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INTERNET/ REDES SOCIAIS

01-12-2017 - Henrique Pratas

Há alguns tempos que ando para escrever sobre este assunto, mas passam-se os dias e nós não concretizamos o que pretendemos fazer.

Um dia destes estimulado pelo programa que um dos canais de televisão deu, pensei para comigo, não pode passar de amanhã e aqui estou eu a concretizar aquilo a que me tinha prometido.

Todo o processo de comunicações que a internet nos proporciona não é mau se for utilizado com conta peso e medida, como em tudo na vida, só que como vivemos numa sociedade sem regras e sem valores aquilo que vos acabei de escrever e que é do mais elementar bom senso pode-se tornar num pesadelo para todos nós.

Nas redes sociais podemos encontrar de tudo, combinação de encontros de pessoas que não correspondem ao perfil que é desenhado e jovens raparigas podem ser seduzidas para as maiores das barbaridades que se podem cometer, porque a rapaziada nova está numa fase de querer viver a vida e como todos nós sabemos mesmos que os pais ou os educadores digam e alertem para alguma coisa, eles é que sabem tudo, faz parte da idade, quem é que de nós já não passou por isso, todos nós temos na nossa vida um idade em que sabemos tudo, mas tudo, mas às vezes não é bem assim e damos com os burrinhos na água.

A sociedade evoluiu tecnologicamente e bem, mas associado a ela cresceram também muitos de aliciar a camada jovem e não só para outras adições, vícios, dependências e manifestações de comportamentos menos respeitáveis e a grande questão que se coloca é o que é que nós podemos fazer para poder contrariar isto, de forma a não proibir, porque em meu entender é a pior coisa que se pode fazer, quando se proíbe alguma coisa a tentação para a fazer aumenta substancialmente, não é por acaso que afirmamos que o fruto proibido é o melhor, então o que é que nos resta fazer enquanto, pais, educadores, avós, cidadãos responsáveis.

Na minha perspetiva o nosso grande “trabalho” é estar com atenção às redes sociais utilizadas, aos jogos que são utilizados e demonstrar de forma subtil que provavelmente o que estão a utilizar e a forma como o fazem não é a melhor. Uma sociedade tem que se pautar pelo respeito mútuo estre os diferentes cidadãos, logo o que deverá ser transposto para a internet, jogos e redes sociais é o mesmo tipo de comportamento, embora eu saiba que isso não dá dinheiro às empresas que constroem essas plataformas. Digamos que vai existir sempre uma “luta” entre o que as plataformas colocam à disposição dos jovens e não só e aquilo que os alicia através dos meios de comunicação social e do que vão tendo conhecimento do que se passa no Mundo e numa idade de ilusões aceitamos tudo como bom, porque estamos em formação e acreditamos em pessoas que não o devemos fazer.

O nosso papel enquanto pais, avós, cidadãos não é fácil, temos que estar atentos, temos que ter tempo, temos que promover e aliciar aqueles que são mais susceptiveis de se “agarrarem” às novas tecnologias e a certos jogos e redes sociais passiveis de comportamentos perfeitamente desastrosos, estaremos sempre em luta com três fatores, o lucro que as empresas pretendem obter com a comercialização destas plataformas, a vontade daqueles que os querem utilizar e a indução e controlo se quiserem para que não ocorram comportamentos desviantes, tudo isto conjugado não é fácil porque é que juntar mais uma outra variável que não é fácil de controlar e que é os amigos ou amigas em idade escolar, em que os pais, educadores, não se importam que os mesmos utilizem as plataformas a que vos faço referência, a gestão desta situação nem sempre é objeto de sucesso, mas há que tentar, para que a juventude não cresça de forma desorganizada, sem valores, sem princípios e sem saberem fazer opções, isto é o que é que é melhor para eles.

Eu, próprio passei por uma experiência destas, não foi com nenhum dos meus filhos, mas sim com uma filha de uns amigos meus que andavam distraídos. Um belo dia e como me dava bem com ela começamos a falar de namorados, na brincadeira obviamente, e eis que sou surpreendido eu que tinha iniciado a conversa com um sentido rapidamente tive que mudar de agulha, porque ela me foi biscar o telemóvel e numa das redes sociais me disse que tinha um “amigo” que era de Leiria, que tinha 22 anos ela tinha 17, e mostrou-me os dois automóveis de topo de gama que ele dizia que eram dele e que já lhe tinha escrito para quando ela fosse onde morava, lhe emprestava um para ela andar. Fiquei mais atento à conversa e como costumamos dei guita ao papagaio e ela como tinha à vontade comigo foi-me contando tudo, que ele tinha 40.000 € no Banco e eu a ouvir aquela história sem dizer nada, apenas escutei antes de agir.

Chegado o momento oportuno, questionei-a sobre um pormenor porque é que as fotografias dos carros que ele lhe tinha enviado, estavam tapadas, não achava normal, para quê esconder as matriculas, aí a resposta não se fez esperar, “é que ele não gosta que se saiba as viaturas que tem”. Eu insisti, se são dele porquê não mostrá-las não entendia, mas não insisti mais nesta conversa apenas pretendi que ela ficasse a pensar no que lhe tinha dito. De seguida perguntei-lhe o que ele fazia, aí entre engasgos sucessivos, primeiro disse-me que estudava, depois disse-me que também era mecânico e eu só ouvi e no final lhe perguntei de onde é que vinha o dinheiro que ele dizia ter no Banco, aí meteu os pés, pelas mãos, disse-me que não sabia muito bem, mas que achava que tinha sido os avós que lhe tinham dado, ou que tinha sido o produto da venda de outras viaturas. Aí insisti, vê lá se tens a certeza do que é que me estás a dizer porque a história tem pouca consistência, a amizade e a confiança que tinha e tenho com ela permitia-me colocar estas questões e fazer alertas que ela não aceitava dos pais, talvez por ser mais liberal e ter capacidade para ouvir tudo o que têm para dizer e depois em função do que é dito desconstruir ou construir um raciocínio.

Esta conversa durou horas recordo-me que só sai de casa dos meus amigos por volta das duas da manhã para quem tinha entrado lá às sete horas, eles estranharam mas como sabiam que a filha se dava muito bem comigo não me disseram nada a não ser, com alguma ponta de inveja, “muito têm vocês para conversar”, a minha resposta não se fez esperar e de forma delicada lhes disse que nós jovens tínhamos muito para falar e conversar. Eles não perceberam o que eu lhes disse indiretamente, mas eu borrifei-me para o que pensaram, em termos objetivos o que lhes quis dizer foi que no núcleo familiar e não só tem que se conversar mais e não andar a perder tempo com porcarias que não valem nada.

Hoje sei porque a mãe mo disse que num dos dias que passaram, o Henrique livrou-me de boa e eu calei-me e aos costumes nada disse.

Para saber o envolvimento e ficarem a par da história toda, o referido rapaz era cadastrado, tinha pena de prisão suspensa porque ao fazer-se acompanhar com uma outra namorada grávida estoirou-se e a rapariga morreu, quando vinham de uma discoteca a altas horas da noite já com as velas bem encharcadas, tinha sido detido e presente a Tribunal por outras práticas de furto.

Eu tive conhecimento desta informação toda logo no dia a seguir em que acabei de falar com a filha dos meus amigos, não lhes posso contar como é que soube, mas no final do dia seguinte tinha um relatório completo com todos os pormenores, datas e ocorrências. Quando tive conhecimento disto tudo hesitei, falo com os pais, falo com ela, fico calado e acompanho a situação de perto e assim que ela tiver para meter o pé na argola agarro-a ou dou-lhe um voto de confiança para ver se a nossa conversa tinha produzido efeitos.

Decidi-me pela última, pois como já várias vezes escrevi gosto de responsabilizar as pessoas, a rapariga não me desiludiu absorveu tudo o que tínhamos conversado e foi ela que tomou as decisões que entendeu dever tomar, não se deixar alinear ou envolver por aquilo que é fácil.

Fiquei feliz por ela e não lhe cobro nenhuma fatura, mas a tensão com que andei durante os dias depois de ter conhecido a situação e ter andado a “controlá-la” essa ninguém ma tira, mas fiquei mais rico em termos de conhecimento, porque afinal nós nunca sabemos tudo, há sempre alguma coisa que desconhecemos, coisa que a experiência e a vivência de factos nos podem dar.

Henrique Pratas

 

 

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