A fantástica idade do Faz de Conta
15-09-2017 - Francisco Pereira
A fazer de conta vivemos, fazendo de conta que tudo isto é normal. Portugal é um pardieiro miserável onde reina a fantasia, este é o verdadeiro reino da fantasia, a verdadeira “Terra Média” sobre a qual tão brilhantemente Tolkien escreveu.
Temos, orcs, duendes, elfos, trasgos e bruxos em barda, línguas estranhas, temos magia, bruxaria mais o que se queira de tontaria, temos farsantes e farsolas, idiotas e betolas, temos de tudo o que convém a uma terra do faz de conta, o única coisa que não é fantasia, é a sede de poder, isso e os impostos, todo o resto é fantasia, faz de conta que temos Justiça, Educação, Saúde entre outras coisas do domínio do oculto como o civismo e a decência.
As forças policiais fazem de conta que perseguem bandidos, com viaturas a cair de podre, sem combustível, ao que parece já se deslocam de comboio para atender a pedidos, um destes dias começam a ir de patins. Um parlamento onde duzentos tipos fazem de conta que governam, num eterno faz de conta, tal como um governo que faz de conta.
O dia a dia é ainda mais fantástico, atropelam-se, matam-se, roubam por tudo e por nada, fazem gasto sapato de todas as leis que existem e de outras que ainda estão para chegar, para fazer de conta, basta olhar para as ruas e ver a infinidade de barbaridades, que no reino da fantasia acontecem.
Os guionistas dos grandes estúdios de cinema, em toda a sua glória imaginativa não chegam sequer aos calcanhares da realidade nacional, que ultrapassa largamente qualquer ficção demente e psicadélica, Portugal é o verdadeiro reino da fantasia mundial, porque sob esta capa de país desenvolvido, de Estado de Direito em plena Democracia, está verdadeiramente uma gaiola de doidas, que atropelam o Direito sendo tudo excepto democráticas, porque Democracia não é regabofe, não é seguramente este estado de impunidade que vivemos, este estado de faz de conta.
Diariamente enganamo-nos uns aos outros com estatísticas e números disto e daquilo, discutimos acerrimamente com base em previsões, leram bem “previsões”, é como se cada um fosse à bruxa e depois se discutisse que a minha bruxa é melhor que a tua, faz de conta que acreditamos, porque a fazer de conta morremos mesmo sem tomarmos conta daquilo que é importante.
Francisco Pereira
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