Ideais/Utopias

22-06-2018 - Henrique Pratas

Foi com grande prazer que o li o artigo escrito pelo Pedro Barroso, que o Noticias de Almeirim por duas semanas publicou, ele colocou a tónica no local certo, o que nos faz viver são os nossos sonhos, ideais ou utopias como queiram, o que é facto é que sem eles não vivemos sobrevivemos. Gostei do que li e levou-me a pensar no seu conteúdo e o Pedro Barroso tem toda a razão no que escreve. Hoje olhamos para a sociedade e são poucos os que sonham, que tem ideais ou utopias, será como como dizia a letra de uma canção “já nos cortaram a raiz ao pensamento”?

Da observação que faço acho que sim a maioria dos cidadãos já sofreu deste mal, cortaram-lhe a raiz ao pensamento, será este um sinal dos tempos dito evoluídos, não o creio, mas é assim que o vejo, o vil metal sobrepõe-se a tudo e as pessoas na generalidade só pensam no “vil” metal, valores, princípios, educação, solidariedade, fraternidade, igualdade, partilha são palavras vãs.

A maior parte dos cidadãos foram apanhados pela corrente do consumismo, longe vão os tempos em que as pessoas se sentavam a conversar, a trocar ideias, aliás foi assim que alguns mais dotados para a escrita e para a música encontraram o mote para escreverem os seus livros ao compor a letra das suas músicas, para além destes que não possuíam estes atributos existiam aqueles que de umas parcas palavras construíam um conversa que alimentava uma noite inteira e que bom que era, o resultado em termos financeiros era nulo, mas em termos de ideias era riquíssimo, é pena que não tenha sido humanamente possível guardar, para memória futura, todas estas conversas, porque a maior parte delas estão carregadas de “sumo” e são intemporais.

Para os mais velhos foram estas “conversas” que nos acompanharam ao longo da vida e que nos ajudaram a passá-la umas vezes com maior fluidez outras com menor, mas os anos foram-se passando com esta ajuda extremamente importante para quem teve a oportunidade para as poder usufruir.

Nos dias atuais afigura-se-me que as pessoas se afastam cada vez mais de tudo e de todos, alguns por força das circunstâncias da vida outros porque entraram neste novo modo de vida que se pauta em ser cada um por si, vive-se cada vez mais isolado da sociedade que nos rodeia, a chancela do “ orgulhosamente sós” marcou-nos para o resto da vida e o que me custa mais a aceitar é que alguns de nós lutou para que esta tendência se invertesse, mas consumados alguns anos cá está ela de novo a condicionar as nossas vidas, independentemente de se ter feito tudo ou quase tudo para que as coisas mudassem de rumo. Por alguma razão ela não mudou porque não quisemos, não fomos capazes ou porque esta forma de ser e de estar se entranhou nas nossas mentes e passou a fazer parte intrínseca da nossa forma de ser. Afigura-se-me que estamos perante um caso que deverá ser muito bem analisado, para que de facto saibamos com rigor se é que é possível conhecer as causas de tal comportamento.

O desrespeito, a voracidade com que se consome e utiliza o espaço que é de todos está a tornar-se de tal maneira incómodo, e que tem sido relatado no Noticias de Almeirim, está a tornar-se como uma prática comum, colocando os cidadãos que cumprem e respeitam todas as regras de uma boa convivência em sociedade, completamente encostados à parede e a pensar será que vale a pena ser como sou.

Os ideais são o nosso “alimento” que necessitamos para poder continuar a sermos o que somos, mas com tanta machadada, porrada e atropelos por vezes colocar em causa se vale a pena sermos como somos, mas como nascemos assim, já não vamos mudar e para mais difícil que seja iremos ter sempre presente uns ideais, uma utopia pela qual continuaremos sempre a lutar, porque só assim nos consegue manter vivos e dignos.

Henrique Pratas

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