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O LIVRE ARBÍTRIO

26-10-2018 - Francisco Pereira

O encontro fora marcado a seu pedido, no entanto no dia aprazado o cavalheiro não fora ao tal encontro que o próprio havia solicitado. Problemas familiares, invocara o rapaz, uma prima fora abandonada à porta de casa pelo alegado marido, que posteriormente se tinha posto em fuga, logo por causa de umas “leis próprias” deste tipo de seita, tios, primos e demais família foi a correr ver se dava com o fugitivo, para o espancar, que entretanto alertado e ciente de que estaria a violar as tais “leis” escapulira para França. Eles eram casados, apenas pela “lei” da seita, não possuindo documentos oficiais que confirmem esse casamento. Por isso o rapaz ali à minha frente vinha pedir para marcar novo encontro.

- Mas que têm vocês que ver com isso? – questionei eu na minha santa inocência.

- A nossa tradição é assim – respondeu-me a criatura.

- Mas em Portugal existe a Lei… – continuei eu.

- Pois mas a gente tem as nossas… – respondeu-me novamente.

Desisti, não me pareceu inteligente continuar com aquela conversa, até porque já a tive outras vezes com os mesmos resultados, como é que se pode argumentar contra semelhantes argutos argumentos de gente habituada à mais completa impunidade?

A criatura que tinha à minha frente tem 30 anos, é analfabeto, se passou pela escola foi seguramente para os país puderem receber um qualquer dos muitos subsídios que recebem, não sabe fazer absolutamente nada, em 30 anos trabalhou apenas recentemente pela primeira vez e só durante 3 meses.

- Sabe é que não nos dão trabalho a nós… – diz-me com ar compungido, um ar tristinho de quem espera o dó do outro, corre-lhe mal no meu caso, ando por cá há demasiado tempo para ter dó, em especial de gente desta igualha.

Podia ter-lhe dito que conheço gente da sua “seita” que vive aqui perto de mim há décadas, que sempre trabalharam e sempre tiveram empregos normais, que sempre lhes deram emprego, que chegaram inclusive a funções de chefia dentro das instituições onde trabalham, nunca abdicaram e muito bem da suas raízes, começaram foi desde cedo a perceber que estudar, respeitar os outros e cumprir as regras é meio caminho andado para ninguém os chatear, respeitem os outros e serão respeitados, estes que conheço ao invés da típica vitimização, praticaram desde sempre a plena integração, por tal são respeitados ninguém tem nada que lhes apontar, se uns conseguem porque é que outros insistem em comportar-se como selvagens? O livre arbítrio que por exemplo nos pode fazer ou não escolher o melhor caminho parece nesta gente sempre condicionado e inclinado para o mesmo, como pode um país dito civilizado e democrático permitir este tipo de comportamentos meddievais?

A resposta é simples, porque a solução dos excelentes governantes que temos têm sido despejar dinheiro em cima dos problemas, sem responsabilizar ninguém, enquanto formos um país sem responsabilidade, onde a impunidade é regra, não se espere pois nada de diferente.

Francisco Pereira

 

 

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