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MARECHAL GOMES DA COSTA
A ESTÁTUA DA POLÉMICA

11-05-2018 - Manelinho de Portugal

Foi com desagradável surpresa que tive notícia de que uma sra. deputada municipal de Braga eleita pelo Bloco de Esquerda, de seu nome Alexandra Vieira e suposta “historiadora”, chefiou na madrugada do passado dia 25 de Abril um pequeno grupo de pessoas que procedeu à cobertura por um trapo vermelho da estátua do Marechal Gomes da Costa existente naquela cidade. Segundo o site www.pressminho.pt , a dita sra. terá justificado aquela acção pelo facto de o Marechal Manuel Gomes da Costa ter sido “responsável, a 28 de Maio de 1926, pela implantação da ditadura militar que mais tarde deu origem à ditadura fascista”; e ainda que a escultura representaria “a implantação do fascismo em Portugal”.

Ora, de duas uma: ou sra. deputada -e pseudo-historiadora- é ignorante da História ou, não o sendo, agiu de má-fé

É no mínimo estranho, para não dizer acintoso, que no ano em que a 9 de Abril se comemorou internacional e nacionalmente o 100º aniversário da Batalha de La Lys - Flandres francesa- na qual, apesar de derrotada, a 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português se bateu heroicamente, contribuindo decisivamente para a capitulação germânica e armistício da Grande Guerra, ou I Guerra Mundial, a 11 de Novembro de 1918, pretenda apoucar e caluniar o Comandante de tal Corpo, o então General Manuel Gomes da Costa, falseando a História.

A gesta de La Lys, personificada pelo icónico soldado Aníbal Milhais, em boa hora mereceu a produção e realização de um excelente filme português intitulado “Soldado Milhões” (como aquele ficou conhecido), o qual julgo ainda se encontrar em exibição e que vivamente aconselho a ver. Milhais ou “Milhões” foi até hoje o único soldado raso português condecorado em teatro de guerra com a Ordem Militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito, exemplo máximo da heroicidade lusa naquela guerra

Manuel Gomes da Costa nasceu em Lisboa a 17 de Janeiro de 1863 e faleceu nessa cidade a 17 de Dezembro de 1929 com a idade de 66 anos.

Este grande militar participou nas campanhas de pacificação das ex-colónias portuguesas em África e nos territórios do Estado Português da Índia e, como acima se disse, enquanto general chefiou o Corpo Expedicionário Português na I Guerra Mundial.

À data do golpe de estado de 28 de Maio de 1926, de que foi o comandante operacional, Gomes da Costa era um militar altamente prestigiado e condecorado pela “República democrática” presidida por João do Canto e Castro: grande oficial da Ordem Militar de Aviz (1919), grande oficial da Ordem Militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito (1920) e grã-cruz da Ordem Militar de Aviz (1921), entre outras.

Na sequência de tal golpe, também denominado de “Revolução Nacional”, e que originou a Ditadura Militar ou Nacional, Gomes da Costa apenas assumiu e exerceu cumulativamente as funções de Presidente da República e de Presidente do Ministério (equivalente a Primeiro Ministro) por parcos 10 dias, isto é, de 29 de Junho a 9 de Julho de 1926.

Foi afastado do poder e exilado nos Açores pelo golpe de estado do General, e depois Marechal, Óscar Carmona, que se tornou Presidente da República “vitalício”.

A convite dos militares, Salazar exerceu em 1926, e por apenas 13 dias, as funções de Ministro das Finanças, mas não escolhido por Gomes da Costa. Foi Carmona quem em 1928 convidou o Professor da Universidade de Coimbra para Ministro das Finanças e em 1932 para Presidente do Ministério (governo), sendo que após a implantação do Estado Novo pela Constituição de 1933 foi reconduzido na chefia do governo com a designação de Presidente do Conselho de Ministros. Assim, Gomes da Costa nada teve a ver com o “pseudo-fascismo” salazarista.

Posto isto, não pode deixar de se dizer que a atitude da sra. deputada municipal de Braga e seu B. E. mais não tentaram, ou tentam, reescrever a História à boa maneira stalinista, adulterando-a e procurando confundir as pessoas menos informadas.

Já agora, deixo aqui 2 perguntas ao B. E.

1 – qual seria a sua reacção se os monárquicos, a 1 de Fevereiro, cobrissem de negro a campa de Buíça, assassino de El-Rei Dom Carlos I?

2 – qual seria a sua reacção se verdadeiros democratas e defensores da liberdade cobrissem de negro a estátua de António José de Almeida em Lisboa e se manifestassem contra a mesma por aquele ter pactuado com a “noite sangrenta” e sua “camioneta fantasma” (19 de Outubro de 1921), durante a qual foram assassinadas várias personalidades políticas por guardas da G. N. R. e marinheiros no Arsenal da Marinha, com especial destaque para o ex-Presidente do Conselho (1º Ministro) António Granjo, tendo empossado no cargo o autor moral dos assassínios e chefe dos homicidas Coronel Manuel Maria Coelho?

Já para não referir o assassínio do “Presidente-Rei” Sidónio Pais pelo anarco-carbonário José Júlio da Costa em 14 de Dezembro de 1918.

Bem andou o PNR – Partido Nacional Renovador ao promover e levar a cabo no passado dia 5 de Maio uma acção de “desagravo” da memória do Marechal Gomes da Costa junto à sua estátua em Braga e de defesa da manutenção da mesma..

Concluindo, direi que não há pessoas absolutamente boas ou más, ou que não mereçam aplauso pelas suas qualidades e boas acções, bem como crítica pelos seus defeitos e censura por má conduta. Agora, o que não é admissível é que de má-fé se desvirtue a História ao sabor das ideologias e interesses políticos singulares ou de grupo.

Manelinho de Portugal

 

 

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