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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

V – HISTÓRIAS DE ENCANTAR
A RUNIÃO – UMA PRAGA NACIONAL

09-03-2018 - Pedro Pereira

A “runião” é uma praga nacional. Assim a modos como que uma caldeirada onde cabem todos os ingredientes que a imaginação ensandecida de um cozinheiro entenda botar dentro do tacho.

É um termo híbrido que serve para designar qualquer coisa entre “ reunião” e “ não estou para aturar esse gajo(a)”.

Por tudo e por nada, por “dá cá aquela palha” se “rune”.

As 2ªs feiras são sempre as mais afreguesadas, mas mal encavadas em termos de “runiões”, porque o maralhal invariavelmente arriba maldisposto e cansado dos trambolhões das estradas e das bichas (caso circule de automóvel) ou dos transportes colectivos insalubres até ao seu local de trabalho após dois dias de merecido remanso ou pastoreio familiar e afim.

Logo , para retomarem a rotina do labor quotidiano, para colocarem os neurónios no sítio, tem necessidade de mergulhar numa “runião”, senão dão em chanfrados com a trabalheira do dia-a-dia que se prevê para o resto da semana que se segue.

No mor das vezes, assim a modos que entram numa espécie de stress alentejano e por vezes até tem de encontrar um ombro que os apoie fora do lar, ir ao psicólogo ou ao psiquiatra para que este lhes receite uns drunfos que os deixe zombies e por isso, em alternativa, necessitam das tais “runiões” quotidianas, que podem multiplicar-se tantas quantas vezes seja necessário para se manterem na quinta dimensão. Eles são nas empresas, nas escolas, no comércio, nas autarquias e na função pública em geral...

Pegamos no telefone (ou telemóvel) e do outro lado da linha uma telefonista com voz robótica, ao pedido de contacto com a pessoa com quem desejamos falar, depois de nos deixar pendurados ao telefone durante largo tempo a secar como os bacalhaus, invariavelmente responde-nos: - “o(a) sôtôr(a) está em runião”. Mesmo que seja um analfabruto com duvidosa instrução primária, basta que ocupe um lugar de chefia para ser sôtôr, presidente de qualquer coisa e às vezes, ministro, vereador ou engenheiro, normalmente de “ obra feita”, como diziam os antigos.

A “runião” é também designada por aqueles que leem os jornais de negócios, por “mitingues”. Estes são os mesmos que frequentam muitos congressos onde assistem a conferências que denominam de “painéis”. Por isso são conhecidos por paineleiros. Não perdem um painel nem as “ visitas de estudo” que acompanham este tipo de eventos, normalmente a locais fechados frequentados por umas residentes locais, umas senhoras liberais nos usos e costumes, onde se bebem umas bejecas à média luz com música de fundo apropriada para constituir família, ou a outros locais onde é debitada música com muitos decibéis, luzes psicadélicas e maralhal aos saltos cada um para o seu lado com ar de autistas mongoloides.

Estar em “runião”, para este tipo de criaturas, confere-lhes (pensam eles) status, que entendem por arrogância para com toda a gente menos para com os superiores hierárquicos, a quem se curvam com vénias tão acentuadas que às vezes se lhes veem as cuecas até ao rego do cú. Entretanto, os índices de produtividade nacional continuam a cair de dia para dia, na razão directa da multiplicação de “runiões”.

Segundo os índices estatísticos para a UE, Portugal é o país onde menos se produz. Assim, quanto mais “runiões” se “realizam”, mais o país se afunda, donde se infere que a “runião” é uma praga, um verdadeiro flagelo nacional.

Pedro Pereira

 

 

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