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Justiça, para rir!

26-01-2018 - Francisco Pereira

Quando se fala de Justiça, o que nos vai à cabeça é a seriedade, a gravidade e solenidade dos actos, as togas e as becas, os ares graves, o recurso à oratória de elevado quilate, as alegações prenhes de floreados e arremedos jurídicos trinados por causídicos que são verdadeiras aves canoras do direito, que obtém réplicas por parte dos Juízes em acórdãos que são verdadeiras pérolas da arte de muito ditar sem nada declarar, opúsculos de dimensão faraónica com arrazoados legalistas, dignos de figurar em códigos que o próprio Hammurabi teria dificuldade em entender, logo ele que foi um excelente jurista, dizem, que eu não estava por cá nessa altura.

Quando se fala de Justiça, dificilmente nos apetece rir, e jamais encaramos esse assunto como anedota, no entanto, em coerência com o resto do país, verdadeiro reino da fantasia a que chamamos Portugal, o que se vai vendo é que a Justiça é uma anedota, senão atente-se nos três seguintes casos, paradigmas do estado lastimável desta agremiação de tontos a que insistimos chamar país.

Primeiro caso anedótico. O roubo do paiol de Tancos. “ O Exército concluiu os quatro processos disciplinares abertos na sequência do furto de material de guerra em Tancos, determinando a pena mais gravosa a um sargento que não mandou fazer as rondas…”, donde nos se permite concluir que em Portugal quem manda são os sargentos, não há oficiais responsáveis. Isto é mesmo para rir, e mais vamos rir quando um dia soubermos que roubou a tralha ao poderoso exército de Portugal, é minha convicção que vamos rir imenso um dia que se souber quem realmente roubou o dito material, quais mercenários, quais traficantes terroristas qual carapuça…

O segundo caso anedótico, revelado, prende-se com a decisão do Ministério Público que deduziu acusação contra os filhos do antigo embaixador iraquiano em Portugal por tentativa de homicídio de um jovem, em Agosto de 2016, em Ponte de Sor.

O avisado Ministério Público, esperou diligentemente que os galfarros iraquianos, estivessem bem longe, tornando assim inviável toda e qualquer acusação, para então fazer de conta que está a fazer alguma coisa, este país do faz de conta é assim, o dinheiro que se esbanja em idiotarias, só mesmo a rir é que podemos levar isto.

O terceiro e último caso de anedota tem que ver com o caso dos incêndios de Junho, apuraram-se nove arguidos, a saber: o segundo comandante do CDOS de Leiria, Mário Cerol, o comandante dos Bombeiros de Pedrógão, Augusto Arnaut, os presidentes das câmaras de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, dois altos dirigentes da Protecção Civil, a EDP e a Ascendi. Ora se este rol de arguidos não é uma anedota, que nos dá vontade de rir à gargalhada não sei o que será.

Uma nota final para outra anedota jurídica nacional o caso FIZZ, que alegadamente envolve importantes membros do anterior governo de Angola, acusados de corrupção. Duas personagens nacionais de excelência, dois seres absolutamente impolutos, deram a sua opinião, curioso que ainda há gente que perde tempo a ouvir estes dois passarões, a saber, o portento da honestidade chamado Relvas declarou, e cito “…O julgamento do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente devia ser em Luanda e “nem nos compete a nós essa presunção” de questionar se a justiça angolana é independente…”, vindo do tipo de gente de quem vem, estas são declarações para rir, para rir à gargalhada, o senhor Relvas conta excelentes anedotas.

Outro portento do Direito nacional, o verboreico senhor Marinho e Pinto, disse, “…“Não estamos a tratar com um angolano qualquer…”, donde depreendemos que existem, várias classes de angolanos, uns que podem ser julgados e outros que alegadamente não, mais uma anedota, para nos rirmos a bandeiras despregadas.

Francisco Pereira

 

 

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