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Números e mais números….

06-04-2018 - Henrique Pratas

Nos últimos tempos só ouvimos falar de números a taxa de desemprego desceu ou subiu, consoante a variação dos números.

Ontem foi anunciado que a mesma tinha descido uma décima, pasme-se uma décima e isto constitui abertura dos noticiários televisivos. A mesma só poderá constituir notícia de primeira página por duas ordens de razão querem-nos fazer crer que de facto desceu mesmo e entramos no campo da comunicação em que uma mentira é repetida tantas vezes até que passa a ser uma verdade, ou pelo simples facto dos media constituírem um poder que ajudam os partidos políticos a fazerem passar a sua mensagem, de forma a intoxicar a população.

Também o Ministro das Finanças se atreveu a afirmar, no Parlamento Português, que o rendimento das famílias tinha aumentado apesar de a taxa de IVA ter crescido na ordem dos 16%. Das duas uma, ou querem fazer de nós parvos ou estão a gozar connosco.

Os números por si só não explicam nada o que importa saber e conhecer é o que é que está por detrás dos mesmos, assim relativamente ao facto de taxa de desemprego ter descido uma décima seria um bom indicador se a mesma coincidisse com o aumento do emprego produtivo, mas a verdade não é essa desceu essa décima porque o número de inscritos no Centro de Emprego diminui, ou o período em que as pessoas sem emprego estão a receber subsidio de desempego terminou e deixam de poder estar inscritas no Centro de Emprego, deixando automaticamente de fazer parte das estatísticas, o desemprego não diminuiu o que ocorreu foi que o número de pessoas inscritas, pelas razões que indiquei deixaram de o poder fazer. Já agora para os elucidar sobre a forma de funcionamento dos Centros de Emprego, há cerca de duas semanas falando com um técnico de um Centro de Emprego foi-me contado que as instruções que recebiam para o atendimento e colocação das pessoas que recorriam ao Centro de Emprego para colocação no mercado de trabalho eram apenas de 15 minutos, apenas e que não podiam exceder esse tempo. Fiquei estarrecido e argumentei dizendo que ninguém mas ninguém conseguia em 15 minutos avaliar o perfil do candidato a um novo posto de trabalho e colocá-lo em funções compatíveis com as suas aptidões é completamente impossível e corre-se o risco da pessoa com o perfil errado ir para a função errada dentro da empresa que está disposta a acolher o trabalhador e cria-se uma situação de desconfiança e de atrito por parte da empresa porque o Centro de Emprego lhe envia as pessoas com perfil não compatível com o que pretendem, gera-se em último caso uma desconfiança das Empresas relativamente às aptidões na colocação por parte do Centro de Emprego dos desempregados. Mas a ideia deles prevalece e é assim que funcionam, na minha perspetiva mal, mas o que interessa são os números. Ainda lhe disse que em vez de se chamarem Centro de Emprego deveria chamar-se Centro de Desemprego e a conversa ficou por aqui por vi que ele não me entendia, estávamos a falar de duas coisas completamente diferentes, eu queria fazer parte da solução ele queria fazer parte do problema.

Quanto a números não posso deixar passar em claro que os médicos nas Unidades de Saúde, nos casos de urgências, também têm no máximo 15 minutos para atender os utentes e no caso das consultas de rotina ou marcadas a longo prazo podem ir até aos 30 minutos.

Não entendo este critério de todo assim como não entendo o método que utilizaram para chegarem a estes tempos, mas de certeza que não se está a fazer um trabalho de excelência, nem de qualidade mínima, no que diz respeito ao Serviço Nacional de Saúde, onde se pretende um melhor nível de saúde para todos os portugueses.

Apenas nos atiram com números para cima e mais nada o que me interessa a mim de um médico vê não sei quantos doentes mas não os vê de uma forma profissional do ponto de vista clinico e deontológico. Andam a brincar com o fogo e vai haver um dia em que alguém se vai queimar com certeza.

Relativamente ao anúncio do Ministro das Finanças, em que as famílias tiveram os seus rendimentos aumentados, questiono que famílias é que ele se está a referir se são às famílias da classe politica e de outras classes privilegiadas, como a dos banqueiros e gestores de grandes empresas a funcionar em regime de monopólio como por exemplo a EDP e a GALP, esses sim viram os seus rendimentos serem aumentados, a outra parte da população viu os seus rendimentos baixarem tal e qual como aconteceu no Governo anterior, a diferença foi que o anterior Governo amentou os impostos, o Governo em exercício de funções aumentos os impostos indiretos, que a maior parte de nós não sente diretamente, mas quando vamos às compras dos bens alimentares, dos combustíveis, do gás, da eletricidade, do pão e outros bens considerados como essenciais para a sobrevivência do ser humanos, nós não podemos fugir a consumi-los pois a nossa sobrevivência está em causa e nesses como todos nós sabemos.

Como o povo sabiamente afirma “há muitas maneiras de matar pulgas”, mas não fação de nós gato-sapato e não nos vendam gato por lebre, porque o que fizeram foi aumentar os impostos indiretos por forma a iludir as pessoas para não sentirem diretamente no seu vencimento o designado “aumento bruto de impostos”, fizeram-no de uma forma mais ardilosa, mas o aumento dos impostos, no caso vertente dos indiretos é uma realidade que se repercute no poder de compra das pessoas, que passaram a ter o mesmo vencimento, porque as atualizações salariais, decorrentes do congelamento de carreiras e de progressões na carreira foram outra patranha. Não é por acaso que os trabalhadores lutam por aumentos salariais que há pelo menos 10 anos que não ocorrem.

Eu sou economista, economicista não sou e não serei, nunca enganei ninguém com números, porque estes apenas servem para ver o que é está por de trás, são meramente indicativos, o que temos que analisar e entender é o que é que eles significam de forma clara e objetiva e aplicar as medidas corretivas necessárias, sem mentiras, engenharias financeiras ou outras habilidades que só os pobres de espirito e de competência duvidosa se servem para poder viver ou sobreviver, no pântano que criaram e querem continuar a alimentar.

Não queria terminar este meu texto sem fazer referência a dois “fenómenos” que ocorrem na nossa sociedade. O primeiro deles tem a ver com o Novo Banco, foi nomeado um gestor de alto gabarito, escolhido a dedo e indicado por gente supostamente competentes e passado o tempo da sua nomeação até à presente data, somos confrontados com prejuízos astronómicos e o “excelente” gestor recorre ao Estado para lhe emprestar dinheiro para cobrir os prejuízos de 410 mil milhões de euros. Eu fica pasmado com estas coisas por um lado as entidades privadas defendem e o ex-dono do Banco Espirito Santo, agora denominado Novo Banco, que o Estado não deveria interferir na economia e que não era bom para as empresas que o Estado se intrometesse nas atividades das empresas ou das instituições financeiras, mas estas quando estão aflitas recorrem ao Estado para os ajudar, isto não faz sentido e recorda-me sempre o ditado popular “ com as calças do meu pai também eu era um Homem” e é nesta dicotomia que vivemos, assisti ao Presidente do Novo Banco a defender a ajuda do Estado, justificando-a como sendo um bom investimento para o mesmo, que iria emprestar dinheiro a uma taxa superior àquela que é praticada nos mercados financeiros. Mas quem é que acredita nisto, ninguém escrevo eu, porque entendo que esta situação é a mesma do que um pai emprestar dinheiro a um filho, será sempre a perder de vista, salvo honrosas exceções que devem existir, por outro lado não vejo, nem tenho conhecimento que os gestores e quadros do referido Banco tenham abdicado das suas mordomias, salários elevadíssimos, comparando com o trabalho que desenvolvem, viaturas topos de gama, almoços e jantares e demais benesses, mais uma vez vamos ser nós comuns cidadãos a pagar as más práticas de gestão.

Para terminar queria fazer uma menção a algumas parcerias público-privadas, que foram realizadas e a última está bem patente com a manutenção que a Ponte 25 de abril terá que sofrer urgentemente porque coloca em causa a segurança das pessoas e bens que por lá passam. Que saiba existem pelo menos duas empresas que utilizam a Ponte, a FERTAGUS no que diz respeito à linha ferroviária e a LUSOPONTE, que é a empresa que explora as passagens rodoviárias e eu constato que as mesmas não têm nenhuma obrigação, nem custos associados à manutenção da Ponte é como a sua atividade se desenvolvesse sem que a mesma existisse, eles “limitam-se” a ter as receitas, ou proveitos se quiserem, a manutenção da Ponte é responsabilidade de todos nós cidadãos portugueses, quer passemos por ela ou não.

Eu por mim gostava de ter um “negócio” destes, receber só proveitos/lucros e não ter despesas era muito bom, como um amigo meu afirma é só meter dinheiro para a “blusa”. Alguns de vocês admiram-se, provavelmente, de eu só agora ter dado conta deste “fenómeno”, mas muito francamente nunca pensei que o Estado pudesse ter celebrados “parcerias” tão ruinosas quanto estas e existem muitas mais dos que as que acabei de mencionar e quem paga tudo isto no final somos nós todos cidadãos e benefícios ou mordomias inerentes à celebração destas parcerias estão reduzidas a um número muito reduzido de “inteligentes”.

Henrique Pratas

 

 

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