foi, portanto, nesta etapa da História, que a América entrou em crise económica, porque a guerra-fria implicava uma permanente corrida aos armamentos, por parte das super-potências.

A crise instala-se e as indústrias da guerra americanas e suas associadas começam a perder biliões de dólares. Havia que se «inventar» um novo inimigo, para continuar a alimentar a indústria da guerra, dado que os regimes comunistas se haviam finado. «Inventou-se» assim, o «Eixo do Mal» (Irão, Iraque, Coreia do Norte, China, etc.).

Numa primeira fase, o presidente Bush pai e, posteriormente, numa segunda edição revista e aumentada, o Bush filho que veio também a ser presidente. O pai escaqueirou o Iraque na primeira guerra do Golfo, a pretexto da defesa do regime feudal do Kuwait cujo território havia sido invadido pelas tropas de Sadam Hussein. Porém, a realidade era bem diferente. Tratava-se da defesa dos poços de petróleo americanos.

No seu mandato o Bush filho, por seu turno, escavacou o miserável Afeganistão, porque os Talibans eram uns tiranos e, por último, acabou de vez o trabalho do pai, no Iraque, porque existiam por lá enormes arsenais de « destruição maciça», mais os rentáveis poços de petróleo que bem falta fazem para alimentar a indústria americana.

Assim que chegou ao poder, em 2001, George W. Bush, talvez pelo facto de ser natural do Texas e ter visto muitos filmes de Cow Boys, criou uma cóboiada, traduzida pela implementação do projecto de um escudo anti-mísseis denominado Guerra das Estrelas, à revelia dos tratados internacionais assinados entre os EUA e a desmantelada URSS durante a guerra-fria e recusou-se a assinar o Protocolo de Quioto, dando assim o mote ao seu rumo de governação, marcando bem a posição de confronto com todos os países que não se acolherem à órbita da América .

Não deixa de ser insólito notar, que Bush foi eleito com menos votos expressos que o seu rival democrata Al Gore, num burocrático e complexo sistema eleitoral e jurídico, que nem numa república bananeira seria possível. Com Bush foi possível, pois se a sua campanha política até foi subsidiada por empresas de armamento, petroquímica e farmacêutica, entre outras…

Os atentados do 11 de Setembro de 2001 foram o pretexto que lhe faltava para implementar um programa de supressão de várias liberdades individuais à revelia da Constituição americana, e de intervenções militares contra os terroristas . Estes atentados foram classificados por ele como um acto de guerra, proclamando que, «esta é uma guerra do bem contra o mal, e o bem vai vencer», conseguindo para actos militares a aprovação pelo Congresso de um orçamento suplementar de 40 biliões de dólares. Assim, empunhando a bandeira da guerra contra o terror, Bush levou o exército americano a diversos países em conflito.

O apelidado programaGuerra das Estrelas, partiu de uma ideia lançada pelo presidente Ronald Reagan, em 1983, com o fim de proteger os Estados Unidos de ataques nucleares, que então foi baptizado de, «Iniciativa de Defesa Estratégica».

Embora existam indícios de que Reagan e parte substancial do Pentágono acreditaram na viabilidade do escudo espacial para proteger os Estados Unidos, a verdade é que para muitos sectores do governo e da sociedade esse não foi pensado apenas como uma arma estratégica. Para o Pentágono e para a indústria bélica e aeroespacial, significava um substancial aumento de disponibilidade de verbas e um grande motor para imprimir mais força e velocidade produtiva à superioridade tecnológica americana no mundo, enquanto que para a linha dura do governo de Reagan, era uma forma de pressionar a União Soviética forçando-a a criar algo do género, o que pôs em pânico a cúpula do regime soviético com essa possibilidade, uma vez que a economia desse país, já em plena decadência, não tinha capacidades de competir na corrida. Foi a visão dessa limitação que contribuiu para a ascensão de Mikhail Gorbachev e das suas propostas, em 1985, para reformar o seu país.

Terminada a Perestroika e a União Soviética, as justificações para um escudo espacial daquela envergadura, terminaram. Mesmo assim, dezenas de milhões de dólares foram aplicados no desenvolvimento da tecnologia do escudo do Governo Bush, ideia que se foi desenvolvendo de forma mais ambiciosa, baseada em mísseis de terra, com o único objectivo de proteger algumas áreas-chave do território americano.

O governo de Clinton continuou a investir no projecto, mas com um objectivo mais abrangente: uma rede de radares, satélites e mísseis anti mísseis e por aí fora. No entanto, Clinton, apesar de autorizar o desenvolvimento da tecnologia, preferiu deixar para o seu sucessor a decisão de instalar ou não o sistema.

Em termos militares este projecto encaixa-se como uma perfeita luva na actual doutrina militar americana : a guerra só pode ser feita desde que não existam riscos de civis ou muitos militares americanos morrerem. Porém, este escudo não é simplesmente uma arma. Representa uma forma de injectar rios de dinheiro na indústria aeroespacial, bélica e electrónica norte-americana, garantindo o seu predomínio nesses ramos por muitos anos. Cortar nos programas sociais e investir na indústria bélica, é uma tradição republicana que George W. Bush não quis quebrar.

Se o escudo espacial funcionar, consolidará ainda mais a supremacia militar americana e tem a virtualidade de reduzir a Rússia e a China à categoria de potências militares de segunda classe. Por seu turno, os europeus ocidentais também não se sentem tranquilos com essa demonstração de poder e da superioridade bélica dos EUA, no entanto, nem a China nem a Rússia tem condições de impedir os desejos de Washington e muito menos de criarem algo para contrapor ao projecto dos Estados Unidos.

O poderio militar americano é, incontestavelmente, dominante a nível planetário. Mais de 250 mil homens encontram-se permanentemente no activo, milhares de aviões, navios, porta-aviões e muita tecnologia suportam as ambições dos executivos norte-americanos. Uma palafrenália de armas secretas ou semi-secretas, como tanques e helicópteros cada vez mais sofisticados, projécteis de maior alcance, mais rápidos e capazes de produzir maiores danos ao inimigo, enquanto que a orientação por satélite aumentou a precisão dos mísseis. A bomba T, que cria uma parede de fogo, a secreta bomba E, que derrete circuitos eléctricos e as bombas Daisy Cutter, entre outras armas secretas, complementam este quadro de terror.

Chegados a esta etapa recordatória de tempos recentes que conduziram o mundo ao actual clima de tensão político-militar, só nos resta perguntar: Qual é o episódio que se segue?

Pedro Pereira

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome