As Eleições Europeias estão aí, com os velhos interesses.
16-05-2014 - Eduardo Milheiro
Nos últimos tempos a coqueluche da época são as eleições europeias. Já aí estão, mas a grande dúvida que tenho é se são eleições europeias ou eleições legislativas, porque pelo lado do “Chamado Arco do Poder” (PSD/CDS/PS), para mim o nome mais correcto é o “Centrão dos Interesses”: não os vejo discutir a Europa e a Política Europeia.
As duas candidaturas, encabeçadas por Francisco Assis e Paulo Rangel, abordam o tema Europa de forma semelhante, existe convergência em quase tudo, se não vejamos: as grandes diferenças entre o PSD/CDS e PS:
PSD/CDS
Paulo Rangel |
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PS
Francisco Assis |
Assume-se Federalista.
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Assume-se Federalista. |
Defensor do Tratado Europeu - O conceito de «défice estrutural», nele incluído, é incompatível com qualquer Agenda para o Emprego e Crescimento.
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Defensor do Tratado Europeu - O conceito de «défice estrutural», nele incluído, é incompatível com qualquer Agenda para o Emprego e Crescimento. |
Reconhece os “benefícios” do princípio da “mutualização da dívida”.
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Reconhece os “benefícios” do princípio da “mutualização da dívida” |
Concorda com a aplicação da taxa TOBIN só para 2016.
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Concorda com a aplicação da taxa TOBIN só para 2016. |
Admite a introdução de um “imposto comunitário”, desde que “não se agrave a carga fiscal”.
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Admite a introdução de um “imposto comunitário”, desde que “não se agrave a carga fiscal”. |
Pacto Orçamental imposto por Ângela Merkel e já aprovado, em Portugal, pelo PPD/PSD, pelo CDS e pelo PS.
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Pacto Orçamental imposto por Ângela Merkel e já aprovado, em Portugal, pelo PPD/PSD, pelo CDS e pelo PS.
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PSD/CDS tem a sensibilidade social como marca.
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O PS tem a sensibilidade social que o PSD/CDS não tem. |
Como podem ver, é tudo farinha do mesmo saco, as ideias são as mesmas, não existem diferenças. A Europa é para continuar como está, caso os partidos europeus a que estes partidos pertencem ganhem as eleições, nada de original haverá, nada de mudanças.
Mais grave ainda, é que ao PSD/CDS/PS, lhes parece indiferente o avanço da extrema-direita europeia, como por exemplo em França, em Inglaterra, Finlândia, Áustria, Holanda, Grécia, etc, tudo isto culpa das políticas do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas.
Poderia também falar no que têm dito os chefes destes dois partidos sobre o nosso País, parecendo, como eu já disse, que já estão nas eleições legislativas e não nas europeias, mas quero destacar apenas estas duas: Passos Coelho: “Se houver condições poderemos baixar os impostos”; António José Seguro: “Não posso prometer baixar os impostos”. Considero que no caso de se tratar de eleições legislativas, poderíamos ter um governo PS/PSD/CDS, levando em linha de conta algumas declarações feitas por dirigentes políticos dos referidos partidos.
A conclusão a que chego é que o pensamento e prática política é a mesma e em relação à Europa a situação é igual, ou não fosse o SPD de Martin Schulz aliado da CDU de Angela Merkel, a tal que decreta as políticas económicas e sociais para a Europa, que como Philippe Legrain, ex-conselheiro do actual presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, diz no livro que acabou de lançar, ( European Spring: Why our Economies and Politics are in a mess) que grande parte da explicação da crise é que o sector bancário dominou os governos de todos os países e as instituições da zona euro.
Foi por isso que, quando a crise financeira rebentou, foram todos a correr salvar os bancos, com consequências muito severas para as finanças públicas e sem resolver os problemas do sector bancário, incorrecta a narrativa que os alemães contaram a si próprios de que a crise do euro teve a ver com o Sul a querer levar o dinheiro deles, mentira (!), foi para salvar Bancos Alemães e Franceses da falência, grande jogada de Merkel e Sarkozy.
Só uma mudança no xadrez político na Europa e no Parlamento Europeu pode mudar as políticas Europeias, onde o desenvolvimento da economia, a criação de emprego, e a coesão social possam ser os factores fundamentais do desenvolvimento europeu.
A esperança tem de existir, mas não é ficar de braços caídos ou não indo votar que podemos contribuir para resolver a crise. Por mim, tenho esperança que possamos dar uma volta ao texto, porque como podem ver no gráfico abaixo as coisas podem-se modificar e porque não termos Alexis Tsipras como presidente da Comissão Europeia.
Mas a minha grande esperança e o que eu defendo é que a esquerda chegue à conclusão que dentro do euro, teremos de andar sempre com a trela presa aos alemães e que a saída do sistema monetário europeu pode e será a nossa salvação, sob pena de deixarmos este papel de combate ao euro para a extrema-direita.
Eduardo Milheiro
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