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O NOSSO MUNDO NO FUNDO DE UM TACHO

01-09-2017 - Francisco Pereira

As vacas loucas autárquicas andam por aí mugindo desesperadas por mais quatro anos de “tacho”, agitam-se as bandeirinhas, envergam-se as t-shirts mais os aventais, atira-se à turba as canetas mais os pin’s, enfim a habitual parafernália digna de circo é a velha formula romana do “panem et circenses”, condimentada com milhares de cartazes e prospectos estes últimos enfiados até à exaustão nas caixas de correio da malta, mesmo que lá esteja o célebre autocolante a dizer que não queremos publicidade não endereçada, parece que os senhores politiqueiros para além de tudo o que de maléfico sabemos deles, são ainda por cima uns rematados analfabetos, nessas publicações, as medonhas carantonhas, do lixo politiqueiro aparecem com sorrisos falsos, como a sua natureza, a dar a cara pela luta para a obtenção do “tacho”.

Tenho assistido a alguns dos debates que as televisões têm promovido, entre os candidatos a diversas autarquias, perco tempo a ver chover no molhado, entre o completo vazio intelectual e mais medíocre das faltas de vergonha, candidatos da Esquerda, da Direita, do Centro e outros ainda que nem sabem de onde são, digladiam-se frequentemente entre acusações patetas e patéticas, num dos mais degradantes espectáculos nacionais, ao ver aquilo não admira pois que estejamos neste estado de calamidade, neste estado de enfermo cadavérico ligado à máquina.

Como me disse um amigo este fim-de-semana, “parecem matilhas atrás da carroça”, falava esse bom amigo, das récuas de sabujos, que se colam aos presumíveis eleitos ou putativos detentores do poder, essas verdadeiras hordas de parasitas inúteis que para além de preencherem as listas dos candidatos gravitam à sua volta à espera do “tacho” prometido, aquela avença, que começa por 500 e acaba em 5000, aquele lugar no quadro obtido num concurso forjado, onde os dados estão sempre viciados, aquela nomeação para o cargo disto e daquilo, tudo a troco da mais canina obediência ao mestre, leiam a história do doutor Fausto, nas versões de Marlowe de Goethe ou de Puchkin, se quiserem revisitem Murnau, para melhor perceberem, depois é vê-los, reagindo a cada peido dado pelo mestre, daí ser tão fantástica a frase de Salvador Sobral durante o concerto.

É vê-los a postarem “likes”, frases sempre obsequiosas, parecendo os norte coreanos com o seu culto ao querido líder, coisas dignas de vermes sem espinha, onde parece valer tudo, é interessante ver gente que toda a vida foi da Esquerda trocando para a Direita e vice versa, porque o mais importante é o “tacho”, deles, dessa súcia medíocre, é o mundo, porque os homens são ao que parece corruptíveis, todos têm um preço.

Pois, talvez, mas nesse facto é que reside a grandeza do Homem, resistir. Felizmente conheço um homem, que nunca se deixou corromper, mesmo quando a certa altura o tentaram comprar com um carro topo gama de uma conhecida marca alemã, um considerável fortuna para a época, recordo a resposta que deu ao seu interlocutor “bardamerda com o carro, meta-o no cu”. Homens destes são raríssimos, são de uma grandeza impar, num mundo em que pessoas se deixam comprar por um almoço e uma garrafa de conhaque.

Esse homem é para mim, um exemplo a seguir, um farol que ilumina o caminho certo, uma ilha de honestidade num mar oceano de oportunistas, parasitas e medíocres. Infelizmente, não digo que outros não existam, é porém o único que conheço assim, dotado dessa indomável noção da honestidade e do rigor moral.

Porém o “tacho” domina, a obscura incerteza de um Mundo à beira do colapso, leva as pessoas a serem relapsos, medíocres, sem escrúpulos. É esse o panorama que observamos, a mediocridade passou a ser a bitola niveladora, do fundo do esgoto reergue-se muito do lixo politiqueiro que nos têm sugado, é ver as candidaturas de alguns espectros que ressurgiram, verdadeiras assombrações da mediocridade nacional.

Porque tudo afinal se resume a isso a estar no “tacho”, isso justifica tudo, a flexibilidade moral, ética e deontológica, facto esse que até seria compreensível, se por ventura se cingisse apenas à obtenção do “tacho”, o mau é que essa forma de agir, posteriormente será a forma de governar, portanto não é de espantar que transversalmente da mais insignificante Junta de Freguesia até ao Parlamento e Gabinetes ministeriais se encontre tanto falcato corrupto, tanto medíocre vigarista, a moral, a ética e a decência não admitem flexibilidade, mas num Mundo em que tudo afinal se resume a estar no “tacho”, estamos conversados.

Francisco Pereira

 

 

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