MÁRIO CENTENO
27-04-2018 - Joaquim Jorge
Estou perfeitamente à vontade porque já critiquei Centeno, a propósito, da oferta de bilhetes para ver o Benfica.
Centeno escreveu um artigo de opinião no jornal Público para dizer ao que vem, como param as modas e marcar a sua posição:
“A credibilidade da política económica, 2017”.
O défice ficou 1000 milhões de euros abaixo do previsto há um ano no Programa de Estabilidade. Metade deste resultado deveu-se à menor despesa em juros, a outra metade foi possibilitada pelo crescimento económico. Centeno mantém inscrito no Programa de Estabilidade a meta de 0,7% de défice para 2018.
O BE não gostou e deu a Centeno até sexta-feira para recuar na revisão do défice. O BE endurece discurso e ameaça com possibilidade de instabilidade governativa, se o Ministro das Finanças insistir em ir além do acordado com Bruxelas, em vez de investir em serviços públicos.
Entretanto, Centeno foi chamado, por PSD e CDS ao Parlamento, que apresentaram requerimentos para que explicasse as restrições orçamentais na área da saúde.
O que se passa no Hospital de S. João não é culpa de Centeno. A haver culpas devem ser distribuídas pelo anterior governo de Pedro Passos Coelho, pela Administração do Hospital de S. João esta e anterior, pelo Ministro da Saúde e uma pequena parte por Mário Centeno que não disponibilizou as verbas.
A culpa quase sempre em Portugal morre solteira, mas no S. João a culpa não é de Centeno é de todos. É uma vergonha chegar ao estado que se chegou na ala pediátrica de Oncologia.
A classe política adora bodes expiatórios e assestar baterias quando há uma desgraça.
Noto que a classe política tem inveja de Mário Centeno ser presidente do Eurogrupo e procura denegri-lo e acusá-lo de algo, em que as culpas são de várias entidades e como ele é o último a batata quente estalou-lhe nas mãos.
O BE se esticar demasiado a corda e provocar eleições antecipadas pode ser seriamente penalizado. Ninguém quer um sobressalto político e eleições antecipadas. Marcelo Já avisou.
Por fim, Centeno pode demitir-se se não é respeitada a sua política económica, alegando falta de condições. Não faz sentido nenhum alguém ser líder da Europa e não cumprir no seu país o que pede para os outros países europeus.
"Depressa e bem, há pouco quem!". Este provérbio é muito curioso porque retrata fielmente a política portuguesa. É preferível não ter aumentos de ordenados e haver o controlo das contas públicas. É importante melhorar a vida das pessoas, mas é preciso fazê-lo com calma, bem pensado e estruturado, ou seja, devagar, para se ter tempo para se pensar em todos os pormenores a corrigir para evitar falhas.
Joaquim Jorge
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores
*escrevo ao abrigo do antigo AO
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