Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 26 de Abril de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

QUE COMEMORAÇÕES DOS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL?

24-04-2014 - Armindo Bento

Este 25 de Abril, se por um lado, deve ser um dia de festejos, porque há 40 anos aconteceu aquele “dia inicial inteiro e limpo” que permitiu que se iniciasse a longa caminhada para uma sociedade mais justa e solidária, conquistada palmo a palmo. Por outro lado, é um dia de forte reivindicação em que devemos exigir o fim da destruição dos pilares duma sociedade civilizada, que se deve preocupar com o bem-estar e a felicidade dos seus cidadãos e não os “escraviza” debaixo do jugo de interesses económicos de alguns poucos. O que estamos a vivenciar é, como já dizia o Padre António Vieira, “que são precisos muitos peixes pequenos para alimentar um grande, e não podemos silenciar esta realidade nem pactuar com ela”

Neste estado de coisas, as comemorações do 25 de Abril, 40 anos passados, vão soar ironicamente à saudade de uma euforia libertadora que afinal apenas conduziu a uma austera, apagada e vil tristeza, e a um sentimento que corrói as vontades e conduziu a um silêncio de resignação e , há quem diga “medo”, para um povo que tem suportado tudo, vê os filhos partir para os quatros cantos do mundo como se o País tivesse sido atingido pela filoxera, Vê a saúde ficar mais cara obrigando muitos a ficarem à porta do hospital, é obrigado a tirar os seus velhos dos lares, a trazer as crianças para casa em vez de as enviar para o infantário, assiste ao definhar da empresa onde trabalha até ao dia do despedimento inevitável, aguenta nos serviços públicos com cortes sucessivos nos vencimentos e a condenação sem direito a julgamento por todos os males do país. Os portugueses são atirados uns contra os outros, são os funcionários que ganham mais do que os outros, os velhos que “vivem à grande e à francesa” “com pensões pagas pelos jovens”, “são os estudantes que não estudam e os professores que não ensinam”.

Como se o sentimento de culpa por terem ousado ter direitos, por terem abusado da saúde ou do ensino, por terem ficado bêbados com salários mínimos que se situa nos 485 euros, os portugueses são perseguidos financeiramente, umas vezes cortam-lhes no vencimento, as reformas e as pensões noutras aumentam-lhes os impostos, até já lhe quiseram aumentar os impostos para os reduzirem aos patrões. Os portugueses até têm sido forçados a aguentar a arrogância de imbecis, incapazes e que fraudulentamente “debaixo da capa da democracia”, conseguiram “capturar a estruturas partidárias” e mentirosamente, ilegitmamente, atingiram o poder.

Sente-se o silêncio nas ruas, um povo habitualmente alegre e barulhento, arrasta-se agora em silêncio e cabisbaixo, mesmo quando se manifestam às centenas de milhares, os portugueses optam por um silêncio pesaroso. Os gregos manifestavam-se em menor número, mas com muito ruído e alguma violência, os senhores da troika sentiram receio. Os portugueses aceitaram a austeridade a troco da solução de um problema e os senhores da troika elogiaram-nos por contraposição com os gregos, o representante local da troika até os designou como o melhor povo do mundo, um povo que aguenta tudo, fica calado e manifesta-se ordeiramente como se em vez de protestar estivesse rezando a Deus para que o governo tenha sucesso.

Mas será este silêncio sinal de resignação? Mas que esteve nas manifestações do passado com olhos de ver, assistindo com atenção ao que se estava passando não sentiu apenas o silêncio. Sentia-se a raiva no ar, o ódio estava no olhar de muita gente, a revolta era o sentimento dominantes, nos olhos corriam lágrimas aos primeiros acordes do “Grândola, Vila Morena”: Sem um tiro, sem um grito, sem um bastão, sem gás lacrimogéneo, havia mais violência em Lisboa do que nas ruas de Atenas.

Em nome da INDIGNAÇÃO e da REVOLTA que todos sentimos, pelo facto de os nossos direitos estarem a ser espezinhados quotidianamente – onde está o cumprimento da palavra dada pelo Estado ? – devido ao propalado cumprimento do acordo estabelecido com a alta finança especuladora/Troika, que nos vem “ajudando” a destruir o ESTADO SOCIAL que conquistámos ao longo destes 40 anos, temos de sair à rua, temos de invadir o espaço público, para demonstrar que “estamos vivos”, indignados e revoltados.

 De um momento para o outro as coisas podem mudar. Há factores como a censura e a cultura anti-conflito, que vigorou durante 48 anos. E uma das coisas mais perigosas nos tempos de hoje são certas ideias do poder que são eficazes: jovens contra velhos, ser velho é ter culpa e estar a roubar os mais novos; os trabalhadores públicos são privilegiados e os privados são as vítimas! E isto que este governo tem gerado na opinião pública!

E nada mais adequado e de cidadania do que  participar na  iniciativa que irá decorrer às 11H00 no Largo do Carmo, promovida pela Associação 25 de ABRIL, juntando todos os que se quiserem juntar aos militares que fizeram o 25 de Abril e a quem não foi permitido falar na Assembleia da República.

LÁ ESTAREMOS!!!

Armindo Bento, funcionário público aposentado

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome