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A Débil Estrutura Económica Portuguesa

15-06-2018 - Pedro Pereira

Cada família é ou não infeliz à sua maneira, sendo que no caso de Portugal a infelicidade é maior que a felicidade no seio das famílias.

Economias problemáticas como as de Portugal, Espanha, Grécia, Chipre, Itália… possuem em comum o euro, assumidamente uma moeda problemática. Uma moeda fiduciária inventada por burocratas tinha de acabar por ter este resultado…

A Grécia é um corpo com graves problemas estruturais, a Espanha e a Irlanda encontram-se na mesma senda e a Itália está à beira da catástrofe.

Portugal é ator e vítima de uma das maiores e mais silenciosas catástrofes da memória económica europeia de que há registo histórico . Encontra-se afundado nela, tragédia disfarçada graças a uma comunicação social domesticada obediente à voz da geringonça. Não obstante, as suas razões não são totalmente claras.

Em 2001, Portugal aparentava estar corajosamente pronto para embarcar num novo e promissor futuro económico. No último quarto de século anterior (séc. XX) tinha assistido à mudança da ditadura mais antiga da Europa para um regime democrático e, aparentemente, os resultados eram positivos. Pese embora as assimetrias em alguns sectores e as bolsas de pobreza que se observavam (bairros insalubres, por exemplo) essa pobreza relativa prometia vir em breve a desaparecer do cenário da nação.

Com o advento do euro em 1999, a adoção da moeda comum tinha passado a significar uma maior integração e agilização nas transações de Portugal com os principais parceiros comerciais e menores custos nos empréstimos, sendo que ambos eram passíveis de augurarem algo de bom e promissor. Porém, não foi assim que os acontecimentos se sucederam.

Entre 2000 e 2012, a economia de Portugal cresceu menos do que a dos EUA durante a Grande Depressão ou o Japão durante a década perdida . O crescimento económico foi medíocre. Não obstante e incrivelmente, Portugal aparentou ser um país mais rico nesses 12 anos.

Com base nestes factos, estamos perante um romance policial económico de mistério sem – aparentemente - culpados.

Portugal sofre de problemas estruturais reais mais graves do que a Espanha e a Grécia . Por sua parte, o sector financeiro de Portugal é em boa parte culpado; nestes últimos anos e até ao início da derrocada da banca nacional, a maior fatia dos empréstimos concedidos não foi nem mais nem menos do que um gigantesco desperdício de dinheiro em projetos e empresas (sobretudo no âmbito da cultura da pequena empresa) que à partida eram de duvidoso futuro, tanto assim que a maioria dos beneficiários (a maior parte deles falidos pelo caminho) nunca tiveram chance de pagar os empréstimos.

Atente-se que a economia do país de há muitos anos para cá que tem assentado na pequena e média empresa.

Os bancos portugueses fizeram deste molde más apostas que se saldam hoje na ordem de milhares de milhões de euros «a fundo perdido».

Acresce que parte dos países do sul da Europa, Portugal incluído, sofre de forma «endémica» ancestral de muita corrupção e desregulação.

Em 2013, numa pesquisa internacional, a Gallup classificou Portugal como um dos países mais corruptos do mundo , com base nas perceções dos portugueses e hoje, em 2018 mantêm-se orgulhosamente nesse pódio.

Esta «honrosa» posição é sobretudo constrangedora, numa altura em que a corrupção mais ativa se encontra relacionada com os negócios Portugal/Angola, este, reconhecido pela ONU como um dos países mais corruptos do mundo.

Um dos fatores que contribuem para a agilização da corrupção resulta do facto de não existir uma comunicação social verdadeiramente livre e sem censores , de acordo com a Transparência Internacional. Quanto maior a liberdade de imprensa, menor corrupção há, pelo facto de que existe precisamente maior transparência nas relações políticas e económicas. É fácil de constatar esta realidade nos países nórdicos, na Alemanha, na Suíça e outros.

Entretanto, em Portugal as empresas optam por ficar pequenas, porque tem sentido lidar apenas com pessoas em que se confia pessoalmente quando não se pode apelar de forma confiável às autoridades judiciais e do Estado em geral.

As empresas normalmente ficam pequenas e não se desenvolvem, porque as leis desreguladas tornam-no difícil e inibem o seu crescimento. A chamada «baixa-produtividade» deverá ser analisada neste contexto.

Desde 2008 que este panorama tem piorado, não apenas no sector das pequenas e médias empresas (PME’s), que tem desempenhado um papel maioritário na economia do país.

Por um lado, a austeridade (com o governo geringonço, encapotada) com a desproporcionada carga fiscal sobre as empresas e sobre os cidadãos, para além do assalto perpetrado pelo governo às pensões e reformas, vem esmagando os cidadãos. Por outro, as PME’s estão a enfrentar uma crise de crédito como não há registo.

Não é um problema particularmente português, mas é singularmente danoso em - e para – Portugal e os portugueses.

É evidente que nesta etapa da estória o país necessita da ajuda do resto da Europa para, finalmente, poder voltar a crescer. Isso significa a continuação de mais austeridade em termos salariais e de direitos laborais. O Banco Central Europeu (BCE) já descartou a possibilidade de um grande programa de empréstimos às PME’s, fundamental para Portugal se reequilibrar, na certeza de que a continuar a presente restrição ao crédito, dificilmente o país poderá ultrapassar a crise em que se encontra sistemicamente atascado.

Esta é assim a modos que a estória da «pescadinha com o rabo na boca».

Na verdade, o BCE nesta altura já deveria estar a tomar medidas para reavivar a moribunda economia do euro. Não é por acaso que na zona do euro as exportações de Portugal estagnaram; em parte porque se encontram por resolver os seus graves problemas estruturais e por outro lado, por falta de crédito bancário.

É por isso que a Europa tem de parar de insistir na punição como o caminho para a prosperidade. Se o não fizer, a ideia de sair do euro pode ganhar corpo e consistência em mais países europeus, seguindo o caminho da Grã-Bretanha.

É claro para os partidos estabelecidos em Portugal que se tal vier a acontecer, a partir de então irá naturalmente constituir-se um partido popular português de grande abrangência nacional, hipótese da qual o referidos agrupamentos políticos fogem como o diabo da cruz.

Pedro Pereira

 

 

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