Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 29 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

ONDE ESTÃO AS BORBOLETAS E AS ABELHAS?

13-07-2018 - Francisco Pereira

Não sei se já se deram conta desse pequeno nada, talvez porque seja um pequeno nada, poucos tenham dado por ele, mas onde estão as borboletas? Onde estão as abelhas? Onde estão todas essas maravilhas aladas, que tanta importância tem para a existência deste Mundo, pois que sem elas, acabamos!

Há uns anos, era eu um fedelho, viam-se aos centos, voltejando por todo o lado invadiam as ruas, os quintais, as hortas os pomares e as vinhas apareciam em todo o lado e por toda a parte, eram presença indispensável nos jardins, agora, infelizmente já quase não aparecem em lugar nenhum, ou se aparecem, aparece uma ou outra tímida e triste, tão triste que dá pena.

Para onde foram? O que as fez desaparecer? Onde estão as abelhas e as borboletas da minha infância? Mesmo as mais comuns como a borboleta da couve ou a sarapintada, desapareceram, nunca mais vi uma flâmula ou uma ariana, muito menos a rabo-de-andorinha, ou a linda enxofrada, também as traças e mariposas nocturnas deixaram de se ver, bem como os fantásticos enxames de besouros que pululavam por cima das flores da laranjeira que perfumavam com o seu aroma adocicado os fins de tarde dos verões de há 40 anos, onde estão?

Onde estão os verdilhões que se encarniçavam à volta da ameixoeira velha, debicando as grandes nódoas vermelhas e dulcíssimas que brotavam entre o mar revolto de verde, os pintassilgos e bicos de lacre, as pequeninas miritas e as felosas, a alvéola pousada no fio de secar a roupa, onde está a poupa com o seu belo “traje de luces”, rebrilhando por entre a erva alta, onde andam, por onde voam agora?

Onde anda toda esta vida que nos encantava com os seus voos, pios e trinados, onde voam agora, talvez só na minha imaginação, presa nesse passado ao qual não posso infelizmente voltar, enredada nas teias de aranha cheias de orvalho que pontuavam nas manhãs frescas desse doce tempo, onde estão as abelhas, onde estão as borboletas?

Quase que aposto que foram tragadas pelos carros, pelo alcatrão, cimentadas em camadas grossas de betão, gaseadas e envenenadas por milhares de gases venenosos libertados por pesticidas e por adubos, esturricadas, queimadas reduzidas a cinzas, mortas, esquecidas, por quem não acha que uma borboleta ou uma abelha seja coisa importante.

Devolvam-me já as minhas borboletas e as minhas abelhas, seus energúmenos, imbecis mangas de alpaca nojentos, que destroem esta terra com o desprazer e a insensatez dos pobres de espírito, trocaria alegremente uma borboleta por todos os campos de golfe e condomínios com piscina deste Mundo, de bom grado trocaria uma colmeia por auto-estradas e loteamentos por prédios e construções aberrantes que a súcia de imbecis que manda deixa plantar a cada esquina. Devolvam-me já as borboletas, as abelhas e a alegria de viver neste Mundo!

Francisco Pereira

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome