Mais de cinco famílias são despejadas por dia em Portugal
03-11-2017 - Henrique Pratas
Este é um “sucesso” de que o Governo não fala nem os “invade” os meios de comunicação social com esta informação, porque será?
No ano passado, foram despejadas, através do Balcão Nacional do Arrendamento, um total de 1.931 famílias, quase o dobro - mais 91,7% - do número registado em 2013.
O Balcão Nacional do Arrendamento (BNA) diz que se verificam em Portugal, diariamente, mais de cinco despejos diários, mas a Associação Nacional de Proprietários garante que números são muito superiores.
Salários baixos e rendas cada vez mais altas têm diminuído a capacidade das famílias em cumprir os seus encargos e os números terão duplicado desde 2013.
No ano passado, foram despejadas, através do Balcão Nacional do Arrendamento (BNA), um total de 1.931 famílias, quase o dobro - mais 91,7% - do número registado em 2013.
Só nos primeiros nove meses deste ano, já houve 1.480 despejos decretados, o que equivale a uma média 5,5 famílias despejadas por dia.
Os números são avançados pelo Diário de Noticias, mas o presidente da Associação Nacional de Proprietários, António Frias Marques, garante que a realidade dos despejos em Portugal representará um número é bem superior.
“A maior parte das ações de despejo não corre pelo Balcão Nacional do Arrendamento, correm nos tribunais judiciais do país, porque o Balcão não é o veículo próprio para se responsabilizar o fiador do contrato”, argumenta Frias Marques.
“O senhorio tem todo o interesse em responsabilizar o fiador para reaver o valor das rendas”, pelo que “interpõe a ação no tribunal judicial”, pelo que este facto “torna estes números muito incompletos”.
António Frias Marques reconhece que a pressão provocada pelo alojamento local tem ajudado a inflacionar o preço das rendas. O presidente da Associação Nacional de Proprietários admite que “ a criação desmesurada de alojamento local em Lisboa e Porto fez com que muitos senhorios canalizassem as casas para esse rendimento de curta permanência e teoricamente com maiores proveitos”.
“ Isso depois arrastou o preço dos arrendamentos ditos normais no resto das cidades”.
Concomitantemente com esta informação, os pedidos de ajuda aumentaram e mais metade das famílias portuguesas não consegue fazer uma poupança mensal.
Em média, 86 famílias pediram ajuda à associação de defesa do consumidor Deco este ano. Até ao dia 25 de Outubro, a Deco recebeu 26.080 pedidos de ajuda – mais 50 pedidos do que em igual período do ano passado.
Do total de pedidos de ajuda, apenas dois mil estão a ser acompanhados pela associação. Nos restantes, já não era possível intervir, até por motivos legais.
Os 2.001 processos abertos este ano, e em que a Deco é mediadora, representam mais 16 do que aqueles a que a associação deu acompanhamento até finais de Outubro de 2016.
Os dados foram divulgados, pela associação, segundo a qual o desemprego se mantém em primeiro lugar nas causas que motivaram o sobre-endividamento, tendo sido referido em 30% dos casos, porque os salários praticados no nosso País são baixos.
A deterioração das condições de trabalho motivou 23,4% dos pedidos, logo seguida pelas execuções/penhoras, o divórcio/separação e as doenças/incapacidade, com 10% cada.
Quanto às habilitações académicas, a maioria das famílias que pede ajuda tem o ensino secundário (36%) ou o 3.º ciclo (22%), representando o ensino superior 18%. Já as famílias com 1.º ciclo são 15% e com o 2.º ciclo 10%.
A taxa de esforço média dos consumidores que pediram ajuda à Deco era de 70,8%, acima dos 67% de 2016.
Mais de metade das famílias não consegue poupar.
Mais de metade das famílias portuguesas (perto de 58%) não consegue poupar dinheiro todos os meses.
Segundo os mesmos dados, 42% dos inquiridos dizem que conseguem poupar uma média de 281 euros por mês.
Em Espanha, apesar de tudo os números são mais elevados: 54% dizem conseguir poupar uma média de 375 euros – à semelhança da média europeia, com 50% a responderem que as suas poupanças são de 326 euros por mês.
Entre os que conseguem poupar, mais de 74% dos portugueses indicam esse dinheiro se destina a despesas imprevistas – uma preocupação que também existe em Espanha (76%) e na Europa (71%).
A crise mudou a atitude dos portugueses face à poupança, dado que 69% dos inquiridos reconhecem agora ser mais importante poupar dinheiro. Os portugueses são os que mais alteraram a sua atitude.
Em Espanha, apenas 64% mudaram a sua postura face à poupança e na Europa o número desce para 43%.
Tudo isto porque os níveis salariais para uns são francamente baixos, para não escrever miseráveis e para outros que pouco valor acrescentam à economia portuguesa são extremamente elevados, enquanto se andar a discutir o sexo dos anjos e os trabalhadores não sejam compensados com salários dignos de acordo com as funções que lhes são exigidas nada feito depois é necessário compaginar esta situação com a do arrendamento ou o da aquisição de habitação. Recordo-me que no tempo em que o General Franco, ditava leis em Espanha tive a oportunidade de conhecer um homem que lavava os autocarros num largo feito de terra batida e sem condições nenhumas para que realizasse o seu trabalho, todavia, quando fui convidado por ele para visitar a sua casa em Granada, ia à espera do pior e fiquei agradavelmente surpreendido pois tinha uma habitação com tudo, como o prole era grande tinha cinco quartos e em todas as divisões da casa tinha aquecimento central, porque como sabem em Granada no Inverno faz muito frio. Independentemente de não concordarmos com as políticas franquistas o que é facto ele pagava um valor justo de renda de acordo com o seu rendimento do trabalho.
Aqui ainda nos dias de hoje os mercados de arrendamento e os salariais anda de costas viradas um para o outro, cada um que se desengome, politicas coordenadas e sustentáveis, pensadas e concertadas, não temos porque os interesses e as negociatas são muitas, será que quem ganha exageros não tem vergonha de ver os seus compatriotas a viver em condições degradantes é por causa de estas e de outras que muito dificilmente chegaremos a ser uma sociedade, porque somos egocêntricos, o que importa é o meu bem-estar os outros que se lixem a forma de pensar foi, é e será esta, não temos forma de fazer esta mudança, porque os ricos estão cada vez mais ricos, com as artimanhas que conhecem, um dos processos que grassa na nossa terra, só para preparar as alegações levaria cerca de 76.000 anos se fosse possível e os pobres cada vez mais pobres.
O País está completamente esfrangalhado é ver cada um a lutar pela sobrevivência utilizando todos os meios que tem à sua disposição, isto não deveria ser necessariamente assim mas é, o que é que havemos de fazer.
Henrique Pratas
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