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EXERCICIO DE CIDADANIA

13-10-2017 - Henrique Pratas

Nós por cá costumamos afirmar que, “de Espanha nem bom casamento”, pois aqui está um exemplo de que essa afirmação não reflete a realidade, independentemente de se analisar e verificar se a razão lhes assiste ou não o que é facto que se vê um povo a lutar por aquilo que idealiza para ele e isso é bonito de se ver, por cá está tudo bem o partido que está no Governo ganhou a maioria das autarquias e não se passa nada, porque conforme escrevi está tudo bem.

Os Catalães unidos em greve geral contra a violência policial, a repressão policial usada por Madrid para impedir o referendo de 1 de Outubro provocou mais de 800 feridos.

Greve geral na Catalunha. Trânsito parado e comércio fechado

Decorreu no dia 03 de outubro, uma greve geral na Catalunha em protesto contra a interferência do Estado espanhol no referendo de domingo e a "violência policial desproporcionada" utilizada.

O protesto foi convocado por cerca de 40 organizações sindicais, políticas e sociais da região e deverá reunir pessoas de todos os sectores da sociedade, desde organizações patronais, a empresários, sindicatos, trabalhadores, instituições e cidadãos.

Entre os organizadores estão as duas maiores centrais sindicais da Catalunha (CCOO e UGT), que já sublinharam não se tratar de uma convocatória para uma greve geral, dado que não tem por detrás um conflito laboral.

Os sindicatos esclareceram ainda que "em nenhum caso apoiarão posições que deem cobertura a uma declaração unilateral de independência", porque preferem apostar na "via da negociação política e institucional para solucionar o conflito político que existe na Catalunha".

Por essa razão, instaram também o Governo de Espanha "a abrir um cenário de diálogo e uma proposta com conteúdos".

O sindicato CSIF, o mais representativo da administração pública, indicou por seu lado que, embora lamente "os acontecimentos violentos" de 1 de outubro, não participará na paralisação de hoje.

A iniciativa do passado dia 03 de outubro circunscreveu-se apenas a esse dia, ao contrário da greve geral convocada por outra central sindical, a CGT, e três sindicatos minoritários, que se estende até 13 de Outubro.

Sociedade unida contra a violência

Os deputados e senadores dos partidos independentistas ERC e PDeCAT também se juntaram à paralisação na Catalunha e não irão às reuniões parlamentares previstas no Congresso e no Senado.

Também os clubes de futebol FC Barcelona, Espanyol e El Girona anunciaram que se associam à paralisação de protesto .

A carga policial a que se assistiu no domingo decorreu do facto de a justiça espanhola considerar ilegal o referendo pela independência convocado pelo governo regional catalão e ter dado ordem para que os Mossos d'Esquadra, a polícia regional, selassem os locais onde se previa a instalação de assembleias de voto.

Perante a inação da polícia catalã em alguns locais, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola, polícias de âmbito nacional que protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo, realizando cargas policiais sobre os eleitores e forçando a entrada em várias assembleias de voto ocupadas de véspera por pais, alunos e residentes, para garantir que os locais permaneceriam abertos.

A violência policial fez 893 feridos.

Apesar disso, 42% dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar, 90% deles a favor da independência, segundo o governo regional da Catalunha (Generalitat).

Depois destes episódios todos, acrescentando as declarações efetuadas pelo rei de Espanha e pelos membros do Governo espanhol, que a meu ver só acicataram mais os catalães, surge a igreja a oferecer-se para ser o mediador desta situação de rutura. Não podíamos esperar outra coisa a Igreja nestas situações, é uma instituição que surge sempre para salvaguardar os seus interesses invocando as razões religiosas.

Agora vive-se uma situação de impasse e vamos ver se é decretada ou não a independência da Catalunha ou não, o Tribunal Constitucional Espanhol já veio a terreiro afirmar que a declaração de independência a acontecer é anticonstitucional, entretanto à cautela o Governo espanhol decidiu enviar militares para a Catalunha que vão reforçar o corpo policial já mobilizado.

Entretanto já surgem manifestações de apoio continuação da Catalunha como uma província de Espanha e algumas empresas já mudaram a sua sede para Madrid, enquanto outras três das maiores instituições financeiras estão a pensar fazer a mesma coisa, uma à data em que vos escrevo este texto já mudou a sua sede para Valência e outro para Alicante, vamos ver para onde vai a outra.

Tudo isto põe em causa determinadas certezas que eram dadas como boas pelas diferentes organizações internacionais, nomeadamente a Comissão Europeia, a seguir à Inglaterra este é mais um abanão numa estrutura que se pensava estar sólida e a “aflição” é mais do que muita. Faço menção ao que escrevi em textos anteriores o processo de construção da União Europeia, foi mal conduzido porque não se envolveram todos os cidadãos dos diferentes Países e das diferentes regiões, para muitos deles esta entidade é uma entidade abstrata, quando o devia não ser, se os Países que compõem a União Europeia tivessem envolvido todos, mas todos os cidadãos talvez estes acontecimentos não se dessem ou se ocorressem seriam acauteladas com as medidas já previamente pensadas, porque eu penso que nem a maior parte dos ingleses queria o Brexit, a avaliar pelas atitudes da Escócia e da Irlanda, nem o que está a ocorrer na Catalunha poderia causar “mossa”, mas como estes aspetos não foram acautelados, agora corre-se atrás do prejuízo.

Para terem a noção do que Espanha perde se a Catalunha sair faço-lhes uma breve descrição:

A Catalunha é a região mais rica de Espanha e faz parte do país unificado desde o século XVI. Voltou a conquistar a autonomia após a morte do general Franco mas, apesar de ter o seu próprio parlamento, força policial e sistema de educação, uma grande parte dos catalães continua descontente com o governo central.

A Espanha tem atualmente uma extensão de território de 505.944 km2, se perder a região autónoma da Catalunha, o país fica com 473.854 km2, ou seja, perde 6,30% de área.

Essa é só a primeira conclusão mais evidente, em termos de número de habitantes a perda percentual será maior, atualmente, vivem em Espanha perto de 47 milhões de pessoas.

Ora, se os catalães conseguissem a independência, Mariano Rajoy deixaria de ser presidente de mais de 7 milhões de pessoas, ou seja, uma redução de 16%.

Em termos de energia nuclear, são produzidos em Espanha 7.728 megawatts, sem a Catalunha, perder-se-ia 40,70% da produção de energia nuclear, passaria a ser de 4.581 MW.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) do país cairia abruptamente, até porque, é bom repetir, a Catalunha é a região mais rica de Espanha, de 1,051 mil milhões de euros passaria para 833,1 mil milhões, uma queda de mais de 20%.

Já para não falar da “debandada” de empresas e bancos do país, que já começou a ser anunciada: o Banco Sabadell já decidiu mudar a sede social para Alicante, o CaixaBank - dono do banco português BPI - decidiu também encontrar outro destino para a sua sede: Valência.

A Gas Natural também já prometeu sair da Catalunha se a independência for declarada. A Abertis, que se dedica à exploração de infraestruturas de transportes e telecomunicações, está a ponderar fazer o mesmo. Empresas do setor têxtil também anunciaram o mesmo.

Depois, há outro tipo de impacto, nos mercados, a primeira semana pós-referendo, fez este domingo precisamente uma semana, foi de nervosismo entre os investidores.

De acordo com o que li o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, garante que vai aplicará “o que diz a lei” catalã do referendo, suspensa pelo Tribunal Constitucional, que prevê a declaração da independência, tendo por base os resultados oficiais do referendo de 1 de outubro, que dá conta de que o sim ganhou com 90% dos votos.

“A declaração de independência, a que nós não chamamos declaração ‘unilateral’ de independência, está prevista na lei do referendo como aplicação dos resultados.

Aplicaremos o que diz a lei”, afirmou Carles Puigdemont.

Não queria terminar este meu texto sem fazer referência ao comunicado efetuado pelo rei de Espanha e sobre o comportamento do atual primeiro-ministro Mariano Rajoy, o primeiro em vez de aclamar a situação fazendo um discurso de Estado, deitou gasolina para a fogueira e aí comparando com a atitude do seu pai, fica muito longe, devem estar recordados do episódio ocorrido alguns anos atrás em que uns militares franquistas quiseram tomar conta do Parlamento espanhol à força. Juan Carlos vestiu a sua farda nº 1 e como comandante supremo das forças armadas espanholas, dirigiu-se ao parlamento e pôs fim ao episódio burlesco, agora o seu filho que deveria na minha opinião ter um discurso conciliador e apaguaziador, teve um discurso áspero e que acicatou mais as hostes catalãs, já o primeiro-ministro espanhol parece uma barata tonta que não tem nenhuma capacidade para o diálogo e impõe a lei da força, que é a única coisa que sabe fazer, em termos de diplomacia deixa muito a desejar e a dimensão da situação da Catalunha poderia ser completamente diferente se estas duas personagens tivessem um outro comportamento completamente diferente do que tiveram, no sentido de abrir a porta ao diálogo e há conciliação, com a atitude que tomaram enquistaram mais a situação.

O ambiente está “quente” e explosivo, vamos ver o que acontece, porque por cá está tudo bem, o Governo, governa, o Presidente da República, faz as suas aparições, os fogos continuam, a chuva não aparece, temos Sol, o que é podemos querer mais?

Henrique Pratas

 

 

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