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II - A MANIPULAÇÃO (DES)INFORMATIVA

28-07-2017 - Pedro Pereira

As empresas norte americanas reinam na televisão, na imprensa e na informática. Mais de metade das receitas de Hollywood – por exemplo - provém dos mercados estrangeiros, vendas que crescem ano após ano, e a atribuição dos óscares conquista uma audiência mundial só comparável aos campeonatos mundiais de futebol ou às olimpíadas, enquanto a Microsoft e a Apple são os maiores dos gigantes mundiais dos sistemas operativos e da programação informática.

Por outro lado, dois em cada três seres humanos vivem no chamado Terceiro Mundo. Em contrapartida, dois de cada três corresponsáveis pelas agências noticiosas mais importantes a nível planetário, fazem o seu trabalho na Europa e nos Estados Unidos. Resulta assim, que a maioria das notícias que o mundo recebe, é produzida pelos meios de informação de uma minoria da Humanidade.

Desta forma, assistimos a um monólogo por parte do Norte do Mundo. As demais regiões recebem pouca ou nenhuma atenção salvo em caso de guerra ou de catástrofe e, com frequência, os jornalistas quando relatam os acontecimentos nesses lugares não conhecem o idioma desses países ou regiões e muito menos a sua história ou cultura. Por tal facto, os noticiários costumam a maior parte das vezes serem enganadores e de origem duvidosa.

Enquanto isto, a cultura encontra-se reduzida ao entretenimento e o entretenimento convertido num esplendoroso negócio universal; a vida está reduzida ao espetáculo e o espetáculo em fonte de poder económico, político e de controlo de massas. A informação, reduzida a publicidade ou propaganda encapotada.

Em suma: podemos considerar que os meios de comunicação social nem sempre refletem a realidade, antes o modelam, na certeza que o mundo foi invadido por uma mistela mortal de soporíferos e publicidade onde a televisão desempenha o principal papel.

Trabalhar, dormir e ver televisão são as três atividades que mais tempos ocupam o homem no chamado «mundo civilizado». Os políticos sabem-no bem.

Em todos os países os mesmos temem ser castigados ou excluídos pela televisão. Nenhum deles gosta de ser visto como um vilão, pese embora o possa ser. Os políticos têm pânico que a televisão os ignore condenando-os à morte cívica, dentro do princípio de que quem não aparece na televisão, não está no mundo real. Por outro lado, os políticos não ignoram o desprestígio das suas «profissões» e o poder mágico da sedução que a televisão exerce sobre as pessoas.

Para se estar presente no cenário político, há que aparecer com regularidade nas televisões e essa continuidade não costuma ser gratuita. Assim, os empresários dos meios audiovisuais dão imagem aos políticos e os políticos retribuem o favor concedendo-lhes impunidade, porque lhes entregam serviços públicos.

Mas também o entretenimento é modelado. Por exemplo: a telenovela de êxito é, em geral, o único lugar do mundo onde os corruptos, os assassinos, os facínoras são castigados e a bondade recompensada, mas também onde os cegos recuperam a vista e os pobres recebem heranças que os convertem em novos-ricos, criando assim, espaços ilusórios onde as contradições sociais se dissolvem em lágrimas de felicidade.

A verdade é que este género de mensagens entra com facilidade dentro da maioria dos indivíduos, que são pobres, mas que adoram o luxo.

Qualquer pobre, por paupérrimo que seja, pode, vendo as telenovelas, penetrar nos cenários sumptuosos onde decorrem as cenas, compartilhando, assim, os prazeres dos ricos, as suas desventuras, mas também as suas alegrias.

Na televisão criam-se espaços onde a fé religiosa promete a entrada no Paraíso depois da vida e a comunicação com os entes queridos falecidos é feita por supostos médiuns com auditórios repletos de gente crédula, enquanto os big brothers satisfazem o voyeurismo voraz das hordas de marginalizados da partilha das decisões políticas que lhes traçam o destino, alienando-se dessa forma o indivíduo da impotência que lhe subjaz, projetando no outro o estar e o devir do querer e não ser.

Constatamos assim, que a realidade dos personagens substitui a realidade das pessoas.

Em conclusão: - Os meios de difusão audiovisual assumem, hoje, na voragem dos dias de convulsão social, económica e política que correm, o catalisador e modelador das mentes das massas, com especial destaque para a televisão.

Por seu turno, em contraponto, a Internet desempenha um papel charneira fundamental, como espaço de liberdade individual.

Nela é colocada à disposição do internauta uma infinidade de informação, permitindo que o indivíduo a selecione livremente a compare e forme opinião sobre o assunto consultado, dispondo em simultâneo de um infinito leque de matérias e temas de lazer.

A integração do indivíduo em redes sociais, a abrangência das relações que lhe são proporcionadas por esse meio tornando-o ator da comunidade virtual, portanto, sujeito ativo – e desinibido – no palco de uma vida sem custos materiais ou afetivos, torna o ciberespaço na nação privilegiada de encontro, de vivência e convivência de milhões de seres humanos.

Enquanto isso, na razão inversa os meios urbanos, as cidades, as grandes metrópoles, estão-se desertificando como espaços de vivências reais, em detrimento da realidade virtual onde não existe sede nem fome, nem dores ou angústias.

A realidade segue dentro de momentos.

Pedro Pereira

 

 

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