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ARTIGO 13

30-03-2018 - José Janeiro

Pode parecer estranho que me debruce sobre um artigo da Lei fundamental da Republica Portuguesa mas os acontecimentos que esta semana nos incomodaram levam-me a relembrar algo fundamental para a vida em sociedade na Tugalandia, que muitas, e tantas vezes, se confundem com um reino imaginário (ou não) o Absurdistão.

Podíamos começar com um singelo “foi notícia” mas o decoro leva-me a dizer antes “é absurdo”.

5 VEZES A MEDIA EUROPEIA

Este é o peso das Parcerias Publico-privadas no valor do PIB, dito de outra forma, ou visto noutra perspectiva, na Tugalandia decidiu-se usar a facilidade, ou o facilitismo, desta figura para agora arcarmos com quase 11% do valor de toda a riqueza produzida no país para pagar as PPP’s… até 2042!

Os mais optimistas dizem: “oh pá o estado não tinha dinheiro para o investimento publico”, os pessimistas dizem: “pois não andassem a gastar em porcarias”, os realistas dirão: “mas afinal expliquem-me bem como esse dinheiro todo está nas mãos dos privados e de onde vem”.

Não será difícil entender como esse dinheiro todo, que o estado não tem, estará nas mãos dos Privados, porque como bem sabemos a prática laxista tributaria, como o recente caso da EDP e o uso da figura “estado” para suportar todas as anomalias e situações indecorosas que como se viram se reflectiram na salvação da banca dariam para que o investimento publico não necessitasse de bengalas como as existentes.

… é portanto uma questão de boa gestão de dinheiros públicos!

Mas ninguém quer saber, uns estão no sofá a gritar no facebook impropérios, outros partilham vergonhas, como esta, e pedem para que se tornem virais e por fim quando são convidados a agir não se incomodam e engrossam as fileiras do maior partido Português o DA (Deixa Andar), esperando que as coisas se resolvam em auto gestão.

GPS

Não falamos do aparelhinho bacano que nos indica o caminho a seguir, mas mais uma bronca que envolve ex-governantes (do arco da governação, como gostam de ser tratados) e uma galinha dos ovos de ouro, ou será de um coelho da Pascoa que põe ovos, sei lá, que á custa, e encapotado como fazendo parte de um dos pilares da sociedade: a educação, foram fazendo as maiores atrocidades financeiras tendo por base as subvenções estatais por aluno.

Já tínhamos assistido a coisas “raríssimas”, agora temos coisas “GPSissimas” , que envolve um forrobodó de despesas pessoais imputadas como sendo de índole legal aos ditos colégios. O rol de gastos desmesurados inclui mobiliário, imobiliário, viagens, cruzeiros, bilhetes para a bola (claro), vinhos e imaginem, um só deles tinha 60 viaturas de luxo, coisas que são totalmente necessárias para a educação dos alunos, como facilmente se depreende.

… e depois vieram os paizinhos dos putos, reclamar o direito de escolha quando rebentou a bronca no inicio desta legislatura sobre a redução das subvenções a esta gentalha.

DEFICIT

Claro que é 3 %. Ainda que o EUROSAT tenha dois pesos e duas medidas. Na verdade os 4000 milhões injectados na CGD não são investimento, ainda que a expectativa seja de que a futura existência de lucros da entidade possam vir a retornar via dividendos os valores injectados. E não são investimento porque o buraco criado pelos tais do “arco da governação” com a farra de empréstimos a amigalhaços resultou na desgraça conhecida e criou apenas um a cratera económica monumental.

Como sabemos da esquerda á direita todos se fecharam em copas e não quiseram saber como o buraco foi criado porque muitas cabeças iriam rolar … e assim é melhor pagar e não bufar.

A esperança do governo seria de um tratamento igual ao conseguido para a França, Itália e Alemanha em situações análogas, mas que falseiam a verdade económica das contas nacionais. Entendo que haja dois pesos e duas medidas no tratamento deste problema mas apenas deveria merecer um reparo que evitasse esta polémica desnecessária, tendo em conta os precedentes.

E entretanto a Teodora, a tal Passista, converteu-se ao Costismo num acto de contrição digno de uma profissão de fé, referindo que a continuar assim dificilmente ele perderá as eleições.

Estas coisas demoram, demoram e andam por aí escondidas nas teias do tempo.

IMPARIDADES

Vi o ar cândido com que o iluminado CEO do Novo Banco afirmou que tinha constituído 2 mil milhões de euros de imparidades e que o Estado teria que injectar uns trocos, assim a modos que 700 milhões, por ser um brilhante investimento para futuro. Pondo isto numa perspectiva diferente serão qualquer coisa como 2 hospitais de 825 camas, ou umas dezenas de escolas para evitar escândalos como os do GPS.

Para quem possa estar pouco familiarizado com estas coisas contabilísticas, as chamadas imparidades são apenas valores que estavam no balanço e que se acredita não venham a ser recuperados e constituem-se assim provisões, ou por ser mais fino, agora chamam-se imparidades.

A questão base é simples: Mas afinal porquê só agora se reparou, assim como por mero acaso (o “já agora” bancário) que haveria uns bacanos a quem se terá emprestado, ou “doado” alguma coisa e que agora se verifica que afinal não é possível receber?

Olhando para o negócio que fizeram com o Novo Banco chegamos facilmente á conclusão que foi um “esterco” pegado, protagonizado por um vendedor de banha da cobra a quem pagaram principescamente para apenas fazer merda. Como se isso não bastasse temos a aceitação de forma barbara de uma clausula em que o Estado se obriga (via fundo de resolução) a injectar dinheiro para cobrir imparidades futuras, dito de outra forma, se aparecer outro brilhante CEO a dizer que afinal ainda há mais “imparidades” lá vamos nós fazer um novo “investimento” na bosta.

Nem quero acreditar que o brilhante CEO daquela coisa tenha feito algo como é usual fazer nestas empresas, aonde têm um salario fixo e prémios de gestão em que o truque é fácil: criam-se imparidades por tudo e por nada para depois no ano seguinte estas deixarem de o ser e aumentam assim os resultados para obtenção de prémios, mais ou menos o que foi feito na CGD. Esperemos para ver…

E não se preocupem com os culpados (os tais que dizem “não fiz nada, estou de consciência tranquila”), porque á semelhança do Duarte Lima, do Oliveira e Costa e do Armando Vara, só para mencionar os mais conhecidos e já condenados, nada lhes acontecerá.

Até para a semana

José Janeiro

 

 

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