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Os sete pecados – A Gula

04-10-2013 - Francisco Pereira

É a vontade insaciável de comer para além do necessário, comer só pelo prazer.

A nossa sociedade desde sempre que se movimentou à volta da gula ou não fôramos nós dignos descendentes da cultura romana, que à gula dedicava tanta atenção. Não falo apenas na tradicional gula, onde comensais se refastelam com opíparas e pantagruélicas iguarias, em que de excesso em excesso, e se há povo dado a excessos, somos nós, se vai esticando o cordato entendimento e comedimento que a natureza achou dar à espécie de primatas evoluídos que somos.

Falo também da gula particular que temos por bens, por fama e por dinheiro. Somos um povo invejoso e calaceiro, uma tropa fandanga de gulosos, sempre de boca aberta e mão estendida, passamos todo o século XIX, boa parte do século XX e os primeiros 13 anos do século XXI, de mão estendida à pedincha de gulodices que nos alimentem os vícios.

A Europa do norte, dita civilizada, organizada e essas pequenas trapaças todas, quis o melhor dos dois mundos, igualmente possuídos pela gula, trataram de nos encher do vil metal, a troco exigiram apenas a extinção do sector produtivo deste pobre país, que se viu completamente depauperado dos seus já parcos recursos, em cada dez embarcações que pescavam nos mares portugueses oito eram estrangeiras. Essa Europa civilizada pagou-nos para não trabalharmos e agora acusa-nos de sermos ociosos, a nós que lhe compramos todas as bugigangas que produzem e que alimentam a sua gula por poder económico.

Por cá a dupla formada pela gula do dinheiro fácil e por políticos medíocres, deu azo a que invés de criteriosamente utilizado foi desbaratado em negociatas, em megalomanias e em alcatrão e cimento. E num repente se passou da gula para a mais absurda miséria, nos catres do poder os gulosos usuais exigindo sacrifícios, o dedo apontado pela tal Europa que se encheu à nossa conta e eis nos neste buraco, rodeados sem esperança e sem saída. Mea culpa, mea máxima culpa! Minha culpa e de toda uma sociedade que se deixou embarretar pela súcia de gulosos que nos deu o BPN, o BPP, o BCP, as PPP, os Swaps, as reformas douradas e todas as vigarices e falcatruas que temos de pagar, causadas pela gula de um punhado de sevandijas. Fomos também nós gulosos, também a nós a gula escravizou, a nossa gula por tralha, por bricabraque, por encenações de feira, fez com os políticos pudessem andar em roda livre, sem fiscalização, sem exigências algumas. A gula matou este país!

Francisco Pereira

 

 

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