Educação: sarilho para o Governo
15-06-2018 - Joaquim Jorge
O Ministro da Educação, Tiago Brandão meteu o Governo, num sarilho que, sendo assim, António Costa e o PS não vão ter a sonhada maioria absoluta, em 2019.
Os professores têm um problema muito grande de número e de dinheiro: são muitos quando há um aumento de vencimento nota-se bastante. Em contrapartida, tem uma vantagem muito grande, quando toca a fazer uma greve ou uma manifestação, ou a votar em eleições fazem sempre mossa.
O Governo e o Ministro da Educação têm memória curta. José Sócrates perdeu a sua maioria absoluta por ter afrontado desmesuradamente os professores e foi obrigado a sair. Mais tarde, foi Pedro Passos Coelho que perdeu a maioria e também saiu.
O Ministro da Educação não tem tacto e sensibilidade e mostrou indiferença para com os múltiplos problemas que se debatem os professores em Portugal. Reuniu-se com os sindicatos somente no final do ano lectivo e porque foi pressionado com o espectro de uma greve.
Mas o Ministro não ficou atrás fez um ultimato, ou aceitam um acordo ou não conta nenhum tempo de serviço. Esta não é a forma com que nos habitou António Costa a negociar. O ministro da Educação Tiago tem muito que aprender nesta matéria.
O seu fito é virar os professores contra os sindicatos e forçá-los a aceitar o inaceitável.
Há múltiplos questões a debater: contagem integral do tempo de serviço; regras próprias para aposentação dos professores; repor o horário em 35 horas semanais respeitando a componente lectiva, não lectiva e individual de trabalho. Repensar a municipalização e a gestão democrática nas escolas.
Os professores têm fama de nada fazerem e subirem na carreira automaticamente. Infelizmente tem fama, mas não têm proveito. Ao contrário dos deputados da Nação que ganham bem e têm subsídios para tudo e mais alguma coisa.
Os professores são uma classe decididamente em vias de extinção. No futuro próximo, em Portugal, ninguém vai querer ser professor e teremos que aceitar imigrantes para darem aulas. Em Inglaterra a maioria dos professores são indianos, em Portugal serão dos PALOPS.
O caminho para a solução deste problema é o governo aceitar que os professores são funcionários públicos, mas com uma especificidade muito especial, com uma política que se entenda.
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores
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