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SERÁ QUE AINDA NOS DEIXAM SONHAR?

03-11-2017 - Henrique Pratas

Na sequência do meu texto “Conversas em Família” e ao analisar o que se está a passar no País entendo que até o direito de sonhar já nos foi retirado.

No texto a que faço alusão escrevi-lhes que o atual Presidente da República era padrinho de Marcelo Caetano e não o escrevi mas faço-o agora filho do Ministro da pasta do Ultramar, Baltasar Rebelo de Sousa, envolvido e conivente com o regime em vigor.

Não esquecendo o passado, porque a história se repete nos últimos tempos tenho observado movimentos estranhíssimos e que decorrem do movimento no xadrez politico que montaram.

Eu que gosto de jogar xadrez e não tenho a mania da conspiração, neste momento e depois de muita observação, acho que estou em condições de partilhar convosco o que tenho observado nos últimos tempos tendo em consideração os pressupostos que vos enunciei.

Em primeiro ligar achei muito estranho que um candidato à Presidência do PPD/PSD, tenho recebido o Presidente da República no dia em que decidiu que se iria candidatar à Presidência do referido partido, mas isto poderia ter sido um mero acaso, não fora termos em consideração o passado das duas personagens. O atual Presidente da República foi por breves instantes Presidente do partido em causa, nunca chegou a primeiro-ministro, embora não o dissesse muito gostaria de o ter sido, aliás nota-se isso agora no exercício do cargo de Presidente da República, onde na minha opinião mete o nariz onde não deve, mas acho que isso se deve ao facto de nunca ter sido primeiro-ministro deste País e ainda lhe ficou nos genes as atitudes do pai enquanto Ministro do Ultramar. Quanto ao putativo candidato à Presidência do PPD/PSD, e escrevo-o desta forma porque o próprio faz questão de o afirmar desta forma, ele chegou primeiro-ministro, nunca foi Presidente do Partido, porque não foi por falta de insistir, foi apenas porque nunca o deixaram ser, mas como devem estar recordados foi assessor de Francisco Sá Carneiro e já como deputado eleito à Assembleia da República, no PSD Santana Lopes conspirou contra o governo do Bloco Central, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e José Miguel Júdice, na Ala Nova Esperança. A seguir converteu-se, como Durão Barroso, em apoiante de Aníbal Cavaco Silva, eleito líder do partido, no congresso da Figueira da Foz, em 1985.

Quero que fique explicito que não tenho nenhuma opção relativamente aos candidatos que se apresentaram a disputar a Presidência do PSD, apenas aponto alguns factos.

Estes são os factos num passado recente tivemos um candidato a Presidente da República que sempre afirmou explicita e publicamente que um dia neste País existira um Presidente da República e uma maioria absoluta e como estão recordados porque não foi assim há tanto tempo isso aconteceu.

Agora temos alguém mais sofisticado que pensa o mesmo mas que não o afirma publicamente, mas provavelmente e na minha opinião o pensa para si e desenvolve uma outra estratégia mais sibilina para alcançar o seu objetivo para atingir o auge.

Aí teríamos um Presidente e uma maioria, onde o Presidente se imiscuiria em todos os assuntos do Governo e um Governo liderado por alguém que só pelo facto de ter conseguido ganhar em duas linhas, isto é, ser Presidente do Partido a que pertence e Primeiro-Ministro simultaneamente era também o apogeu, para poder implementar as politicas conservadoras, que tanto o Presidente da República e o candidato a Presidente do PPD/PSD tanto almejam, porque isto de andarmos à rédea solta já chega, há que colocar o País nos eixos em que eles entendem que é melhor para o mesmo.

Este jogo de xadrez está a ser jogado em muitos tabuleiros e se quiseram em 4 dimensões, está no tempo certo, com os movimentos adequados e com o desempenho de cada uma das pedras que o compõem de forma adequada, esperando os que deve esperar para poderem entrar em cena, no timing certo.

É facto que o País chegou a um estado perfeitamente inacreditável, nada funciona, independentemente de os nossos políticos afirmarem que aprovaram esta e aquela medida, na prática elas não se fazem sentir e os órgãos de soberania não funcionam da forma como desejávamos, muito ou quase muito pouco funciona neste País, acontecem episódios que são inarráveis e muito estranhos, os esquemas, as habilidades e os processos menos claros vieram para ficar e prevalecem no funcionamento da nossa economia, a cunha, o apadrinhamento e compadrio, marcam presença no processo mais simples ao mais complicado, estão criadas as condições para aparecer quem quer que seja que tenha pulso de ferro e tome conta disto e acho que as condições estão a ser criadas para que tal aconteça, oxalá me engane.

Mais hoje convicto que se não fosse o congelamento nas carreiras dos militares oriundos da Academia Militar o 25 de abril de 1974, nunca teria ocorrido, tiram-lhes o pão da boca e o caldo entornou-se. Atrevo-me a escrever que não foi a guerra colonial que levou a que os militares a fazer o 25 de abril, porque salvo honrosas exceções, eram os oficiais milicianos e os soldados que abriam sempre as intervenções nas saídas para as zonas onde normalmente se travavam as maiores refregas. Tenho conhecimento que alguns oficiais do quadro contam histórias que considero, indignas de militares que se dizem ser, que estavam aquarteladas em Luanda, ou em Lourenço Marques e que passavam a maior parte do tempo junto às piscinas a beber cerveja e a comer camarão, só de quando em vez e devidamente protegidos lá teria que se deslocar aos locais onde havia “porrada”. Acho ignóbil este tipo de comportamento e que agora se gabem de o terem feito, mas constato que são agora aqueles que se encontram em posições de destaque na nossa sociedade, portanto o status quo manteve ou como surgia na RTP, nos seus primórdios, quando ocorria uma avaria faziam surgir a mensagem, “o programa segue dentro de momentos”.

Por isso acho que já quase nos tiraram tudo, acho mesmo que até a capacidade de sonharmos nos retiraram, porque os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos mais poderosos, o resto da população resta-se a apanhar as parcas migalhas que deixam cair para o chão, o esquema, a burla instalaram-se e fazem parte do nosso quotidiano e já toda a gente acha normal ou não se está para chatear com isso.

Reescrevo, acho que estão reunidas as condições para que em vez de um “ Estado Novo”, voltemos a ter um “Novo Estado” as diferenças não são nenhumas apenas se mudam as posições das palavras, porque em relação ao conteúdo é o já visto.

Por razões de ordem profissional e como cidadão constato que a rapaziada nova está-se completamente a borrifar para “isto” tudo e que em termos profissionais s limitam a fazer o que lhes mandam, sem sequer questionar ou tentarem saber mais para além do que lhes é exigido, estamos a meu ver num retrocesso perfeitamente irreparável e estas são as consequências das politicas de ensino que se tomaram em Portugal, onde os pais pensaram que os seus filhos tinham que ser doutores ou engenheiros há viva força, por isso deram «origem à abertura das universidades privadas, onde segundo tive conhecimento uma aluna que queria fazer veterinária teve que pagar 5.000,00 € para se poder matricular, porque não obteve média para entrar no ensino público. Os cursos que proporcionam saídas profissionais foram abandonados ou num País mal formado, os pais pensam que os filhos têm que ter um canudo à viva força, mas não pensam que depois o mercado de trabalho não tem condições para lhes oferecer um trabalho digno e condicente com as suas habilitações profissionais e muitas das vezes assistimos a rapaziada nova a desempenhar funções para as quais tem habilitações a mais, por outro lado temos falta em muitas áreas de mão-de-obra qualificada técnica e profissionalmente, porque as coisas hoje já não são como há 30 ou 40 anos atrás é preciso ter conhecimentos para utilizar certos materiais e efetuar determinadas funções, não nos podemos esquecer que o mercado cresceu muito em termos tecnológicos e para efetuar qualquer operação é necessário pessoal qualificado.

Uma outra coisa eu reparo esta rapaziada mais nova não está habituada à partilha do que sabe se alguém sabe algo mais do que o outro que está ao lado não partilham o conhecimento com ninguém, escondem e guardam-no muito bem para poderem sobreviver e se defenderem.

Este tipo de atitude é contrário ao de uma sociedade que se pretende desenvolvida, o aspeto que vos acabei de descrever é contrário ao avanço e desenvolvimento do conhecimento, mas foi isto que lhes incutiram e é isto que eles praticam e fazem-no bem, só que a sociedade em que vivemos não beneficia nada com isto, antes pelo contrário ajuda-nos a regredir no tempo e é isto que está a ocorrer.

Estamos perante uma sociedade perfeitamente desequilibrada, desconcertada e instável, porque ninguém sabe o dia de amanhã não se trabalha por objetivos, faz-se apenas gestão corrente e mal a meu ver e como prova disto estão as tragédias que ocorreram no nosso País, os desmandos que acontecem diariamente e as situações caricatas em que é “roubado” material de guerra de uma unidade militar que supostamente deveria estar devidamente guardado e acautelado.

Por tudo o que vos escrevi e não querendo ser profeta da desgraça, os tempos que se avizinham não vão ser fáceis, por mim eu já vivi no tempo do “Estado Novo”, penso que ainda não me esqueci de como é, como se deve fazer e se deve estar, provavelmente vou ter que que ir ao baú das memórias e desenterrar muitas das coisas que eu já pensava que estavam mortas e enterradas, mas se o tiver que fazer para poder sobreviver que remédio terei eu.

O tal proclamado paradigma da sociedade portuguesa está em mutação, eu acho que para pior, outros acham que é para melhor, vamos esperar para ver mas a avaliar pelos casos mediáticos que estão a ocorrer na nossa sociedade não auguro nada de bom.

Antes de terminar este meu texto gostaria de fazer uma menção a um determinado tipo de comportamento que o atual Presidente da República tem deixado trespassar e que decorre muito do comportamento da Igreja e que alguns de vós com a minha idade e que percorreram os caminhos da catequese, noutros tempos obrigatórios, que é “deixai vir a mim as criancinhas” e vá de distribuir beijinhos e passagens de mão pelo cabelo das crianças, onde e quando é que já vi este tipo de comportamento.

Henrique Pratas

 

 

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