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INTERVENÇÃO DIVINA

17-08-2018 - José Janeiro

Que têm em comum, o Trump, o Marcelo e o Ergodan? Todos são presidentes dos seus países e todos acreditam na intervenção divina para resolver as coisas cá em baixo.

Por si só já é idiota acreditar que um tipo que anda a pular de nuvem em nuvem, como elefante numa loja de cristais, intervenha nas coisas terrenas de forma eficaz, nunca o fez e nunca o fará, por ser superior a essas coisas.

Enquanto Trump enche a boca sobre deus, o tal “ so help me god”, Marcelo é mais humilde e prosaico e diz que a sua recandidatura estará nas mãos de deus, por apenas ele o saber, já o Ergodan, com a recente crise da Lira Turca, colocou nas mãos de alá, o tal deus de lá, a resolução da crise, não deixando de ser mais terreno e pedir aos concidadãos que peguem no guito que possam ter debaixo do colchão, o ouro e tudo o que mexa e os transforme em Liras para que as comprem, evitando a queda da coisa.

Outros há, como os evangélicos brasileiros, que pretendem tomar o poder para que o dizimo não se perda nas teias da populaça sempre no maior espírito divino da coisa.

Não sei o que deus pensa disto tudo, já tentei ligar-lhe mas parece que com tantas preces a coisa está difícil e dá sempre ocupado. Os canais habituais, como padres, figuras de pau ou de outro material terreno, ouro, prata e as velinhas habituais não parecem surtir efeito por não serem canal directo para com a divindade.

O que sei mesmo, no meio disto tudo, é que o tal deus é o culpado destas coisas terrenas por ter criado um manicómio redondo e em vez de uma pitada de idiotas ter despejado o frasco todo, acreditando, os idiotas, que assim ganham o reino dos céus... por evocarem o nome do tal deus em vão, que parece ser pecado.

Mas não acabam, nem se esgotam aqui as intervenções divinas, temos os ratos de sacristia que em geral são lideres políticos, ou de índole próxima que se acham bafejados pela graça do espírito santo batendo com a mão no peito e prometendo benesses a deus em troca do que têm, mas no final são apenas pobres de espírito, preferem o TER ao SER, tristemente de mingua humana.

Estudos publicados, indicam-nos que o velho principio “da merda ser a mesma, apenas as moscas variarem” se aplica à nossa classe política do antes e depois, tendo por base a mudança de regime há mais de 4 décadas, verificamos que o antes e depois se mantiveram inalterados e que continuamos a ter os mesmos principos básicos na sociedade em que apenas chegam ao topo os filhos e enteados daqueles bafejados pela divindade... os restantes ímpios e pouco inteligentes vão votando naqueles que lhes prometem o céu e a vida eterna de nuvem em nuvem. Entregam-se assim nas mãos dos deuses despudoradamente, porque sim e por iluminação divinatória.

Se pensam que apenas os políticos, políticos estão iluminados pela divindade e superiores, por isso, a estas coisas terrenas? desenganem-se! Soubemos que o Juiz Neto Moura, o tal que se iluminou num livro de mais de 6000 anos para justificar o acto agressor de um marido à mulher, achou-se acima da lei terrena, que ele devia defender, e na opinião dele, devia e podia circular sem chapas de matricula coisa que apenas a plebe tem como dever.

Interpelado, socorreu-se da lei divina, que apenas ele conhece, para em conluio com um seu apaniguado conseguir a condenação depois de ter perdido na 1ª instância, recorrendo ao logro e ao engano. “Graças a deus” que há justiça neste país, olha se não houvesse e se fosse o diabo a tomar conta disto? Então isto seria um forrobodó, assim é só divino.

È também a divindade que se encontra em 66% dos não votantes e abstencionistas crónicos que entregam assim nas mãos dos endeusados a governança deste país e que depois esfarrapam as vestes e puxam os cabelos quando os endeusados fazem toda a trampa para os defraudarem.

E tudo fica na santa paz do senhor, o tal deus invisível e acima de todas as coisas criador do universo e do céu e da terra como rezam os cânones da santa madre da igreja, no vinde a mim os pobrezinhos, se esquecem facilmente que os pobres, pobres que morrem de fome e nos tratamentos desumanos dos demais, apenas conseguem que sejam abordados pelos pobres de espírito. “É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus” (mateus 19:24), olha se não fosse assim, então estaríamos entregues à bicheza, assim apenas ás bichas malucas que vão saindo do armário, por ser moderno e que vão ocupando a sociedade em ideologias citadinas e pouco lógicas para o desenvolvimento humano. Para onde caminha uma sociedade que se está a formar e a dar mais importância ao ridículo do que à construção do ser humano e a resolução dos problemas e diferenças da humanidade? Quando deus é mais importante que uma criança com fome, ou um sem abrigo, quando um animal é humanizado, sem a preocupação do ser humano, não se entendendo que ambos são prioritários, quando poucos têm tudo, menos o ser, e não se preocupam com os que moram ao lado e que nada têm, quando a indiferença toma conta das pessoas e o que os move é apenas a emoção do momento, para no segundo seguinte se esquecerem, temos a tempestade perfeita para terminarmos muito mal neste planeta... e não haverá divindade que nos salve de nós próprios.

Reflitam e até para a semana.

José Janeiro

 

 

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