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Reflexão

01-05-2014 - Henrique Pratas

A maior parte de nós chegou ao limite das suas forças, a miséria alastra, os incumprimentos aumentam, a fome prolífera e a dignidade que as pessoas têm direito não existe.

Não sei onde vamos parar com tantos desmandos, as medidas tomadas por este Governo, acabaram com a réstia de esperança, com que alguns dos portugueses ainda viviam e os ajudava a viver, porque como diz o poeta “o sonho comanda a vida”. A propósito desta frase pese embora não estar de acordo com muitas posições assumidas pelo Vasco Graça Moura, presto-lhe a minha homenagem a uma frase que ele escreveu e que foi: “ faltam poetas neste País”.

Não possam estar mais de acordo os poetas normalmente são pessoas que sonham, partilham connosco as suas utopias e vivem fora da sociedade onde estão inseridos, quero dizer não tem horas para nada e têm horas para tudo, desde que lhes apeteça. Esta liberdade é assumida com muita responsabilidade, são sofredores por natureza, dado que gerem conflitos antagónicos que lhes passam pela cabeça, mas vivem a vida, esta ou aquela que criam à sua volta e isto é muito importante porque ajuda as pessoas a viver, a ousar, porque quem não sonha não vive, não ousa e nem sequer está presente na sociedade, sendo mais incisivo não vive, ponto, parafraseando o meu amigo João Andrade da Silva, madeirense de boa cepa.

Esta pequena reflexão leva-me a questioná-los para onde vamos, alguém me sabe dizer?.

Julgo que a maior parte das pessoas não sabe por onde vai nem para onde vão, esta é a minha conclusão após ter andado pelo País real.

Encontrei muitas pessoas a olhar para o vazio, sem objectivos, sem interesse por estar vivo e com parcos rendimentos, ou se quiserem rendimentos indignos de um ser humano. A maior parte deles vivem do que semeiam e do que criam quando têm meios para isso, mas se acontecesse algo de transcendente lá se vai a “programação” da sua “vidinha”. Sim porque as pessoas não vivem, vegetam, não usufruem daquilo que construíram ou do que construem, os que fazem casas luxuosas, vivem normalmente em casebres sem o mínimo de condições, os que criam riqueza para os detentores do capital, vivem de forma acabrunhada e amedrontada e sempre com o medo de no dia que vem já não terem trabalhar, há que aguentar todos os desaforos a que estão sujeitos quer pelas chefias directas que muitas das vezes são piores que os próprios patrões. As chefias directas a troco de umas migalhas vendem a alma ao diabo e fazem tudo, mas rigorosamente tudo, para que as migalhas continuem a “pingar”, que falta de carácter, escrevo eu, pensam eles é a vidinha.

Se pensassem o que lhes custa essa subserviência e os danos que causam em termos familiares provavelmente não o faziam, ou se calhar fariam na mesma porque ter verticalidade, solidariedade, fraternidade,educação, honra e carácter, não é para todos é muito difícil, não fazermos cedências, comportarmo-nos e agirmos como achamos que é correcto, arranjamos uma carga de trabalho e a sociedade coloca-nos o rótulo de “pessoas com mau feitio”.

Mau feitio será defendermos aquilo em que acreditamos, lutarmos por aquilo que almejamos, saúde, educação, habitação e direito a viver com dignidade em sociedade. Se é esta a definição prefiro as pessoas com mau feitio em desfavor daquelas que concordam com tudo e que abdicam das suas ideias, ou sejam, não tem opinião formada e fogem a qualquer tipo de divergência que tenham com outras pessoas ou entidades, não pensam estão normalizadas e reagem em função de estímulos que lhes incutem, ou que lhes “vendem” e que compram sem sequer pestanejar.

O estado a que chegámos decorre muito do que escrevi anteriormente e ao facto de os portugueses não saberem viverem em sociedade, ou ainda não aprenderam a viver nela.

Escrevi-vos, sobre os comportamentos que observo na sociedade mas não tenho saída, nem soluções para elas é apenas a constatação de factos que me incomodam, porque as pessoas não pensam e por definição estas deveriam pensar será assim tão difícil?.

Não me recordo de algum dia ter saído de uma sala de aulas seja ao nível primário ou universitário, com dúvidas ou com alguma coisa que não entendesse, palavra ou conceito e quando não estava de acordo a coisa piorava porque argumentava e colocava os meus pontos de vista e ideias que se definiam como sendo correctas, se não estava de acordo era muito difícil, porque tinham que me convencer, com ideias coerentes, não era assim porque sim, nunca aceitei ideias destas, nem no tempo da outra senhora e hoje em plena em democracia vejo pessoas aceitarem ideias ou formas de fazer sem sequer pestanejarem, avançámos, recuámos, andámos para os lados, ou só reagimos quando somos empurrados, picados ou pisados.

Custa-me a entender que as pessoas não tenham aproveitado a “janela de oportunidade” que o 25 de abril de 1974 lhes criou e não tenham criado/lutado por melhores condições de estar na vida, isto faz-me muita confusão, não aceito de bom grado esta inércia salazarenta, do orgulhosamente sós e remediados, que falta de ambição no melhor sentido da palavra.

Como é que foi possível que se tivesse desperdiçado uma oportunidade única e que apareceu do nada, sem ninguém esperar, para que trabalhássemos em conjunto para conseguir uma melhor sociedade, mais justa para todos, com as instituições a funcionar de forma independente e isentas e com decisões em tempo oportuno.

Termino escrevendo que não necessitamos de menos Estado, necessitamos sim é de um Estado a funcionar convenientemente, com eficiência, eficácia, equidade e tomar medidas em termos oportunos, em que os cidadãos se revejam nas medidas/politicas tomadas e que consigam ver o rumo que tomamos, porque navegar à vista, já se viu que não resulta, em minha opinião terá que haver sempre um Plano a 10 ou 15anos, onde sejam devidamente planificados os objectivos que pretendemos alcançar, já lá vai o tempo em que as economias eram mais estáveis e era mais fácil efectuar este planeamento, actualmente o que temos que fazer é mais ajustamentos anuais ou em tempo oportuno para que se alcancem os objectivos estabelecidos e desejados.

Podem inferir que sou um adepto da planificação, mas nos tempos de hoje como já escrevi temos que estar mais atentos às mudanças das sociedades para realizarmos os ajustamentos necessários para que sejam alcançados os objectivos inicialmente estabelecidos.

 

 

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